tag:blogger.com,1999:blog-31858067000833566462024-03-13T06:17:44.042+00:00MEIA NOITE FANTÁSTICALauro Antóniohttp://www.blogger.com/profile/10809594794377056368noreply@blogger.comBlogger23125tag:blogger.com,1999:blog-3185806700083356646.post-55849536388495583462008-12-31T20:43:00.004+00:002008-12-31T22:59:04.057+00:00NOTAS SOBRE EDGAR ALLAN POE NO CINEMA, VIII<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSiq-7MzgjqE7LX_pTHldfKkvNdUi_rhGcrIK3IM2fFyPComt1PsGjqsG81QLE5mvVMAsF0oAzpfu3ZdE4RnppoLk4nrrFrrJlj3A4RwRX3VbqUUljNXRshZCGKV62xx_McGnj3U4i0jfN/s1600-h/telltaleheart.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5286092298902992146" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 342px; CURSOR: hand; HEIGHT: 441px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSiq-7MzgjqE7LX_pTHldfKkvNdUi_rhGcrIK3IM2fFyPComt1PsGjqsG81QLE5mvVMAsF0oAzpfu3ZdE4RnppoLk4nrrFrrJlj3A4RwRX3VbqUUljNXRshZCGKV62xx_McGnj3U4i0jfN/s400/telltaleheart.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify"><strong><span style="font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:180%;">DAVID W. GRIFFITH E EDGAR ALLEN POE (sic)</span><br />David W. Griffith era um admirador incondicional de Edgar Allan Poe e dedicou-lhe várias obras. Uma, datada de 1909, com o título “Edgar Allen Poe” (sic), é um curioso esboço biográfico, composto por seis planos, com um total de pouco mais de sete minutos. Primeiro (falso) plano (são dois planos, unidos por uma trucagem): num quarto, uma cama onde repousa uma rapariga visivelmente doente, virada para uma longa janela que recebe a luz do dia. Entra Edgar Allan Poe que se preocupa com o estado da jovem mulher. A um canto, uma pequena mesa, sobre a qual, numa prateleira, repousa um busto. Súbito (trucagem, logo um falso plano único), surge nessa mesma prateleira, um corvo negro. Poe olha-o, surpreso, sente-se que a inspiração o invade, escrevinha algo numa folha de papel que vai mostrando, entusiasticamente, repetidas vezes à mulher. Terceiro plano: redacção de um jornal, onde se encontram dois jornalistas, trabalhando. Entra Poe, mostra o seu trabalho (obviamente o poema “The Raven”) a um que o rejeita, depois ao outro, que o afasta igualmente. Quarto plano: numa redacção de um outro jornal, uma mesa, um homem, com o letreiro “Editor” sobre a mesa, conversando com uma mulher. Entra Poe, mostra o poema à mulher que o recusa rapidamente, depois de ler algumas frases, mas o editor chama Poe, lê agradado o poema e paga a Poe por ele, que parte encantado com o dinheiro na mão. Quinto plano: de novo o quarto com a jovem doente, mas desta feita com um enquadramento mais fechado (sem se ver a prateleira): a mulher sofre, soergue-se, e desfalece. Entra Poe com mantimentos, um cobertor e um ar triunfante. Sexto plano (o enquadramento anterior, do primeiro plano, vendo-se a prateleira): Poe começa a agasalhar a jovem, mas, ao pegar-lhe no braço, compreende que chegou tarde e o corpo não passa de um cadáver. Desespero de Poe. Fim.<br />O filme é nitidamente uma ficção sobre um aspecto da vida de EAP, tentando explicar a génese de um poema, e estabelecendo uma relação dramática entre a criação literária e a vida quotidiana. Um filme dos primórdios do cinema que mostra como EAP era já mitificado como escritor romântico e maldito no início do século XX. </span></strong></div><br /><div align="justify"><strong><span style="font-family:trebuchet ms;"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5286091116461973330" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 290px; CURSOR: hand; HEIGHT: 223px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHUJsoe5h36h5r3Irg6cvRStnaaQjbyPpMqc7fPc851_rjC0kLjV3JbFHPa1jaxWHmG9hGnYeYz3zHd32yvqzBrnEKYDWWMhB5Z4bjy5wfReNhyjb_MZfjCUgd4b0P0Y4AL_s66Mg1-hkv/s400/SealedRoom1909-01.jpg" border="0" />Ainda em 1909, Griffith realiza “The Sealed Room”, segundo argumento de Frank E. Woods, baseado numa reunião de obras de Honoré de Balzac ("La Grande Breteche") e Edgar Allan Poe ("The Cask of Amontillado"). França, o rei que mantém uma amante, manda construir um ninho de amor que todavia será aproveitado pela infiel amante para se encontrar com o romântico baladeiro da corte. Um dia, julgando o rei afastado, ambos são emparedados vivos no refúgio de amor, quando o monarca descobre a traição. Não se percebe muito bem se um tal filme era considerado de horror na época. Hoje assemelha-se mais a uma deliciosa comédia, com os pedreiros, dirigidos pela soberana figura, a construírem um muro em lugar da porta que liga o rei aos amantes em arrufo. Construído em quadros, vários planos que se sucedem, num enquadramento teatral, sem alteração de grandeza, esta é uma obra apenas curiosa. Arthur V. Johnson (rei), Marion Leonard (cortesã), Henry B. Walthall (baladeiro), Linda Arvidson, William J. Butler, Verner Clarges, Owen Moore, George Nichols, Anthony O'Sullivan, Mary Pickford, Gertrude Robinson, Mack Sennett e George Siegmann são os intérpretes, alguns deles em papéis meramente de figurante (caso de Mary Pickford ou Mack Sennett).<br />Dois anos depois, Griffith volta a Poe, em “The Two Paths”, onde se sente uma forte influência da Bíblia e de Edgar Allan Poe. Não é dos filmes mais significativos deste período de Griffith (que rodava por ano dezenas e dezenas de pequenos filmes de duas bobines). Trata-se de um melodrama sobre duas irmãs que tomam diferentes direcções nas suas vidas. Uma, Florence, mais irreverente e ambiciosa (Dorothy Bernard), vai para a cidade e torna-se amante de um milionário. A outra, Nellie, mais calma (Linda Arvidson), fica na casa do campo e casa-se por amor. Um belo trabalho de Griffith que imagina diversas cenas particularmente interessantes de um ponto de vista de narrativa audiovisual, e de significação imagética, sendo de realçar ainda a interpretação, onde figuram Donald Crisp, Lottie Pickford, Blanche Sweet, Charles West, Dorthy West e Wildred Lucas em pequenas aparições.<br /><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5286091119655776690" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 375px; CURSOR: hand; HEIGHT: 261px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpTUfqfw7XdUMu62EqYwZQCkZ9BdArCpCXJw002GVF4fXCdN946GhOWOuhsXZIMjMG-DowA-4XdkxLb5repW0xeC41v32YJMXmXiGl4isNxTjHc3yrgW9nqbjEgoYjGoYpI3C_fPiNJG4m/s400/avenging.jpg" border="0" /><span style="font-size:180%;">CONSCIÊNCIA VINGADORA</span><br />O outro filme em que David W. Griffith se aproximou do universo de Edgar Allan Poe, foi “The Avenging Conscience”, rodado em 1914, e que mescla poemas e ficção, sendo que a base são “Annabel Lee” e “The Tall-Tale Heart”, com algumas citações de “The Pit and the Pendulum”, “The Black Cat” e “The Conqueror Worm”.<br />Uma das personagens chama-se Annabela (Blanche Sweet) e está apaixonada por um jovem, que vive com um tio zarolho. O jovem lê poesia de Edgar Allan Poe (precisamente “Annabela Lee”) e apresenta ao tio a sua apaixonada. Mas este trata-a de forma grosseira, chamando-lhe “uma mulher vulgar”, e expulsando-a de casa. O órfão (Henry B. Walthall) não aceita de bom grado o comportamento tirânico do tio (Spottiswoode Aitken), e imagina a vingança, no que é auxiliado por algumas situações que observa no seu jardim, uma aranha envolvendo uma mosca no seu letal abraço ou uma multidão de formigas imobilizando e matando um insecto. Imagina então o assassinato do tio. Mas o crime é visto através da vidraça por um brutamontes de origem italiana (George Siegmann) que inicia logo ali a chantagem. O filme prolonga-se então como um melodrama muito ao estilo de Griffith, com uma ou outra incursão pelo fantástico e o místico (aparições de sobreposições da imagem de Cristo), terminando com uma alusão ao deus Pan, e um “happy end” escusado. Mas trata-se de uma obra invulgar (não esquecer que é uma realização de 1914, com cerca de 80 minutos, antecipando a obra-prima do ano seguinte, “O Nascimento de Uma Nação”), com uma construção dramática em muitos momentos admirável, o recurso a notas de observação inusitadas (planos de cães, gatos, um sapato tocando a porta de casa, tudo anotações de uma elegância e subtileza sem par na época), enquadramentos brilhantes, encadeados de imagens que relembram obras vanguardistas (muitas delas muito posteriores), e um extraordinário efeito sonoro sugerido pela imagem (num filme mudo), quando o detective bate com um lápis numa mesa, ao lado de um relógio de parede, o que leva o jovem órfão a “ouvir” o coração do tio e a confessar o seu crime.<br /><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5286091124368409410" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 299px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2B3qbY71MVwptf16pZbEdfMcr4nwHhIvy6IelTErjXY3SHk1rbp1HWF5XCu5rN7etKa19BMI8NNB2_HZ3N18GdZlDSGdqDbXdkyVG5cciGsYQtl0VWTDGaEwhNmuexu0rQ-sxLeALp0xr/s400/title.jpg" border="0" /><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5286091121850742738" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 402px; CURSOR: hand; HEIGHT: 276px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihX-rcZf_4ba9Ko6FWyhKtcY5YjlFso5OV8Kd-Ha_FzmspYw54GZ6l4zXJyr303711wTppy7GuU-gal42D4L-H9vRlVmqsSH_AA551v5xty-_aepl1D2iyVinia5FbwsR76z-Sywzjx0qN/s400/Jules+dassin.png" border="0" /><span style="font-size:180%;">O CORAÇÃO REVELADOR (1941)</span><br />“The Tell-Tale Heart” é um conto de Edgar Allan Poe que serviu de base a numerosas adaptações ao cinema. Uma que conhecemos e que nos parece dos melhores trabalhos cinematográficos saídos de temas poeanos é a versão de 1941, assinada por Jules Dassin, que com esta curta-metragem iniciava s sua carreira de realizador.<br />Interpretada com brio por Joseph Schildkraut e Roman Bohnen, “The Tell-Tale Heart” mantém-se muito próxima da obra literária, ainda que transpondo com felicidade os valores literários para valores de imagem (e som, diga-se de passagem, aqui essenciais). Um jovem homem vive amedrontado pela prepotência do seu velho amo, zarolho, que o trata mal, o esbofeteia, que o amesquinha como se ele fosse uma criança. O jovem trabalha num tear, cuida da casa, e sente a revolta crescer dentro de si. Um dia ameaça o velho com a fuga, mas este desdenha. Nessa noite, sobe ao quarto do despótico patrão, e mata-o, enterrando o corpo por baixo do soalho da casa. Mas a partir dai começa a ouvir o coração do velho a bater, como que exigindo vingança. Um coração que se tornará “revelador” para algumas visitas.<br />A fotografia é de um excelente preto e branco, a iluminação torna-se um aspecto essencial no filme, jogando importante papel no acentuar de sombras que se agigantam, na forma como é utilizada uma lanterna para criar focos de luz, nomeadamente na cena do assassinato, a realização é cuidada, alternando criteriosamente a grandeza dos enquadramentos, utilizando sabiamente certos processos simbólicos de narrar algumas cenas (o assassinato: o velho arrasta violentamente com uma mão uma pequena tapeçaria que tem por cima da cama, e que lhe cobre o rosto, quando morto, regressando à parede – e à normalidade reposta - depois do crime escondido), optando por uma expressividade sonora muito coerente com o projecto. Desde início que se chama a atenção do espectador para a acuidade do ouvido do jovem, que pressente a chegada do velho através dos seus passos, o que voltará depois a acontecer após o crime, quando o gotejar de uma bica de água ou o tiquetaque de um relógio se agigantam e se transformam no latejar de um coração que, apesar de morto, continua a trabalhar. Mas o som é talvez o elemento central desta pequena obra, sobretudo quando a voz off do velho ensombra a casa e a consciência humilhada do criado.<br />Trata-se de um belíssimo trabalho, cerca de vinte minutos que prenunciavam uma bela carreira a Jules Dassin. O que veio a acontecer.<br />Nota: Esta curta-metragem aparece inscrita no DVD “A Sombra do Homem Sombra”, da série “O Homem Sombra”, Ed. Warner em Portugal. </span></strong></div><br /><div align="justify"><strong><span style="font-family:trebuchet ms;"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5286091122490931634" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 395px; CURSOR: hand; HEIGHT: 298px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVkWZ9F2t3RcXRGC9Cnf7xCsUd_WdTeiq6CUQHe4lMbGh8H9TuVlaa7ZbBatLRYM8FTsBaiam6px9_FjRWWt4JGIa7apMLXpWZcC3uXECY55UT1c84ifS18KihpJfZqUL_aD4ChPvTot1z/s400/The_Tell-Tale_Heart-350x260.png" border="0" />Em 1953, surgiu outra famosa adaptação de “The Tell-Tale Heart” ao cinema, desta feita em animação, com argumento de Fred Gable e Bill Scott e realização de Ted Parmelee. É uma excelente versão, produzida pela UPA, muito fiel ao original, que alias tem alguns excertos lidos na voz de James Mason, que funciona como o protagonista-narrador (Stanley Baker dá-lhe réplica nalguns momentos). Foi nomeado para Melhor Curta-metragem de Animação do ano, e em 1994 considerado um dos 50 melhores desenhos animados de sempre. Em 2001 foi seleccionado pela United States Library of Congress para ser considerado filme de relevante significado cultural e assim preservado no National Film Registry.<br />Nota: apareceu incluído como extra na edição de DVD de “Hellboy”. Pode ser visto no You Tube no seguinte endereço:<br /></span></strong><a href="http://br.youtube.com/watch?v=W4s9V8aQu4c&eurl=http://laboratorio-de-realizacao-audiovisual.blogspot.com/2008/05/tell-tale-hear.html"><strong><span style="font-family:trebuchet ms;">http://br.youtube.com/watch?v=W4s9V8aQu4c&eurl=http://laboratorio-de-realizacao-audiovisual.blogspot.com/2008/05/tell-tale-hear.html</span></strong></a><br /></div><br /><div align="justify"></div><strong><span style="font-family:trebuchet ms;"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5286059173998168658" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFS9MmepW7WbLic1lW3V7CGiHaE98IeZAa_ANzIOoNWd_S1w3CebH4V5H3M3gdaJxBf0YK989TI8LJmdlMXxUUABrXJJ7hlPLdCOdPqWlOpJ7BflLPw3oZ7ud_j0jd_BwOwwpipseLdWHy/s400/alone-dvd.jpg" border="0" /><br /><p align="justify"><span style="font-size:180%;">ALONE</span><br /><br /><em>From childhood's hour I have not been / As others were; I have not seen / As others saw; I could not bring / My passions from a common spring. / From the same source I have not taken / My sorrow; I could not awaken / My heart to joy at the same tone; / And all I loved, I loved alone. / Then- in my childhood, in the dawn / Of a most stormy life- was drawn / From every depth of good and ill / The mystery which binds me still: / From the torrent, or the fountain, / From the red cliff of the mountain, / From the sun that round me rolled / In its autumn tint of gold, / From the lightning in the sky / As it passed me flying by, / From the thunder and the storm, / And the cloud that took the form / (When the rest of Heaven was blue) / Of a demon in my view.<br />Edgar Allan Poe </em><br /><br />Este poema aparece publicado no “Scribner’s Monthly Magazine”, de Setembro de 1875, mas o manuscrito deveria datar de 1829, mais coisa menos coisa, segundo os estudiosos da obra de Poe, que detectam nele fortes influências de Lord Byron. O poema nunca foi titulado por Edgar Allan Poe, e a designação “Alone” é atribuída aos editores da sua obra póstuma. É com base neste poema que os argumentistas Paul Hart-Wilden, David Ball, Philip Claydon, John P. Davies e Mark Laughman e o realizador Philip Claydon constroem o esquema de “Alone”, filme de 2001, que assinala a estreia na realização deste cineasta inglês (que se prepara para lançar em Londres “Lesbian Vampires Killers”).<br />Filme de terror ambientado na actualidade, “Alone” não será uma surpresa, mas é uma obra que se acompanha com atenção e sem esforço. Vivendo, em certas sequências, de uma montagem rápida, e de um encadeado de imagens que relembram os filmes de vanguarda, com planos muito fechados, câmara desequilibrada, solarizações e uma utilização violenta das cores, cenários estranhos e enquadramentos invulgares, “Alone” assemelha-se em muito a episódios de séries televisivas de temática policial, com uma dupla de detectives, ele mais velho, ela mais nova, que investigam o caso de uma mulher que aparece morta, depois de ter descido aos repelões pelas escadas abaixo da sua casa. Todos se parecem inclinar para acidente ou suicídio, mas o crime transparece nalguns aspectos. O que se torna mais óbvio quando aparecem outros casos, não semelhantes, mas que podem ter relação entre si.<br />Enquanto a polícia investiga por um lado, nós, espectadores, temos a visão da criminosa (não a visão do seu corpo, mas temos literalmente a visão do que ela vai vendo, através de câmara subjectiva), e vamos acompanhando os seus pensamentos, as suas obsessões, os seus fantasmas. E compreendemos as causas que a levam a matar “sem querer” (“O pior criminoso é aquele que não tem a noção do mal que faz”, diz a certa altura o detective), que a impelem a procurar alguém a quem ofertar o seu amor, das formas mais trágicas. Alex, que quase desde início sabemos ser a criminosa, teve uma infância infeliz, os pais morreram quando ela era adolescente, e a partir daí vive obcecada por vozes e por uma solidão irremediável que a atormenta. Procura amores, cumplicidades. Em mulheres de todos os géneros. Da prostituta de cabaret à secretaria de uma psiquiatra.<br />O filme é, pois, uma obra interessante, com muito pouco a ver com Poe, mas um forte dose de pretensões narrativas, ainda assim denotando qualidades que poderão, ou não, ser confirmadas num futuro próximo. Mantendo-se no campo do lesbianismo, aí teremos brevemente “Lesbian Vampires Killers” para tirar teimas.</span></strong></p><br /><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5286059177059830354" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 259px; CURSOR: hand; HEIGHT: 360px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbcdl4cmKkcgAkcqjx-Va3SRq2Z10HsDIcpdKQzSVWIfFvEME9C1qjde0kTsMZ5BY8rTdaKuOvTfiorqVsAvl3ktbVl8WcHALAPOnk02S0jMGhprOXEj1YOPm8r_7cZ04CfIZZhfoecjZi/s400/_41674548_lvk203300.jpg" border="0" />Lauro Antóniohttp://www.blogger.com/profile/10809594794377056368noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3185806700083356646.post-56123753229190164442008-12-30T03:47:00.002+00:002008-12-30T03:58:14.945+00:00O CORVO<div align="center"><strong><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:180%;">THE RAVEN
<br />INTERPRETAÇÃO DE VINCENT PRICE
<br /></span></strong>
<br /><object height="344" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/FID1CiB4bcU&hl=pt-br&fs=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/FID1CiB4bcU&hl=pt-br&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object></div><div align="center"><strong><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:180%;">THE RAVEN</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:180%;">NA VOZ DE CHRISTOPHER WALKEN</span></strong></div><d<object height="344" width="425"><param value="http://www.youtube.com/v/cLSmhpwLdEQ&hl=pt-br&fs=1" name="movie"></param><param value="true" name="allowFullScreen"></param><param value="always" name="allowscriptaccess"></param><div align="center"><embed src="http://www.youtube.com/v/cLSmhpwLdEQ&hl=" width="425" height="344" type="application/x-shockwave-flash" allowfullscreen="true" allowscriptaccess="always" fs="1"></embed></div><p></object></p><p></p><p></p><p align="center"><strong><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:180%;">THE RAVEN</span></strong></p><p align="center"><strong><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:180%;">INTERPRETAÇÃO DE JOHN ASTIN</span></strong><object height="344" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/ACUxJ6fq2IY&hl=pt-br&fs=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/ACUxJ6fq2IY&hl=pt-br&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object></p>Lauro Antóniohttp://www.blogger.com/profile/10809594794377056368noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3185806700083356646.post-87600146331464628922008-12-30T03:32:00.003+00:002008-12-30T03:37:29.970+00:00O BARRIL DE AMONTILLADO<div align="center"><strong><span style="font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:180%;">O BARRIL DE AMONTILLADO<br />INTERRETAÇÃO DE VINCENT PRICE</span><br /><br />PRIMEIRA PARTE:<br /><object height="344" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/-XTmWag6wfw&hl=pt-br&fs=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/-XTmWag6wfw&hl=pt-br&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br />SEGUNDA PARTE:<br /></span></strong><object height="344" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/yi4GRpOS7NU&hl=pt-br&fs=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/yi4GRpOS7NU&hl=pt-br&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object></div>Lauro Antóniohttp://www.blogger.com/profile/10809594794377056368noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3185806700083356646.post-14052265195339599142008-12-30T03:25:00.002+00:002008-12-30T03:30:03.542+00:00O CORAÇÂO REVELADOR<div align="center"><strong><span style="font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:180%;">O CORAÇÃO REVELADOR<br />INTERPRETAÇÃO DE VINCENT PRICE</span><br />PRIMEIRA PARTE:<br /><object height="344" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/2LNjgv5p3Ek&hl=pt-br&fs=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/2LNjgv5p3Ek&hl=pt-br&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br />SEGUNDA PARTE:</span></strong><br /><object height="344" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/TM-tAb-bM-s&hl=pt-br&fs=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/TM-tAb-bM-s&hl=pt-br&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object></div>Lauro Antóniohttp://www.blogger.com/profile/10809594794377056368noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3185806700083356646.post-73080354843251141042008-12-30T02:49:00.000+00:002008-12-30T02:50:15.660+00:00THE TELL-TALE HEART<p align="center"><object height="344" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/W4s9V8aQu4c&hl=pt-br&fs=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/W4s9V8aQu4c&hl=pt-br&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object></p>Lauro Antóniohttp://www.blogger.com/profile/10809594794377056368noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3185806700083356646.post-88081523244877866672008-12-22T19:20:00.008+00:002009-01-11T16:21:17.663+00:00NOTAS SOBRE EDGAR ALLAN POE NO CINEMA, VII<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhK0_10XclRxERWGhSWZsFcab_4k4NTA7i0cyLdd9LiBOmtAt3R6hrVAVyOyBHf5QjGaYUWy-Yk0SRqZjmh4ySEhW0hbwb_DzR7ipFRko-42hwRhgYeD8ekpwqLi3w1omcCrHofg1xaeUc4/s1600-h/12674w_10gothic_tate.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5282697243729941682" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 348px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhK0_10XclRxERWGhSWZsFcab_4k4NTA7i0cyLdd9LiBOmtAt3R6hrVAVyOyBHf5QjGaYUWy-Yk0SRqZjmh4ySEhW0hbwb_DzR7ipFRko-42hwRhgYeD8ekpwqLi3w1omcCrHofg1xaeUc4/s400/12674w_10gothic_tate.jpg" border="0" /></a> <strong><span style="font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:180%;">A QUEDA DA CASA USHER</span> </span></strong><br /><strong><span style="font-family:trebuchet ms;"><div align="justify">“A Queda da Casa Usher”, que Edgar Allan Poe escreveu em 1839, é um dos seus trabalhos mais conhecidos e mais adaptados não só ao cinema como a outras formas de expressão e de narrativa. No cinema são inúmeras as versões conhecidas, a começar logo perla década de 20, onde surgem duas adaptações vanguardistas, uma americana, de 1926-28, da dupla James Sibley Watson e Melville Webber, outra francesa, de um dos nomes grandes da vanguarda dessa época, Jean Epstein. A primeira é uma curiosa experiência de recorte nitidamente expressionista, filmada em Rocheter, Nova Iorque, com uma forte influência de poetas e artistas plásticos, expressa aliás na colaboração de Melville Webber, que assegurou o lado plástico, procurando recuperar certos aspectos dos frescos medievais, e de James Sibley Watson, que se interessou mais pelos efeitos visuais em que o pequeno filme (13 minutos) é pródigo e que logram efeitos muito sugestivos. <img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5282697246893199970" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 292px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6wNrDGJ6zVLKM-Rla4JnTjhxihvzNrHukg5d5xhgAYKZURPs1hhDU5Q9YwpsDtSKnCtL1TIreq-m6NLOYY903fEcZsLwCmGD8fndv_dZCZZO3SBJ9g1h4d6BDR3x6Dz0TiXKF_Yyv5JZL/s400/752463447_6e2ce21d0b_o.jpg" border="0" /></div><div align="justify">“A Queda da Casa de Usher” (La Chute de la Maison Usher), de 1928, França, tem argumento de Jean Epstein e Luis Buñuel (que foi ainda assistente de realização) e interpretação de Jean Debucourt (Sir Roderick Usher), Marguerite Gance (Madeleine Usher), Charles Lamy (Allan), Fournez-Goffard (médico), Luc Dartagnan, Abel Gance, Halma, Pierre Hot, Pierre Kefer, etc. São 63 minutos do melhor que Poe inspirou ao cinema, uma verdadeira obra-prima do fantástico e do onírico, logrando criar Jean Epstein uma atmosfera poética admirável, através da fabulosa utilização da imagem, dos enquadramentos, dos movimentos, do jogo de combinação de grandeza de planos, da iluminação, da própria “encenação” dos espaços.<br />Por uma terra de ninguém ventosa e lúgubre, solitária e inóspita, avança um homem carregando duas malas. Entra numa estalagem e pede para alguém o conduzir a casa dos Usher. Olham-no surpresos e com estranheza. Percebe-se a razão que leva o desconhecido até ali: uma carta de Roderick Usher convida Allan, um velho amigo, a visitá-lo, adiantando que está doente e a mulher também. Um saco de moedas na mão de Allan e o aparecimento de alguém numa carroça provoca o efeito desejado. Chegado ao palácio, e depois das boas vindas, o jantar onde Roderick e Allan recuperam memórias. Mas Roderick está impaciente. Quer continuar a trabalhar no retrato da mulher, Madeleine (subtil desvio do conto de Poe, Madeleine passa de irmã a mulher). Por isso, Allan é enviado para uma passeata pelo campo, enquanto Roderick (magnificamente interpretado por Jean Debucourt, num tipo de composição extremamente conseguida, em vigor e subtileza, uma mistura invulgar que surpreende e fascina) volta ao quadro e à mulher que posa, ameaçada pelo olhar do marido que a consome, a domina, a submete. Há uma cena brilhante que confere todas essas sensações: grande plano do rosto de Roderick, o seu olhar obsessivo; plano de Madeleine, posando, inscrita num cenário soturno, implorando tréguas com o olhar; pormenor das mãos de Roderick apertando-se; plano da paleta, do pincel escolhendo as cores e as tintas.<br />Madeleine é o modelo, a inspiração; Roderick pinta-a, olha-a, suga-lhe a vida com o olhar. Cada nova pincelada no quadro reflecte-se no rosto de Madeleine, que se sente atingida, macerada. Roderick pinta à luz de velas que se consomem. A imagem desta sequência restitui a tortura, o martírio, a posse, a violação. Súbito a câmara afasta-se e descobre-se a grandeza do cenário, um salão enorme, onde Roderick dá pasto à sua obsessão. Olha a mulher, olha a paleta, olha o quadro. Está obviamente muito mais interessado no quadro do que no modelo. Dirá mais tarde: “O quadro é a verdadeira vida”. A mulher jaz no chão, desfalecida. Ele continua a pintar sem dar por nada. Madeleine morre. Roderick transporta-a então nos braços, horrorizado. Allan, lendo um livro comenta: “Roderick estava possuído pela teoria do magnetismo.” (algo que interessava muito Edgar Allan Poe).<br />Segue-se toda a sequência da preparação do enterro, as dúvidas (“Ela não está talvez morta!?”), Roderick quer impedir o enterro, o quadro toma definitivamente o lugar da mulher morta (“Ela não nos abandonará!”), o pintor olha-o, extasiado, enquanto o caixão é fechado, perante o horror de Roderick. Sequência que relembra em muitos aspectos planos de “Nosferatu”, de Murnau. O enterro inicia-se, passam por áleas de jardins, por entre o nevoeiro, vogam ao sabor das águas de um rio, o véu branco desta fúnebre noiva deslizando nas águas, erguendo-se no ar, preso da barcaça. Descem à cripta, uma boca aberta iluminada do exterior, projectando luz. O caixão é fechado, pregado finalmente, o martelo do horror descendo sobre o prego, iluminados por velas. Ratos que fogem pelos cantos, um sapo.<br />Depois do enterro, o silêncio que tudo envolve. A monotonia. A natureza-morta. Rio, serra, palacete, ninguém. Um gato. Roderick olha escadas e corredores desertos, os cortinados esvoaçando. O mínimo ruído exaspera-o. A guitarra abandonada. As mãos cruzadas. Sonho, pesadelo, imagens deformadas, sobreposições, grandes planos de rostos, pormenores ameaçadores. As cordas da guitarra que se soltam, sozinhas, “Roderick não volta a proferir o nome de Madeleine”. Parece paralisado pela dor. Um relógio. Um pêndulo que se assemelha muito ao pêndulo de “The Pit and the Pendulum”. O tempo que passa. A tempestade que avança. Allan lê num livro uma passagem sobre uma sepultada viva. Enquanto isso, na cripta, o caixão de Madeleine tomba da prateleira onde fora depositado. Roderick, no vasto salão, junto ao fogo que crepita na lareira, balouça os pés sentado numa cadeira. As velas pegam fogo aos cortinados com a ventania que se abate sobre o palácio, que começa também a desmoronar-se. As armaduras metálicas nos corredores desabam. Roderick olha fascinado a destruição. Será loucura, a deste olhar? Madeleine regressa, de branco, noiva, de véus ao vento, flutuando como um fantasma. “Sim, ouço-a, ouço-a desde o primeiro dia!”, grita Roderick. “Nós enterrámo-la viva!”. O fogo tudo cobre. Allan afasta-se para o exterior do palácio. Madeleine e Roderick abraçam-se, e é assim que tentam fugir das labaredas. Em vão. O quadro de Madeleine sossobra igualmente no inferno das chamas.<br />Nesta obra que interpreta da melhor forma o universo de Poe, inspirando-se em Dreyer (“O Vampiro”), e Murnau, em “O Retrato de Dorian Gray”, na literatura, Epstein cria um ambiente de cortar à faca, com uma enorme economia de meios, usando uma linguagem vanguardista que vai buscar muito aos expressionistas, mas também ao surrealismo e aos vanguardistas franceses dessa época. Um grande momento de cinema.<br />“The Fall of the House of Usher” regressa aos ecrãs, em 1949, com assinatura de Ivan Barnett, numa produção inglesa. Que desconhecemos. </div><div align="justify"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5282697252341717794" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 301px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYeBq1TxcgbAR3QCUMpopJF6W354s4DJwWy3Evx1dlV8RWLkJLfwQyCJo8ZFRLAUkgH_vFWREgn07vuWGt2jejUTFpzPAsI9G-Cx_L7N_VICPw7seq8BCuQpT1SLFujULnhiKYOKywV_pv/s400/treasues%2520of%2520the%2520american%2520archives%2520dvd%2520review%252003usher.jpg" border="0" />A partir dos anos 50, a televisão não larga a obra de Poe, com várias versões conhecidas. Ainda em 1949, o produtor Fred Coe, na série de TV "Lights Out", faz uma primeira versão televisiva de “The Fall of the House of Usher”. Ainda na América, em 1956, em "Matinee Theatre", é Boris Sagal quem dirige o episódio dedicado à “House of Usher”. Em Inglaterra, em 1966, Kim Mills volta ao tema, num dos episódios de “Mystery and Imagination", interpretado por Denholm Elliott (Roderick Usher), e Susannah York (Madeleine Usher). Em França, em 1981, será Alexandre Astruc quem dirigirá Fanny Ardant (Madeleine Usher), Mathieu Carrière (Sir Roderick Usher) e Pierre Clémenti, num dos episódios de “Histoires Extraordinaires: La Chute de la Maison Usher”. Na Hungria, Attila Apró, em 1982, assina “AzElitélt”, igualmente para TV, segundo o mesmo conto. James L. Conway, numa produção norte-americana e checoslovaca, no mesmo ano, adapta ao pequeno ecrã o mesmo texto de Poe, com um bom elenco: Martin Landau (Roderick Usher), Charlene Tilton e Ray Walston. Em 1988 é a vez de outro americano, Alan Birkinshaw, se lançar na mesma empreitada, com interpretações de Oliver Reed (Roderick Usher), Donald Pleasence e Romy Windsor. “La Chute de la Maison Usher” surge na Bélgica, em 1992, com realização de Marc Julian Ghens. A série de TV "Tales of Mystery and Imagination", com realização de vários cineastas (James Ryan, Bill Hays, Dejan Sorak, Rod Stewart, Neil Hetherington, Hugh Whysall), data de 1995, e volta a penetrar na casa de Usher (além de incursões por outros textos de Poe), com resultados nulos. Parece mesmo que a série, de tão má, nunca chegou a exibir-se por essa altura na TV, e só agora foi posta a circular em DVD. Infelizmente. Trata-se globalmente de um daqueles produtos excelentes para mostrar em salas de aula de cinema, para demonstrar o que está errado e o que não deve ser feito. Mas há também aquilo que não se ensina, nem pelo absurdo: o mau gosto, a falta de sensibilidade, a total inépcia narrativa. Em 2002, “Usher”, de Curtis Harrington, poderá ser uma versão a considerar (ainda que difícil de encontrar, pelo que ainda não a visionei), com o próprio realizador Curtis Harrington a interpretar dois papéis, Roderick Usher e Madeline Usher. Uma investida “queer”, em 40 minutos que gostaríamos certamente de ter visto, mas não conseguimos<br />Mas a obra mais carismática de entre todas as retiradas deste conto de Poe terá sido “House of Usher”, de 1960, com a assinatura de Roger Corman, e argumento adaptado por Richard Matheson, um escritor do fantástico norte-americano de muito bom nível. Foi o início do ciclo dedicado por Roger Corman a Edgar Allan Poe. Com uma equipa que variou muito pouco, produção de Roger Corman e James H. Nicholson, música original de Les Baxter, fotografia, de excelente colorido com a assinatura de Floyd Crosby, montagem de Anthony Carras, direcção artística de Daniel Haller e um reduzido elenco onde sobressaia Vincent Price (Roderick Usher), bem acompanhado por Mark Damon (Philip Winthrop), Myrna Fahey (Madeline Usher) e Harry Ellerbe (Bristol). <img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5282698053971036690" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 171px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqw-SQuBRbLs15J9YneNbwBbh3W5oyTfgZGyT_W5s06krdTCOnR9OZgG5Az3qdk_pUL1LNQ4WDt4r_aeGTkO5C5gUvzyOF2l5PTOEH5GNw_HWW5EPEUauQz-cS5hlp8QXVMwpo57tO6yYc/s400/houtit.jpg" border="0" /><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5282698049033768370" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 403px; CURSOR: hand; HEIGHT: 178px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPsenmlVioUc-ZMhYGE6Crb8L4MiWDDH1dnhGIiJmryD1WOh9ZVU7bXy5Y788BOOU6vm4xtb0TCpstIACG-_2XUwikD8ZnM50CE8RsMlDsd-YCVfPpHHB_MYPCCNtGDnkAlJqHSehnNUNm/s400/hou06.jpg" border="0" />Falemos então do conto, antes de passarmos à versão cinematográfica. Na obra de Poe, o narrador que viaja até casa dos Ushers empreende essa viagem para visitar um velho amigo de juventude, Roderick Usher, que não via há muito, e que lhe escrevera a solicitar companhia nos momentos difíceis por que passava, por motivos de saúde própria e de sua irmã, Madeline. É deste modo que o cavaleiro se aproxima da destroçada casa dos Usher, por caminhos de mau agoiro, como que hipnotizado pelo destino que ali o conduz. No filme Philip Winthrop viaja até àquela mansão amaldiçoada porque se encontra noivo de Madeline, Roderick pede-lhe que se afaste, manda-o embora, insiste, exorta-o, mas Philip permanece na sua, querendo ir embora apenas se for acompanhado da sua amada. Depois, no conto, há várias personagens que se cruzam na casa, no filme quase toda a acção roda à volta de Roderick, Madeline, Philip e um velho criado da casa. Todo o conto é muito intimista, referindo-se a pensamentos de Philip e às considerações de Roderick, que se voltam muito para ele próprio. Trata-se quase de um confronto de duas mentes, de duas vontades, de dois projectos. No filme, obviamente que as acções de concretizam mais no plano da realidade. Corman “mostra” onde Poe evoca, mas a transposição não deixa de ser não só eficaz como mesmo sugestiva. Corman é um cineasta como uma sensibilidade que se coaduna bem com os ambientes e as personagens criadas por Poe, desenvolve climas de um fantástico inquietante sem jogar no primarismo do sangue a jorros e dos efeitos em catadupa, explora sobretudo o suspense perturbador, através de efeitos puramente plásticos, a duração do plano, do movimento, a utilização da banda sonora, o recurso à interpretação. <img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5282698043892220834" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 319px; CURSOR: hand; HEIGHT: 136px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhe1pXI9P3-lPz7e8ZVa0Zd-8SN9pxWXea7TE1jblPmj7pYBS_PRRWupfBoX2UKG5jIMpTjcw1wW5KnDdKkjkap1cNXUOENymcSy02h6q7_m5tBxfts8CEr9KX_OWdVATx22vsQQA2uCY1y/s400/hou03.jpg" border="0" /><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5282698046017571090" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 136px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiObZgp67fNQpNo2Ll0i2sR-LUBEALc_MgHfqGSr5cXTVn08MqOkXoZyVIDJBn-UpSqXiSniaBmjQAiHQ0ASLJd52EoATQx44uadj9cjRj_NUkuVI5neu3kiJ2skCh3hlb1JyAA3rt5nXwF/s400/hou04.jpg" border="0" />O filme baseia-se, sobretudo, em quatro personagens e uma casa, um palácio à beira da ruína, atravessado por fendas que, hora a hora, vão criando clivagens mais aterrorizadoras, enterrando-se progressivamente num pântano onde a natureza fenece e nada se cria. É a maldição dos Usher a estender-se à paisagem ou esta a estrangular a família no interior do seu palácio a desmoronar-se. Casa e família sucumbem ao mesmo mal. Roderick Usher lamenta-se de uma absoluta hipersensibilidade, algo que quase não o permite contactar com o mundo exterior, uma luz mais intensa violenta-lhe os olhos, qualquer pequeno som atravessa-lhe os tímpanos como um trovão, um sabor mais forte atormenta-o, só suporta tecidos de uma macieza rara, move-se como que pairando sobre o chão… Madeleine parece atreita ao mesmo mal, ambos se declaram, pela voz de Roderick, próximos da morte. Por isso Roderick não permite a Philip partir com a sua amada, que, no entanto, não parece assumir a mesma atitude. Mas a vontade de Roderick é mais forte, e a maldição estende-se sobre o palácio, que no final conhecerá uma dupla “morte”, incendiado e submergido nas águas do pântano, enquanto temas como o incesto e a catalepsia se assenhoreiam da obra e os sepultados vivos saem das criptas com as mãos ensanguentadas e as gargantas roucas de gritarem por socorro. Puro terror de criação Edgar Allan Poe muito bem recriado pela fantasia e o competente talento de Corman, a sua enorme economia de meios, o seu bom gosto visual, o refinamento de um estilo que não pode deixar-se de sublinhar.<br />A economia de meios é de tal forma que um filme destes é rodado em menos de duas semanas, outro se lhe segue de imediato, rodado com a mesma equipa, um elenco semelhante, os mesmos cenários, iguais adereços e guarda-roupa, de forma a que essa produção continua embarateça o orçamento, permitindo o talento de Corman que estas produções de série B sobrevivam como clássicos e filmes de culto que mantêm, quase cinquenta anos depois, toda a sua magia. <img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5282698037338313410" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 283px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuYosMtaypTObE0lC33nt478Ak30hvqv1JQBr2lDbtsmaDsvlURiplRgxtbtv4McsF4kJJUd52DdSmVpNdxw4iCxO32LmviAwnNNiA4E2bGSppjh5aYllbOhJpFtjs5mpsJwdm0TJSUHoR/s400/edgarbig.jpg" border="0" /></div><div align="justify">Sobre o mesmo tema, Jesus Franco (ou Jess Franco), em Espanha, no ano de 1982, recoloca as personagens em cena, numa interessante série B, que conheceu diversos títulos: “Revenge in the House of Usher” ou “La Chute de la Maison Usher” ou “Los Crímenes de Usher” ou “El Hundimiento de la Casa Usher” ou “Neurosis” ou “Nevrose” ou “Revolt of the House of Usher” ou “Zombie 5”. O veterano Jesus Franco (mais de 180 títulos na sua filmografia!) nunca foi cineasta para grandes subtilezas, mas o seu cinema, muito popular e por vezes excessivamente oportunista no namoro ao público (no sexo e no gore), conseguia ter alguma graça, numa demonstração de uma certa “inocência” cultural, apesar do realizador manifestar alguns conhecimentos sobre literatura e estética cinematográfica. Curiosamente, Jesus Franco considera esta sua versão de “A Queda da Casa Usher” uma das mais fiéis a Edgar Allan Poe e a sua obra mais pessoal e menos comercial, um verdadeiro “filme de autor”. O filme tem momentos fracos, mas ostenta algumas sequências bastante bem conseguidas num plano plástico, onde as influências do expressionismo são evidentes. Neste aspecto, todas as cenas a preto e branco, que remetem para flash backs, conseguem impressionar pela positiva, muito embora a interpretação dos actores não seja das mais convincentes. Mas globalmente é um filme interessante, que aproxima a Casa Usher de um covil de vampiros, para onde são raptadas mulheres de vida fácil, para abastecerem de sangue a muito debilitada filha de Usher (para lá de outras personagens com gostos afins). Há uma personagem que relembra o velho de “O Coração Revelador”. Há sequência que recordam outros filmes de Fraco (particularmente El Secreto del Dr. Orloff”). Curioso, tanto mais que DVD onde se disponibiliza esta pequena fita de terror contem uma curiosa entrevista com o cineasta espanhol, personagem particularmente singular no universo do cinema fantástico. Nada, porém, que se possa comparar com Roger Corman.</div><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5290071583671809026" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 300px; CURSOR: hand; HEIGHT: 200px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhz1MBldx-6iWEghAGoLUM2OUvGowGgwZKGwPf0Hg0PWWqpK0Y_mqd8FYVbbHAvxxpGvqE1pnB488hrzzU0QvHwi1qNxFgA32Rff9YjE0pzb1DbRzrwlUbI0luqP6VcFVwZPDSMRlJTOax1/s400/nevrose1.bmp" border="0" /> <div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify">“The House of Usher” volta a interessar os estúdios norte-americanos, uma vez em 1988, com realização a cargo de Alan Birkinshaw, argumento de Michael J. Murray, e interpretação de Oliver Reed (Roderick Usher), Donald Pleasence (Walter Usher) e Romy Windsor; outra já em 2006, numa interessante direcção de Hayley Cloake, sobre argumento de Collin Chang que transporta a história para a actualidade (o que parece quase impossível é assegurado com alguma coerência pelos responsáveis). Uma casa senhorial perdida numa zona rural da província, a morte declarada de Madeline, irmã de Roderick Usher, uma amiga, Jill Michaelson, que vem ao funeral, e que fora antiga namorada de Roderick, e uma governanta intrigante que relembra personagem de “Rebecca” e se chama, por alguma razão, Mrs. Thatcher. A casa não racha mas assusta, não há incêndio ou descalabro que a destrua na derradeira sequência, mas de resto, apesar de passar-se no século XXI, a família sofre das mesmas maldições e doenças afins (com modernos tratamentos a condizer com a época), o incesto não só paira no ar, como se insinua mesmo de forma mais descarada, a danação dos Usher tem razão de ser numa consanguinidade que passa de irmãos para irmãos e de pais para filhos, e a loucura dessa herança que se quer manter a todo o custo acaba por ter os seus dissabores. O filme é discreto, mas mantém um bom clima, uma fotografia aceitável, uma interpretação de desconhecidos que não comprometem. É uma versão que se vê com agrado, numa noite em que não se tiver nada de melhor a fazer (ou se esteja a ver – quase - de castigo as obras de Edgar Allan Poe adaptadas ao cinema!). </span></strong></div></div>Lauro Antóniohttp://www.blogger.com/profile/10809594794377056368noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3185806700083356646.post-1578312369311377032008-12-16T03:13:00.004+00:002008-12-16T03:28:25.261+00:00NOTAS SOBRE EDGAR ALLAN POE NO CINEMA, VI<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_WtHukIAOLYm23dZM4jV2AmkFxWRjSu-xCuGwu4QmEo_h8DKU13NWI1vV0HbbwGUF4abU_e1wsmhO5Sm_gBPBNNenaIzNf10TJVf-sbdelXs8YIWoZltU8-5QVL-97eieU3SiU8Edg2pQ/s1600-h/51G0JJCKWAL__SS500_.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5280221716081224674" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_WtHukIAOLYm23dZM4jV2AmkFxWRjSu-xCuGwu4QmEo_h8DKU13NWI1vV0HbbwGUF4abU_e1wsmhO5Sm_gBPBNNenaIzNf10TJVf-sbdelXs8YIWoZltU8-5QVL-97eieU3SiU8Edg2pQ/s400/51G0JJCKWAL__SS500_.jpg" border="0" /></a> <strong><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:180%;">"THE MANSION OF MADNESS"</span></strong> <div><div><strong><span style="font-family:trebuchet ms;"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5280221704085285410" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 300px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxgxDMFsOVBlXckEF0BO0SMmD4REmtDJg7_PjV2ryUmW9TxU81JvUQ8AQrPjNGt5b5WHhecFH2yhBbwZDSS6kiJhMarSdx5E1Sx-DY0OEg8zrmfNZi1PxBq3qPnrLOU1ym7X2dEAYW65zp/s400/mansion_of_madness1.jpg" border="0" /><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5280221702470238226" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 380px; CURSOR: hand; HEIGHT: 287px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQo5yIIOGig2zU2MAr2Iof9CglwZHjwz8OxNtQf_61iUnA37cytrAB_hn6NVe_L7awgccUxf0xvpNsUGHixhhNpj0qwqMOQQruXPo_RLj3cNeNDsG8BjDBwmO_3DW0cTdeXzVB6xDbz8yB/s400/mansion%2520of%2520madness%252011.jpg" border="0" /> <div align="justify">Em 1844, Edgar Allan Poe escreveu “The System of Dr. Tarr and Professor Fether” (Feather)”, um conto inicialmente aparecido no nº 5 do vol. XXVIII, da revista “ Graham’s Magazine” (de Novembro), e posteriormente integrado no volume de “Histórias Grotescas e Sérias”. Trata-se de uma obra particularmente interessante, parodiando algumas teorias em voga na altura sobre o tratamento da loucura. O conto, escrito na primeira pessoa do singular por um narrador que visita um castelo isolado, situado numa das províncias do extremo sul de França, onde encontra um estranho Dr. M. Maillard que aí dirige um manicómio, aborda de forma parabólica e algo satírica, a teoria da cura em liberdade, o “sistema da doçura”, no qual os pacientes não são contrariados nas suas alucinações e fantasias, mas antes impulsionados a satisfazer os seus instintos, procurando “curá-los” pelo absurdo. Se alguém pensa ser um galo, pois que se alimente de milho e farináceos, e logo perderá a loucura. O sistema parece, no entanto, não funcionar muito bem, apesar da áurea ganha nos meios científicos, na explicação de Maillard, que leva o visitante a percorrer as instalações da instituição, onde aparecem estranhas personagens, que se reúnem num jantar pantagruélico. É nessa altura que o narrador percebe que, durante a vigência do “sistema da doçura”, os internados se tinham revoltado, encarcerado médicos e enfermeiros e tomado conta do castelo que agora administravam com “um grão de loucura”.<br />Este conto está na base de um filme mexicano muito curioso, datado de 1973, que se passa em França (como no original de Poe), mas que foi rodado no México, falado em inglês, dirigido por um mítico Juan López Moctezuma e que conheceu vários títulos: “The Mansion of Madness”, “Dr. Goudron's System”, “Dr. Tarr's Pit of Horrors”, “Dr. Tarr's Torture Dungeon”, “Edgar Allan Poe: Dr. Tarr's Torture Dungeon”, “House of Madness”, “La Mansión de la Locura” ou “The System of Dr. Tarr and Professor Feather”.<br />Juan López Moctezuma é herdeiro de uma tradição mexicana de filmes de terror, que teve na presença de Luís Buñuel neste país uma forte motivação para uma inspiração surrealista e anti clerical. Moctezuma foi colaborador de Alejandro Jodorowsky, conheceu Fernando Arrabal e pode dizer-se que fez parte de um grupo que nos anos 60-70 se intitulou “Panic”, onde militava ainda Roland Topor. O “Movimento Pânico” tinha como musa a deusa Pã e uma forte influência de Buñuel e dos surrealistas franceses, bem assim como do teatro da crueldade de Antonin Artaud. A proposta era anárquica, surreal, caótica, libertina, fantástica, grotesca, libertadora… Durou mais ou menos até 1973. </div><div align="justify"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5280221703955368722" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 384px; CURSOR: hand; HEIGHT: 288px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgE_NQ1c-8DZPXEjFEhRiWDrrbQXgSZoLAWERQRykEzyda2ZpvrehJG19gZKpf0RCxOnzrEkQJ7Z7zmnGfuHROalO4wU2-EjKah6XdJ_q6PeivAs_ICFdLk7MCEUmuM-XhOwYoIrrVLoKOD/s400/mansion%2520of%2520madness%252002.jpg" border="0" /><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5280221706025189954" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 300px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjF6Kzxiuu_-tY2LyujZpVEh3tvtpkBfSw8DJOMQBqtyOE87YX-UL3HQV6EJkP12uOV5mGucrDkGz_m1Kd3KWbJXB0ZDCqXtDR76EfPtit-Bulbya4Pv1HsiUlyjZz012nZPf-02xOIc0Vx/s400/mansion%2520of%2520madness%252005.jpg" border="0" />Compreende-se assim a aproximação de Juan López Moctezuma da obra de Poe, particularmente do conto em questão, onde se defendem teses libertárias em relação à psiquiatria e à loucura. Aliás, parece que o próprio Poe se inspirou nos trabalhos de Philippe Pinel (1745-1826), o pai da psiquiatria francesa, que iniciou sistemas de cura benigna, libertando os doentes das grilhetas e exigindo a sua separação dos presos de delito comum e das prostitutas, no manicómio de Salpêtrière. Também William Tuke, em Inglaterra, e Dorethea Dix, nos EUA, iniciaram, no fim do século XVIII, princípios do XIX, idênticas lutas a favor de uma maior humanidade do tratamento das doenças mentais. Edgar Allan Poe mais não faz do que adaptar a conto as teorias que circulava no seu tempo. Juan López Moctezuma, por seu turno, fará o mesmo, adaptando esse conto ao cinema, ainda que com profundas alterações. Enquanto no conto, o manicómio é um espaço fechado, limpo e quase sofisticado, em Moctezuma os loucos fazem esperas a visitantes, vestidos de soldados e armados, evoluem livremente pela floresta circundante, e habitam um palácio em ruínas, completamente deteriorado e escalavrado (grande parte do filme foi rodado numa fábrica de têxteis há muito abandonada).<br />Em ambos os casos, porém, o que se condena é anarquia e o caos a que conduz uma liberdade mal entendida, moralidade que se ilustra através de certas situações de crítica satírica e de momentos de cruel paródia, dados de forma subtil. Aliás existe como que uma dualidade de olhar, ora crítico, ora complacente para com a loucura instala, o que poderá igualmente ter uma segunda leitura, fazendo equivaler, aos olhos do público, loucos e sãos de espíritos, sem que se saiba muito bem onde começam uns e acabam os outros. O que contem igualmente alguma crítica: muitas vezes são os loucos que ocupam os lugares dos ditos sãos de mentes, sem que nada aparentemente o faça notar.<br />Primeira experiência cinematográfica de Juan López Moctezuma, “The Mansion of Madness” não é uma obra-prima, mas mostra-se uma surpresa muito curiosa e um filme de indiscutível interesse, quer como aproximação de um tema querido do fantástico, quer como estilo de narrativa, que oscila entre o terror gótico e o humor de uns Monty Python, o exacerbamento visual de um Federico Fellini ou de um “Marat-Sade”, de Peter Brook. Há uma tendência para uma representação teatral que faz lembrar processos do “The Livig Theatre” e, simultaneamente, uma enorme cinefilia que não hesita em repescar réplicas de vários clássicos.<br />O filme é plasticamente muito curioso, acompanhando-se com prazer, muito embora não seja uma produção de orçamento elevado. Mas o bom gosto de cenários e guarda-roupa e a intencionalidade da narrativa remetem esta obra para o nível dos filmes não muito conhecidos do grande público, mas que merecem seguramente figurar na lista “de culto” de muitos aficionados do fantástico. Poe deveria gostar desta obra e sentir com ela alguma cumplicidade.<br />Anos depois, o checo Jan Svankmajer, partindo deste mesmo conto de Edgar Alan Poe (e também de “O Sepultado Vivo”) dirige “Lunacy”, “um filme de terror filosófico”, nas palavras do seu autor. “Uma fantasia transgressora que combina imagem real e animação. Nesta delirante alegoria à sociedade contemporânea encontramos o jovem Jean Berlot, um rapaz assombrado por terríveis pesadelos. Berlot trava conhecimento com Marquiz (inspirado no divino Marquês de Sade), um aristocrata com um glorioso apetite por blasfémias e orgias, e inicia uma odisseia “terapêutica”. Como temas centrais a liberdade, a manipulação e a repressão exercidas pela civilização.” O filme passou numa das edições do Indie Lisboa, de onde se retiram os dados.</span></strong> </div></div></div><br /></div>Lauro Antóniohttp://www.blogger.com/profile/10809594794377056368noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3185806700083356646.post-14950166762345285902008-12-03T18:20:00.009+00:002008-12-16T03:26:59.282+00:00NOAS SOBRE EDGAR ALLAN POE NO CINEMA, V<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDhJrnZWF_vTUaMXAvetNUf02TPw7oV7s6Dn993radk8aDg9KmfZgECfCNKVqtl9Rg48x6yXFNBzS-HHrNsJslzhG6gA67yVFTHXKMvNm_d3MwcfIMDpVmZpc64gnEOngUyGc662eeuQIn/s1600-h/The-Raven-Poster-C10129785.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5275666666686202050" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 259px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDhJrnZWF_vTUaMXAvetNUf02TPw7oV7s6Dn993radk8aDg9KmfZgECfCNKVqtl9Rg48x6yXFNBzS-HHrNsJslzhG6gA67yVFTHXKMvNm_d3MwcfIMDpVmZpc64gnEOngUyGc662eeuQIn/s400/The-Raven-Poster-C10129785.jpg" border="0" /></a> <strong><span style="font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:180%;">AS VÁRIAS VERSÕES </span></span></strong><br /><div align="center"><strong><span style="font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:180%;">CINEMATOGRÁFICAS DE “O CORVO”</span><br /></div></span></strong><strong><span style="font-family:trebuchet ms;"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5276016196256291394" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 171px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmgW4sn0AwVyuBxQWdyjLC2vNqCV6qAuLsaF0o01c6BgiL6ENQfHB72KYmfHxWseCzMyjhHg6850zukaOI_EakIAjkPLpeAvG5HS6tmkRHReVtyNcZgq7_o4egwM8sBaRCofzz10MYprlW/s400/ravenprice.jpg" border="0" /> <div align="justify">Um dos poemas mais célebres de Edgar Allan Poe, senão mesmo o mais conhecido e citado, é “The Raven” (O Corvo), obviamente uma das suas obras igualmente mais adaptadas ao cinema. Sabe-se que, logo em 1912, nos EUA, surgiu uma primeira versão, de que se desconhece autor, mas de que se conhecem os intérpretes (Guy Oliver, como Edgar Allan Põe e Muriel Ostriche), e que se sabe ter sido uma produção Eclair American.<br />A adaptação seguinte data de 1935, novamente americana, uma produção Universal Pictures, com realização de Lew Landers. Este “The Raven”, com argumento de David Boehm, Florence Enright, Michael L. Simmons, Dore Schary, Guy Endore, Clarence Marks, Jim Tully e John Lynch, tinha um elenco de peso na época. Nada menos que os dois mais famosos “monstros” da altura, Boris Karloff e Bela Lugosi, respectivamente Frankenstein e Drácula dessa década de ouro do fantástico. <img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5276016189692212610" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 315px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDGW-NB5xp9Up91cPnAAagK3dsrSS2SoRd54eUjnJO34CergrVg-WvaCbLJF47YO7ZAYlMSo5UsFWbnZP9TMz2T2M2-XyrB31kdxSrlKO74SCNUERfOsW5Di6xn6FJ_zFt-qvcabG3ENBs/s400/theraven.jpg" border="0" />Lew Landers, nascido em Nova Iorque, mas que inicialmente assinava as suas obras com o nome de baptizado, Louis Friedlander, foi um dos realizadores mais prolíferos do cinema norte-americano. “The Raven”, do início da sua carreira, será mesmo das suas obras de maior qualidade, mantendo, tal como muitas outras desses anos, uma larga dependência do cinema expressionista alemão da década precedente.<br />Tal como muitas outras adaptações de obras de Poe, este “The Raven” contenta-se em manter o título, algumas obsessões temáticas e um clima que se poderá dizer ter origem no belíssimo poema. Bela Lugosi interpreta a figura de um estranho doutor Richard Vollin, grande admirador de Poe que, nas horas livres da sua actividade de médico, se entretém a reconstituir, na cava da sua casa, uma verdadeira câmara de torturas, fabricando ele próprio cada um dos instrumentos de suplício imaginados por Edgar Allan Poe. Depois a história vai evoluindo em função de um crescendo de terror que conduzirá as vítimas a esse território de horror, encimado pelo célebre pêndulo da morte, mas onde não deixa de ter lugar igualmente uma câmara que se fecha sobre si própria, após o que as paredes começam a movimentarem-se no sentido de esmagar quem esteja aprisionado no seu interior.<br />Para introduzir um elemento romântico indispensável ao conforto das plateias, Friedlander inventa um paixão louca de Vollin por uma jovem que ele salva da morte, depois de um aparatoso acidente de automóvel, com que abre o filme, e que hipnotiza por forma a roubá-la ao seu noivo. A frágil figura da mulher perante as arremetidas brutais do sábio louco, eis as premissas habituais ao género. Há outras referências ao poema de Poe: a jovem que recupera inteiramente do acidente é bailarina e interpreta no teatro uma adaptação de “The Raven”. Vollin fica defenitivamente apaixonado pela mulher e pela sua interpretação, o que agudiza as situações e irá conduzir ao grande clímax.<br />Entretanto, pelas ruas da cidade, Edmond Bateman (Boris Karloff, aqui com um papel secundário, muito curioso, nitidamente subsidiário do seu “Frankenstein”), um conhecido e temido criminoso, esconde-se e bate à porta de Vollin, procurando que este o transforme, através de uma operação de plástica estética, numa noutra pessoa, e assim passar desapercebido. Mas o resultado não é o melhor. E tudo se conjuga para um final em crescendo, na tenebrosa câmara de horrores que o médico criou. O filme consegue, com simplicidade e eficácia, na sua modéstia de orçamento, criar um bom clima de inquietação e sedução, com planos bem delineados, enquadramentos desassossegados, iluminações perturbantes e personagens de algum sadismo, sabiamente aproveitadas. O corvo impera ao longo da obra, como presença obsidiante.<br />Posteriormente houve muitas outras versões, que desconhecemos (quase todas) por completo. Um episodio da série televisiva espanhola, “Historias para no dormir", precisamente chamada “El Cuervo” (1967), com realização de Narciso Ibáñez Serrador, com Rafael Navarro na figura de Edgar Allan Põe; uma adaptação alemã, “Der Wilde Rabe”, de Peter Sempel (RFA, 1985); um episódio, “Treehouse of Horror”, da série de TV, "The Simpsons", com direcção de David Silverman; uma nova incursão espanhola, desta feita com a assinatura de Tinieblas González; uma curta-metragem com o título “The Raven... Nevermore” ou “El Cuervo” e Gary Piquer na personagem de Edgar Allan Põe; finalmente duas novas cinematizações americanas, uma nova curta-metragem, desta feita com a assinatura de Peter Bradley (EUA, 2003), e uma longa de 2006, dirigida por Ulli Lommel, que escreveu também o argumento, e entregou a interpretação a Jillian Swanson (Lenore), Victoria Ullmann (Annabel Lee), e Michael Barbour (Edgar Allen Poe). Ulli Lommel é conhecido sobretudo por ter assinado “The Boogeyman”, um filme de terror de culto entre os fanáticos do género, sobretudo os que apreciam obras de pequeno orçamento, alguma imaginação e violência a preceito. Este “O Corvo” é, de certa forma, uma desilusão, ainda que mantenha algumas dessas características: o orçamento deverá ter sido mínimo, os actores são de terceira escolha (se é que houve escolha!), os cenários são minimalistas, a estrutura deficiente, mas bastante pretensiosa, o resultado não deixa lugar a muitas dúvidas.<br />Como se sabe, o poema de Poe fala da fatal tristeza de alguém que chora uma Lenora que partiu, e de um corvo que aparece, vindo da escuridão da noite, trazendo a mensagem de um “Nunca Mais”, ou seja da inexorabilidade da morte e da solidão que ela deixa nos que ficam chorosos de saudade. Partindo desta premissa, aberta a todas as interpretações, tudo é possível, desde que apareçam dois ou três símbolos carismáticos: o corvo, o nome de Lenora, a morte.<br />No filme de Ulli Lommel, Lenora em criança ouve o avô ler poemas de Edgar Allan Põe, o que lhe provoca pesadelos de terror. Mais tarde, encontramo-la, em Los Angeles, vocalista de uma banda, e perseguida por um assassino que vai dizimando todos os amigos à sua volta até chegar ao confronto final com a própria Lenora. Rara a excitação e a inquietação provocada por esta série B que procura elidir a falta de ideias com uma montagem modernaça, obcecada por postes e linhas de cabos eléctricos (o que tem a sua justificação, no argumento). Nada de muito extraordinário, portanto.<br />Já no século XXI, também na Argentina, em 2007, surgiu “El Cuervo”, uma média metragem de 30 minutos, dirigida por Richie Ercolalo. <img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5276016192259287122" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 189px; CURSOR: hand; HEIGHT: 276px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBNkDr0jS3-OwP4EfaMeBifsJ70eALKygfxkm_dPDYIdhuD89nLN_tgkzIEhSDNo7wqi9ZSKefu8llyIyKc1nG_6arkcYOhfLj21po9YhuN4OZMq0JxgHH5EQyGt8ficvNKmNe7BaRFB1Z/s400/b_000038.jpg" border="0" />No meio destas versões todas tivemos “Der Rosenkönig” ou “Le Roi des Roses” (O Rei das Rosas), do alemão Werner Schroeter (RFA, França, Portugal, 1986). Filme estranho e invulgar é este, obra romântica e demencial, construída em forma de poema, sem obedecer a qualquer tipo de narrativa clássica, sem uma intriga exposta de forma linear. Werner Schroeter, um dos chefes de fila do novo cinema alemão surgido nos anos 60-70, procura sobretudo um encadeado de imagens, personagens, situações, sons, vozes (em diferentes idiomas), músicas (de origem variada, do ópera às ladainhas populares), luzes, que restituam um clima, uma ambiência fantástica, onírica. Neste aspecto, esta é uma das obras onde se sente mais a proximidade de Edgar Allan Poe, e do seu poema “The Raven”, de que se ouvem, lidos, alguns dos seus versos, bem assim como excertos de “City in the Sea” ou “Alone”, do mesmo autor, poesias de Pablo Neruda, fragmentos de “Chants de la Vie”, de Abou Kassem Ech’ Chabbi, um pedaço de uma peça de rádio, "série negra", de 1943, dita por Gloria Swanson, além de vozes dos padres católicos napolitanos e de alguns contos populares portugueses.<br />O filme parece ter sido escrito dia a dia ao longo das filmagens, num improviso constante ou numa “rêverie” continua, tanto por Werner Schroeter, como pela sua actriz predilecta, Magdalena Montezuma (que se chamava verdadeiramente Erica Kruger), e que aqui se despedia do cinema e da vida.<br />Rodado no nosso país, pelo produtor Paolo Branco, com vários portugueses na ficha técnica e no elenco, “O Rei das Rosas” fala-nos de uma mulher, Anna, alemã de nascimento, a viver em Portugal, num palacete abandonado numa quinta de mau augúrio, acompanhada por Albert, um filho que cultiva rosas e paixões funestas, nomeadamente por Fernando, um jovem que apanha um dia a roubar na sua capela, e que transforma num prisioneiro da sua sensualidade e ardor.<br />Filme de uma perversidade que se instala à medida que o tempo passa, obra sobre o amor e morte, por vezes mórbido, de maligna crueldade e de terrível beleza, "Le Roi des Roses" joga com um imaginário que tem muito a ver com a obra de um Mishima, de “Confissões de uma Máscara” a “O Marinheiro que Perdeu as Graças do Mar” (há uma concordância temática e de atmosfera quase obsessiva: mãe e filho, ausência da figura do pai, crueldade para com animais, o mar como referência de liberdade, exaltação do sofrimento, homossexualismo, imagem de martiriologia, São Sebastião, etc.).<br />Celebração, ritualismo, oratória, a simbologia mais forte inscreve-se a cada passo: mãe e filho na mesma cama numa sugestão de incesto que o filho renega, o sangue que escorre das rosas e passa ao corpo imolado de Fernando, a lavagem do corpo e a dependência de uma sensualidade exarcebada, o gato morto, a rã aprisionada numa gaiola dentro de água, o fogo redentor nas imagens finais, a morte suspensa de cada fotograma… <img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5276016196582269090" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 315px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhg5EW4QiJG9SMPXcVYu8pcJVKo0ODT-NncI9XHqkwivviay7td-Z393AX6AsBr13499rwxIgDEXjcTgcHFLJH4UFVHWzMj_ayGqpwgM1T4vGac5YBbpbhdFLXxC0H7oinwDFlMh7RhV6Wa/s400/POSTER%2520-%2520THE%2520RAVEN%2520(%2763).jpg" border="0" />A versão de “The Raven” mais conhecida, porém, é de Roger Corman, realizada em 1963, e que é o quinto filme da série dedicada a Edgar Allan Poe por este cineasta (os anteriores foram “A Queda da Casa Usher”, 1960; “O Fosso e o Pêndulo”, 1961, “O Sepultado Vivo”, 1962, “A Maldita, o Gato e a Morte”, 1962; a que se seguiram “A Máscara da Morte Vermelha”, 1964, e “O Túmulo de Ligeia”, 1964).<br />Neste conjunto de títulos, todos eles de forte inspiração fantástica, inscrevendo-se no mais puro terror gótico, “O Corvo” faz figura de desalinhado, pois, se mantém todas as características de série, quanto a valores de produção, equipa técnica e artística, cenários, guarda roupa, etc, acrescenta-lhe uma outra que só tinha sido pressentida aqui e ali ao longo dos outros filmes: o humor. Na verdade pode considerar-se “O Corvo”uma comédia fantástica, baseando muito do seu humor na presença de três actores míticos no género (Vincent Price, Peter Lorre e Boris Karloff) que aqui se auto parodiam com imensa subtileza e graça, criando situações divertidíssimas e saboreando de forma incomparável o seu trabalho. Nem o facto de Boris Karloff se encontrar doente, durante as filmagens, retirou algum enacnto ao resultado final, acrescentando-lhe até algum se possível: como Karloff estava doente, o duelo final entre ele e Vincent Price efectua-se com os actores sentados em enormes poltronas, o que acaba por ampliar o efeito da paródia. De resto, e para completar o que deve ser dito sobre o elenco, brilhante, há que referir a presença do então muito jovem Jack Nicholson, num papel que prenuncia já as geniais loucuras que se lhe seguiram, e ainda a bela Hazel Court, outra presença regular neste conjunto de filmes.<br />Uma das razões da qualidade desta série, é o facto de ter alguns escritores de grande qualidade a adaptarem os contos, e neste caso o poema, do celebrado escritor americano. Richard Matheson é um nome grande do romance fantástico e a ele se deve a adaptação do poema “O Corvo” de Edgar Allan Poe (outros escritores ao serviço de Corman nesta série foram, por exemplo, Charles Beaumont e Robert Towne).<br />Tudo se passa entre mágicos: o sorumbático Erasmus Craven (Vicent Price), que vive solitário no seu castelo, saudoso da sua Lenora desaparecida, vê inesperadamente entrar pela janela dentro um corvo que fala e que lhe confessa ser um antigo mago, enfeitiçado durante uma rija de mágicos, e que lhe pede a salvação, ou seja, uma mezinha que o faça regressar à sua antiga forma humana. Craven acaba por reunir os condimentos necessários à sopa de pedra que trará Bedlo (Peter Lorre) de novo à sua existência normal. Nessa altura, Bedlo confessa a Craven que a mulher deste, a tão suspirada Lenora, não se encontra morta e sepultada no esquife que o marido venera, mas sim nas mãos do perverso Scarabus (Boris Karloff), que vive por ali perto num outro castelo amaldiçoado. Para lá se dirigem, e por lá dirimem o que têm a dirimir. Com algum suspense e muita diversão.<br />O filme volta a mostrar como, com meios reduzidos mas alguma imaginação, muito talento e sensibilidade se consegue erguer uma obra particularmente interessante, recuperando algo do universo de Poe, e conceber em simultâneo um filme esteticamente de algum requinte e de assegurado sucesso popular. <img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5276016184167300866" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 300px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjba9iqk1PvzKo_VzUt3rpnZ7ct3R_WeH_qU-d6zZ6GMrw0OO6HSmoaQjLNmyUsLDLFMMeasV3x6MfuAP0DOs8gsHC-91wJrvmfIM49h3rTcGPMsZ-7FSZHsNB4g27a4xOCthYQ1ry2mO9J/s400/21633.png" border="0" /></span></strong></div></div>Lauro Antóniohttp://www.blogger.com/profile/10809594794377056368noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3185806700083356646.post-29882550150864083602008-12-03T00:13:00.006+00:002008-12-03T00:58:35.640+00:00THE RAVEN, 2 VERSÕES E 4 TRADUÇÕES<img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5275351500401380242" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 319px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFF_3ph-iauDR2rBFIX6agCWmDbBPXJ96qv3DUF9VqW4mKFtcIbeLt2XFLWlcSdjBJNpoUXmShlABKEODvh6q-Rluom_UxZDfYwMjBapGBzKJlSzDAeEn6S86BNhLgUWDtWBToFDXhM-mk/s400/bifurcaciones_EdgarAllanPoe2.jpg" border="0" /> <div align="justify"><strong><span style="font-family:trebuchet ms;"><em>"O Corvo", o mais célebre poema de Edgar Allan Poe, teve duas versões e inúmeras traduções. Aqui ficam as duas versões do autor e quatro traduções brilhantes, todavia, cada uma delas tão representativa de Edgar Allan Poe como de cada um dos escritores que as traduziram (Baudelaire, Malharmé, Fernando Pessoa e Machado de Assis). O que demonstra bem que quem lê, o faz segundo a sua experiência e sensibilidade, pelo que não há duas "leituras" iguais, e que traduzir pode não ser trair, mas nunca reproduz a experiência do original.<br /></em></span></strong><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigckcctyiSZn9zWTMownyW99NQrk0I6dIefEwuYTUBlI6Tmtevc_iHYMHkSkX6S0z5bI1T1bgYmnq41TUi-Oxbjs5nGApOYpHFNxJ5m9W8Eh9riOHG2JCrRKCgN2tFC1VJv-rGDy1cGNlz/s1600-h/16526-fullsize.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5275351541613803586" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 390px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigckcctyiSZn9zWTMownyW99NQrk0I6dIefEwuYTUBlI6Tmtevc_iHYMHkSkX6S0z5bI1T1bgYmnq41TUi-Oxbjs5nGApOYpHFNxJ5m9W8Eh9riOHG2JCrRKCgN2tFC1VJv-rGDy1cGNlz/s400/16526-fullsize.jpg" border="0" /></a><span style="font-family:trebuchet ms;"><strong>THE RAVEN<br /><br />Once upon a midnight dreary, while I pondered, weak and weary,<br />Over many a quaint and curious volume of forgotten lore,<br />While I nodded, nearly napping, suddenly there came a tapping,<br />As of some one gently rapping, rapping at my chamber door.<br />" 'Tis some visiter," I muttered, "tapping at my chamber door —<br />Only this, and nothing more."<br /><br />Ah, distinctly I remember it was in the bleak December,<br />And each separate dying ember wrought its ghost upon the floor.<br />Eagerly I wished the morrow; — vainly I had tried to borrow<br />From my books surcease of sorrow — sorrow for the lost Lenore —<br />For the rare and radiant maiden whom the angels name Lenore —<br />Nameless here for evermore.<br /><br />And the silken sad uncertain rustling of each purple curtain<br />Thrilled me — filled me with fantastic terrors never felt before;<br />So that now, to still the beating of my heart, I stood repeating<br />" 'Tis some visiter entreating entrance at my chamber door —<br />Some late visiter entreating entrance at my chamber door; —<br />This it is, and nothing more."<br /><br />Presently my soul grew stronger; hesitating then no longer,<br />"Sir," said I, "or Madam, truly your forgiveness I implore;<br />But the fact is I was napping, and so gently you came rapping,<br />And so faintly you came tapping, tapping at my chamber door,<br />That I scarce was sure I heard you" — here I opened wide the door; ——<br />Darkness there, and nothing more.<br /><br />Deep into that darkness peering, long I stood there wondering, fearing,<br />Doubting, dreaming dreams no mortal ever dared to dream before;<br />But the silence was unbroken, and the darkness gave no token,<br />And the only word there spoken was the whispered word, "Lenore!"<br />This I whispered, and an echo murmured back the word, "Lenore!"<br />Merely this, and nothing more.<br /><br />Then into the chamber turning, all my soul within me burning,<br />Soon I heard again a tapping somewhat louder than before.<br />"Surely," said I, "surely that is something at my window lattice;<br />Let me see, then, what thereat is, and this mystery explore —<br />Let my heart be still a moment and this mystery explore;—<br />'Tis the wind, and nothing more!"<br /><br />Open here I flung the shutter, when, with many a flirt and flutter,<br />In there stepped a stately raven of the saintly days of yore;<br />Not the least obeisance made he; not an instant stopped or stayed he;<br />But, with mien of lord or lady, perched above my chamber door —<br />Perched upon a bust of Pallas just above my chamber door —<br />Perched, and sat, and nothing more.<br /><br />Then this ebony bird beguiling my sad fancy into smiling,<br />By the grave and stern decorum of the countenance it wore,<br />"Though thy crest be shorn and shaven, thou," I said, "art sure no craven,<br />Ghastly grim and ancient raven wandering from the Nightly shore —<br />Tell me what thy lordly name is on the Night's Plutonian shore!"<br />Quoth the raven, "Nevermore."<br /><br />Much I marvelled this ungainly fowl to hear discourse so plainly,<br />Though its answer little meaning — little relevancy bore;<br />For we cannot help agreeing that no sublunary being<br />Ever yet was blessed with seeing bird above his chamber door —<br />Bird or beast upon the sculptured bust above his chamber door,<br />With such name as "Nevermore."<br /><br />But the raven, sitting lonely on the placid bust, spoke only<br />That one word, as if his soul in that one word he did outpour.<br />Nothing farther then he uttered — not a feather then he fluttered —<br />Till I scarcely more than muttered, "Other friends have flown before —<br />On the morrow he will leave me, as my hopes have flown before."<br />Quoth the raven, "Nevermore."<br />Wondering at the stillness broken by reply so aptly spoken,<br />"Doubtless," said I, "what it utters is its only stock and store,<br />Caught from some unhappy master whom unmerciful Disaster<br />Followed fast and followed faster — so, when Hope he would adjure,<br />Stern Despair returned, instead of the sweet Hope he dared adjure —<br />That sad answer, "Nevermore!"<br /><br />But the raven still beguiling all my sad soul into smiling,<br />Straight I wheeled a cushioned seat in front of bird, and bust and door;<br />Then upon the velvet sinking, I betook myself to linking<br />Fancy unto fancy, thinking what this ominous bird of yore —<br />What this grim, ungainly, ghastly, gaunt, and ominous bird of yore<br />Meant in croaking "Nevermore."<br /><br />This I sat engaged in guessing, but no syllable expressing<br />To the fowl whose fiery eyes now burned into my bosom's core;<br />This and more I sat divining, with my head at ease reclining<br />On the cushion's velvet lining that the lamplight gloated o'er,<br />But whose velvet violet lining with the lamplight gloating o'er,<br />She shall press, ah, nevermore!<br /><br />Then, methought, the air grew denser, perfumed from an unseen censer<br />Swung by angels whose faint foot-falls tinkled on the tufted floor.<br />"Wretch," I cried, "thy God hath lent thee — by these angels he hath sent thee<br />Respite — respite and Nepenthe from thy memories of Lenore!<br />Let me quaff this kind Nepenthe and forget this lost Lenore!"<br />Quoth the raven, "Nevermore."<br /><br />"Prophet!" said I, "thing of evil! — prophet still, if bird or devil! —<br />Whether Tempter sent, or whether tempest tossed thee here ashore,<br />Desolate, yet all undaunted, on this desert land enchanted —<br />On this home by Horror haunted — tell me truly, I implore —<br />Is there — is there balm in Gilead? — tell me — tell me, I implore!"<br />Quoth the raven, "Nevermore."<br /><br />"Prophet!" said I, "thing of evil! — prophet still, if bird or devil!<br />By that Heaven that bends above us — by that God we both adore —<br />Tell this soul with sorrow laden if, within the distant Aidenn,<br />It shall clasp a sainted maiden whom the angels name Lenore —<br />Clasp a rare and radiant maiden whom the angels name Lenore."<br />Quoth the raven, "Nevermore."<br /><br />"Be that word our sign of parting, bird or fiend!" I shrieked, upstarting —<br />"Get thee back into the tempest and the Night's Plutonian shore!<br />Leave no black plume as a token of that lie thy soul hath spoken!<br />Leave my loneliness unbroken! — quit the bust above my door!<br />Take thy beak from out my heart, and take thy form from off my door!"<br />Quoth the raven, "Nevermore."<br /><br />And the raven, never flitting, still is sitting, still is sitting<br />On the pallid bust of Pallas just above my chamber door;<br />And his eyes have all the seeming of a demon that is dreaming,<br />And the lamp-light o'er him streaming throws his shadow on the floor;<br />And my soul from out that shadow that lies floating on the floor<br />Shall be lifted — nevermore!<br /><br />Texto de Edgar Allan Poe, primeira edição, aparecido na revista “American Review”, em Fevereiro de 1845. <img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5275358257959934066" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 277px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQJT1FDtkIpe2R8PYsD0ZH2APWUutfWi79UCkKm1F2Rvc-L4glaaGcwrXqmPYN4FMBdpArSKilvPTcL0UZOGaepEK4V46FgP_OMEgxTJbQaq3gn0HiCo7IMnD8coiA_pF8X-E7FITtKvzt/s400/raven18_fancy.jpg" border="0" /></div></strong></span><span style="font-family:trebuchet ms;"><strong><div><div><div>THE RAVEN<br /><br />Once upon a midnight dreary, while I pondered, weak and weary,<br />Over many a quaint and curious volume of forgotten lore —<br />While I nodded, nearly napping, suddenly there came a tapping,<br />As of some one gently rapping, rapping at my chamber door.<br />"'Tis some visiter," I muttered, "tapping at my chamber door —<br />Only this and nothing more."<br />Ah, distinctly I remember it was in the bleak December;<br />And each separate dying ember wrought its ghost upon the floor.<br />Eagerly I wished the morrow; — vainly I had sought to borrow<br />From my books surcease of sorrow — sorrow for the lost Lenore —<br />For the rare and radiant maiden whom the angels name Lenore —<br />Nameless here for evermore.<br /><br />And the silken, sad, uncertain rustling of each purple curtain<br />Thrilled me — filled me with fantastic terrors never felt before;<br />So that now, to still the beating of my heart, I stood repeating<br />"'Tis some visiter entreating entrance at my chamber door —<br />Some late visiter entreating entrance at my chamber door; —<br />This it is and nothing more."<br /><br />Presently my soul grew stronger; hesitating then no longer,<br />"Sir," said I, "or Madam, truly your forgiveness I implore;<br />But the fact is I was napping, and so gently you came rapping,<br />And so faintly you came tapping, tapping at my chamber door,<br />That I scarce was sure I heard you" — here I opened wide the door; ——<br />Darkness there and nothing more.<br /><br />Deep into that darkness peering, long I stood there wondering, fearing,<br />Doubting, dreaming dreams no mortal ever dared to dream before;<br />But the silence was unbroken, and the stillness gave no token,<br />And the only word there spoken was the whispered word, "Lenore?"<br />This I whispered, and an echo murmured back the word, "Lenore!" —<br />Merely this and nothing more.<br /><br />Back into the chamber turning, all my soul within me burning,<br />Soon again I heard a tapping somewhat louder than before.<br />"Surely," said I, "surely that is something at my window lattice;<br />Let me see, then, what thereat is, and this mystery explore —<br />Let my heart be still a moment and this mystery explore;—<br />'Tis the wind and nothing more!"<br /><br />Open here I flung the shutter, when, with many a flirt and flutter,<br />In there stepped a stately Raven of the saintly days of yore;<br />Not the least obeisance made he; not a minute stopped or stayed he;<br />But, with mien of lord or lady, perched above my chamber door —<br />Perched upon a bust of Pallas just above my chamber door —<br />Perched, and sat, and nothing more. [column 5:]<br /><br /><br />Then this ebony bird beguiling my sad fancy into smiling,<br />By the grave and stern decorum of the countenance it wore,<br />"Though thy crest be shorn and shaven, thou," I said, "art sure no craven,<br />Ghastly grim and ancient Raven wandering from the Nightly shore —<br />Tell me what thy lordly name is on the Night's Plutonian shore!"<br />Quoth the Raven "Nevermore."<br /><br />Much I marvelled this ungainly fowl to hear discourse so plainly,<br />Though its answer little meaning — little relevancy bore;<br />For we cannot help agreeing that no living human being<br />Ever yet was blessed with seeing bird above his chamber door —<br />Bird or beast upon the sculptured bust above his chamber door,<br />With such name as "Nevermore."<br /><br />But the Raven, sitting lonely on the placid bust, spoke only<br />That one word, as if his soul in that one word he did outpour.<br />Nothing farther then he uttered — not a feather then he fluttered —<br />Till I scarcely more than muttered "Other friends have flown before —<br />On the morrow he will leave me, as my Hopes have flown before."<br />Then the bird said "Nevermore."<br /><br />Startled at the stillness broken by reply so aptly spoken,<br />"Doubtless," said I, "what it utters is its only stock and store<br />Caught from some unhappy master whom unmerciful Disaster<br />Followed fast and followed faster till his songs one burden bore —<br />Till the dirges of his Hope that melancholy burden bore<br />Of 'Never — nevermore'."<br /><br />But the Raven still beguiling my sad fancy into smiling,<br />Straight I wheeled a cushioned seat in front of bird, and bust and door;<br />Then, upon the velvet sinking, I betook myself to linking<br />Fancy unto fancy, thinking what this ominous bird of yore —<br />What this grim, ungainly, ghastly, gaunt, and ominous bird of yore<br />Meant in croaking "Nevermore."<br /><br />This I sat engaged in guessing, but no syllable expressing<br />To the fowl whose fiery eyes now burned into my bosom's core;<br />This and more I sat divining, with my head at ease reclining<br />On the cushion's velvet lining that the lamp-light gloated o'er,<br />But whose velvet-violet lining with the lamp-light gloating o'er,<br />She shall press, ah, nevermore!<br /><br />Then, methought, the air grew denser, perfumed from an unseen censer<br />Swung by seraphim whose foot-falls tinkled on the tufted floor.<br />"Wretch," I cried, "thy God hath lent thee — by these angels he hath sent thee<br />Respite — respite and nepenthe, from thy memories of Lenore;<br />Quaff, oh quaff this kind nepenthe and forget this lost Lenore!"<br />Quoth the Raven "Nevermore."<br /><br />"Prophet!" said I, "thing of evil! — prophet still, if bird or devil! —<br />Whether Tempter sent, or whether tempest tossed thee here ashore,<br />Desolate yet all undaunted, on this desert land enchanted —<br />On this home by Horror haunted — tell me truly, I implore —<br />Is there — is there balm in Gilead? — tell me — tell me, I implore!"<br />Quoth the Raven "Nevermore."<br /><br />"Prophet!" said I, "thing of evil! — prophet still, if bird or devil!<br />By that Heaven that bends above us — by that God we both adore —<br />Tell this soul with sorrow laden if, within the distant Aidenn,<br />It shall clasp a sainted maiden whom the angels name Lenore —<br />Clasp a rare and radiant maiden whom the angels name Lenore."<br />Quoth the Raven "Nevermore."<br /><br />"Be that word our sign of parting, bird or fiend!" I shrieked, upstarting —<br />"Get thee back into the tempest and the Night's Plutonian shore!<br />Leave no black plume as a token of that lie thy soul hath spoken!<br />Leave my loneliness unbroken! — quit the bust above my door!<br />Take thy beak from out my heart, and take thy form from off my door!"<br />Quoth the Raven "Nevermore."<br /><br />And the Raven, never flitting, still is sitting, still is sitting<br />On the pallid bust of Pallas just above my chamber door;<br />And his eyes have all the seeming of a demon's that is dreaming,<br />And the lamp-light o'er him streaming throws his shadow on the floor;<br />And my soul from out that shadow that lies floating on the floor<br />Shall be lifted — nevermore!<br /><br />Versão final, revista por Põe, aparecida em “Richmond Semi-Weekly Examiner”, em 1849.<br /><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5275351488063942130" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 273px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQujwKG833gqySBM5U8BSKMtTwwFVZ4d9lOCK3it57ZBi0m4bYEvE4MUEj4C9qot6YkmdGZAsFDhy-Tm4ZMJ97yqEwYntJeyWq-64-5FQnpAFerESnoXVJZhtLBpsfL9aH0CT0Aa5E_8Wk/s400/crow152da66ut8.jpg" border="0" /></strong></span></div></div></div><div align="left"><span style="font-family:trebuchet ms;"><strong>LE CORBEAU</strong></span></div><span style="font-family:trebuchet ms;"><strong><div align="left"><br />Une fois, sur le minuit lugubre, pendant que je méditais, faible et<br />fatigué, sur maint précieux et curieux volume d'une doctrine oubliée,<br />pendant que je donnais de la tête, presque assoupi, soudain il se fit un<br />tapotement, comme de quelqu'un frappant doucement, frappant à la porte<br />de ma chambre. "C'est quelque visiteur, - murmurai-je, - qui frappe à la<br />porte de ma chambre; ce n'est que cela, et rien de plus."<br /><br />Ah! distinctement je me souviens que c'était dans le glacial décembre,<br />et chaque tison brodait à son tour le plancher du reflet de son agonie.<br />Ardemment je désirais le matin; en vain m'étais-je efforcé de tirer de<br />mes livres un sursi à ma tristesse, ma tristesse pour ma Léonore perdue,<br />pour la précieuse et rayonnante fille que les anges nomment Lénore, - et<br />qu'ici on ne nommera jamais plus.<br /><br />Et le soyeux, triste et vague brissement des rideaux pourprés me<br />pénétrait, me remplissait de terreurs fantastiques, inconnues pour moi<br />jusqu'à ce jour; si bien qu'enfin, pour apaiser le battement de mon<br />coeur, je me dressai, répétant: "C'est quelque visiteur qui sollicite<br />l'entrée à la porte de ma chambre; - c'est cela même, et rien de plus."<br /><br />Mon âme en ce moment se sentit plus forte. N'hésitant donc pas plus<br />longtemps: "Monsieur, - dis-je, - ou madame, en vérité, j'implore votre<br />pardon; mais le fait est que je sommeillais, et vous êtes venu taper à<br />la porte de ma chambre, qu'à peine étais-je certain de vous avoir<br />entendu." Et alors j'ouvris la porte toute grande; - les ténèbres, et<br />rien de plus!<br /><br />Scrutant profondément ces ténèbres, je me tins longtemps plein<br />d'étonnements, de crainte, de doute, révant des rêves qu'aucun mortel<br />n'a jamais osé réver; mais le silence ne fut pas troublé, et<br />l'immobilité ne donna aucun signe, et le seul mot proféré fut un nom<br />chuchoté: "Léonore!" - C'était moi qui le chuchotais, et un écho à son<br />tour murmura ce mot: "Lénore!" Purement cela, et rien de plus.<br /><br />Rentrant dans ma chambre, et sentant en moi toute mon âme incendiée,<br />j'entendis bientôt un coup un peu plus fort que le premier. "Sûrement, -<br />dis-je, - sûrement il y a quelque chose aux jalousies de ma fenêtre;<br />voyons donc ce que c'est, et explorons ce mystère. Laissons mon coeur se<br />calmer un instant, et explorons ce mystère; c'est le vent, et rien de<br />plus."<br /><br />Je poussais alors le volet, et, avec un tumultueux battement d'ailes,<br />entra un majestueux corbeau digne des anciens jours. Il ne fit pas la<br />moindre révérence, il ne s'arrêta pas, il n'hésita pas une minute; mais,<br />avec la mine d'un lord ou d'une lady, il se percha au-dessus de la porte<br />de ma chambre; il se percha sur un buste de Pallas juste au-dessus de la<br />porte de ma chambre; - il se percha, s'installa, et rien de plus.<br /><br />Alors, cet oiseau d'ébène, par la gravité de son maintien et la sévérité<br />de sa physionomie, induisant ma triste imagination à sourire: "Bien que<br />la tête, - lui dis-je, - soit sans huppe et sans cimier, tu n'es certes<br />pas un poltron, lugubre et ancien corbeau, voyageur parti des rivages de<br />la nuit. Dis-moi quel est ton nom seigneurial aux rivages de la nuit<br />plutonienne! "Le corbeau dit: Jamais plus!"<br /><br />Je fus émerveillé que ce disgracieux volatile entendît si facilement la<br />parole, bien que sa réponse n'eût pas un bien grand sens et ne me fît<br />pas d'un grand secours; car nous devons convenir que jamais il ne fut<br />donné à un homme vivant de voir un oiseau au-dessus de la porte de sa<br />chambre, un oiseau ou une bête sur un buste sculpté au-dessus de la<br />porte de sa chambre, se nommant d'un nom tel que - Jamais plus!<br /><br />Mais le corbeau, perché solitairement sur le buste placide, ne proféra<br />que ce mot unique, comme si dans ce mot unique il répandait toute son<br />âme. Il ne prononça rien de plus; il ne remua pas une plume, - jusqu'à<br />ce que je me prisse à murmurer faiblement: "D'autres amis se sont déjà<br />envolés loin de moi; vers le matin, lui aussi, il me quittera comme mes<br />anciennes espèrances déjà envolées." L'oiseau dit alors: "Jamais plus!"<br /><br />Tressaillant au bruit de cette réponse jetée avec tant d'à-propos: "Sans<br />doute, - dis-je, - ce qu'il prononce est tout son bagage de savoir,<br />qu'il a pris chez quelque maître infortuné que le Malheur impitoyable a<br />poursuivi ardement, sans répit, jusqu'à ce que ses chansons n'eussent<br />plus qu'un seul refrain, jusqu'á ce que le De profundis de son Espérance<br />eût pris ce mélancolique refrain: "Jamais, jamais plus!"<br /><br />Mais, le corbeau induisant encore toute ma triste âme à sourire, je<br />roulai tout de suite un siège à coussins en face de l'oiseau et du buste<br />et de la porte; alors, m'enfonçant dans le velours, je m'appliquai à<br />enchaîner les idées aux idées, cherchant ce que cet augural oiseau des<br />anciens jours, ce que ce triste, disgracieux, sinistre, maigre et<br />augural oiseau des anciens jours voulait faire entendre en croassant son<br />- Jamais plus!<br /><br />Je me tenais ainsi, rêvant, conjecturant, mais n'adressant plus une<br />syllabe à l'oiseau, dont les yeux ardents me brûlaient maintenant<br />jusqu'au fond du coeur; je cherchai à deviner cela, et plus encore, ma<br />tête reposant à l'aise sur le velours du coussin que caressait la<br />lumière de la lampe, ce velours violet caressé par la lumière de la<br />lampe que sa tête, à Elle, ne pressera plus, - ah! jamais plus!<br /><br />Alors, il me sembla que l'air s'épaississait, parfumé par un encensoir<br />invisible que balançaient des séraphins dont les pas frôlaient le tapis<br />de la chambre. "Infortuné! - m'écriai-je, - ton Dieu t'a donné par ses<br />anges, il t'a envoyé du répit, du répit et du népenthès dans tes<br />ressouvenirs de Lénore perdue!" Le corbeau dit: "Jamais plus!"<br /><br />"Phrophète! - dis-je, - être de malheur! oiseau ou démon, mais toujours<br />phrophète! que tu sois un envoyé du Tentateur, ou que la tempête t'ait<br />simplement échoué, naufragé, mais encore intrépide, sur cette terre<br />déserte, ensocelée, dans ce logis par l'Horreur hanté, - dis-moi<br />sincèrement, je t'en supplie, existe-t-il ici un baume de Judée! Dis,<br />dis, je t'en supplie!" Le corbeau dit: "Jamais plus!"<br /><br />"Phrophète! - dis-je, - être de malheur! oiseau ou démon! Toujours<br />phrophète! par ce ciel tendu sur nos têtes, par ce Dieu que tous deux<br />nous adorons, dis à cette âme chargée de douleur si, dans le Paradis<br />lointain, elle pourra embrasser une fille sainte que les anges nomment<br />Lénore, embrasser une précieuse et rayonnante fille que les anges<br />nomment Léonore." Le corbeau dit: "Jamais plus!"<br /><br />"Que cette parole soit le signal de notre séparation, oiseau ou démon! -<br />hurlai-je en me redressant. - Rentre dans la tempête, retourne au rivage<br />de la nuit plutonienne; ne laisse pas ici une seule plume noire comme<br />souvenir du mensonge que ton âme a proféré; laisse ma solitude inviolée;<br />quitte ce buste au-dessus de ma porte; arrache ton bec de mon coeur, et<br />précipite ton spectre loin de ma porte!" Le corbeau dit: "Jamais plus!"<br /><br />Et le corbeau, immuable, est toujours installé, toujours installé sur le<br />buste pâle de Pallas, juste au-dessus de la porte de ma chambre; et ses<br />yeux ont toute la semblance des yeux d'un démon qui rêve; et la lumière<br />de la lampe, en ruisselant sur lui, projette son ombre sur le plancher;<br />et mon âme, hors du cercle de cette ombre qui gît flottant sur le<br />plancher, ne pourra plus s'élever, - jamais plus!<br /><br />(Tradução de Charles Baudelaire, 1856)<br /></div><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5275358244278003138" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 300px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCZMwgF0OvEUGY2W1weky0SbLnOKfskaSWHiEpsrEZr0uBn8W9bAQCy8Kr-zFFQwwhUs66UWCOCqam4hyZVCDHycStg2oEjTRfzoDC9y0gsZn9fZV2zMg60Puc-iJQhvSY3wEcYZZ57KRN/s400/ATgAAAC8KalAWQEj2zoBiyhCfW7eFsBs08AHy0-VRz7DH9OfBWAIhFiTXJ4LgQ30Hyd1lxtZ-dKNw4r44MDcCmxJf3x7AJtU9VBv-Sre9KlL1Nk7cwCY3j5JGSQZYg.jpg" border="0" />LE CORBEAU<br /><br />Une fois, par un minuit lugubre, tandis que je m'appesantissais, faible<br />et fatigué, sur maint curieux et bizarre volume de savoir oublié, tandis<br />que je dodelinais la tête, somnolant presque, soudain se fit un heurt,<br />comme de quelqu'un frappant doucement, frappant à la porte de ma<br />chambre, cela seul et rien de plus<br /><br />Ah! distinctement je me souviens que c'était en le glacial décembre :<br />et chaque tison, mourant isolé, ouvrageait son spectre sur le sol.<br />Ardemment je souhaitais le jour; vainement j'avais cherché d'emprunter<br />à mes livres un sursis au chagrin - au chagrin de la Léonore perdue -<br />de la rare et rayonnante jeune fille que les anges nomment Lénore -<br />de nom! pour elle ici, non, jamais plus!<br /><br />Et de la soie l'incertain et triste bruissement en chaque rideau purpural<br />me traversait, m'emplissait de fantastiques terreurs pas senties<br />encore : si bien que, pour calmer le battement de mon coeur, je<br />demeurais maintenant à répéter : C'est quelque visiteur qui sollicite<br />l'entrée, à la porte de ma chambre; quelque visiteur qui sollicite l'entrée<br />à la porte de ma chambre; c'est cela et rien de plus<br /><br />Mon âme se fit subitement plus forte et, n'hésitant davantage :<br /><<monsieur,>> Ici j'ouvris grande<br />la porte : les ténèbres et rien de plus<br /><br />Loin dans l'ombre regardant, je me tins longtemps à douter, m'étonner<br />et craindre, à rêver des rêves qu'aucun mortel n'avait osé rêver encore ;<br />mais le silence ne se rompit point et la quiétude ne donna de signe ;<br />et le seul mot qui se dit, fut le mot chuchoté <<lénore!>> je le<br />chuchotai et un écho murmura de retour le mot <<léonore!>> purement<br />cela et rien de plus<br /><br />Rentrant dans la chambre, toute l'âme en feu, j'entendis bientôt un<br />heurt en quelque sorte plus fort qu'auparavant. <<sûrement,>><br /><br />Au large je poussai le volet, quand, avec maints enjouement et agitation<br />d’ailes, entra un majestueux corbeau des saints jours de jadis. Il ne<br />fit pas la moindre révérence, il ne s’arrêta ni n’hésita un instant : mais,<br />avec une mine de lord ou de lady, se percha au-dessus de la porte de<br />ma chambre ; se percha sur un buste de Pallas, juste au-dessus de la<br />porte de ma chambre ; se percha, siégea et rien de plus<br /><br />Alors cet oiseau d’ébène induisant ma triste imagination au sourire,<br />par le grave et sévère décorum de la contenance qu’il eut : <<quoique>> Le Corbeau dit : <<jamais>><br /><br />Je m’émerveillai fort d’entendre ce disgracieux volatile s’énoncer aussi<br />clairement, quoique sa réponse n’eût que peu de sens et peu d’à-propos ;<br />car on ne peut s’empêcher de convenir que nul homme vivant n’eut<br />encore l’heur de voir un oiseau au-dessus de la porte de sa chambre<br />- un oiseau ou toute autre bête sur le buste sculpté au-dessus de la porte<br />de sa chambre -, avec un nom tel que : <<jamais>><br /><br />Mais le Corbeau perché solitairement sur ce buste placide, parla ce<br />seul mot comme si son âme, en ce seul mot, il la répandait. Je ne proférai<br />donc rien de plus ; il n’agita donc pas de plume, jusqu’à ce que je<br />fis à peine davantage que marmotter : <<d’autres>> Alors l’oiseau dit : <<jamais>><br /><br />Tressaillant au calme rompu par une réplique si bien parlée ; <<sans>><br /><br />Le Corbeau induisant toute ma triste âme encore au sourire, je roulai<br />soudain un siège à coussins en face de l’oiseau, et du buste, et de la<br />porte ; et m’enfonçant dans le velours, je me pris à enchaîner songerie<br />à songerie, pesant à ce que cet augural oiseau de jadis, à ce que<br />ce sombre, disgracieux, sinistre, maigre, et augural oiseau de jadis<br />signifiait en croissant : <<jamais>><br /><br />Cela, je m’assis occupé à le conjecturer, mais n’adressant pas une syllabe<br />à l’oiseau dont les yeux de feu brûlaient, maintenant, au fond de mon<br />sein ; cela et plus encore, je m’assis pour le devine, ma tête reposant<br />à l’aise sur la housse de velours des coussins que dévorait la lumière<br />de la lampe, housse violette de velours qu’Elle ne pressera plus, ah!<br />jamais plus.<br /><br />L’air, me sembla-t-il, devint alors que dense, parfumé selon un<br />encensoir invisible balancé par les Séraphins dont le pied, dans la chute<br />tintait sur l’étoffe du parquet. <<misérable!>> Le Corbeau dit : <<jamais>><br /><br />Et le Corbeau, sans voleter, siège encore, siège encore sur le buste pallidede Pallas, juste au-dessus de la porte de ma chambre, et ses yeux onttoute la semblance des yeux d’un démon qui rêve, et la lumière de la lampe, ruisselant sur lui, projette son ombre à terre : et mon âme,<br />de cette ombre qui gîte flottante à terre ne s’élèvera - jamais plus.<br /><br />(tradução de Stephane Mallarmé)<br /><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5275351528422607362" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 291px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFy_QtjP3HWYjEhBMblYtoS5RzQi_pxLOwrHzbel7PLKd-XIwmTz59jUOZZ3zIg-YPGVVgPTj6t47zV752U81WlawvzfYFkUL3jpCzkc-CjAMFGSNtMxnJ1cM4i0p5E8KAaMT8vRiA6e2h/s400/untitled.bmp" border="0" />O CORVO<br /><br />Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,<br />Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,<br />E já quase adormecia, ouvi o que parecia<br />O som de alguém que batia levemente a meus umbrais.<br />"Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.<br /><br />É só isto, e nada mais."<br />Ah, que bem disso me lembro! Era no frio Dezembro,<br />E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.<br />Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada<br />P'ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais -<br />Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,<br /><br />Mas sem nome aqui jamais!<br />Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo<br />Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!<br />Mas, a mim mesmo infundido força, eu ia repetindo,<br />"É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;<br />Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.<br /><br />É só isto, e nada mais".<br />E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,<br />"Senhor", eu disse, "ou senhora, decerto me desculpais;<br />Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,<br />Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,<br />Que mal ouvi..." E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.<br /><br />Noite, noite e nada mais.<br />A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,<br />Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.<br />Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,<br />E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -<br />Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.<br /><br />Isso só e nada mais.<br />Para dentro então volvendo, toda a alma em mim ardendo,<br />Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.<br />"Por certo", disse eu, "aquela bulha é na minha janela.<br />Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais."<br />Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.<br /><br />"É o vento, e nada mais."<br />Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,<br />Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.<br />Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,<br />Mas com ar solene e lento pousou sobre os meus umbrais,<br />Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais,<br /><br />Foi, pousou, e nada mais.<br />E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura<br />Com o solene decoro de seus ares rituais.<br />"Tens o aspecto tosquiado", disse eu, "mas de nobre e ousado,<br />Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!<br />Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais."<br /><br />Disse o corvo, "Nunca mais".<br />Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,<br />Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.<br />Mas deve ser concedido que ninguém terá havido<br />Que uma ave tenha tido pousada nos meus umbrais,<br />Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,<br /><br />Com o nome "Nunca mais".<br />Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,<br />Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.<br />Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento<br />Perdido, murmurei lento, "Amigo, sonhos - mortais<br />Todos - todos já se foram. Amanhã também te vais".<br /><br />Disse o corvo, "Nunca mais".<br />A alma súbito movida por frase tão bem cabida,<br />"Por certo", disse eu, "são estas vozes usuais,<br />Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono<br />Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,<br />E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de ais<br /><br />Era este "Nunca mais".<br />Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,<br />Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;<br />E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira<br />Que qu'ria esta ave agoureia dos maus tempos ancestrais,<br />Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,<br /><br />Com aquele "Nunca mais".<br />Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo<br />À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,<br />Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando<br />No veludo onde a luz punha vagas sobras desiguais,<br />Naquele veludo onde ela, entre as sobras desiguais,<br /><br />Reclinar-se-á nunca mais!<br />Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incenso<br />Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.<br />"Maldito!", a mim disse, "deu-te Deus, por anjos concedeu-te<br />O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,<br />O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!"<br /><br />Disse o corvo, "Nunca mais".<br />"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!<br />Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,<br />A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo,<br />A esta casa de ância e medo, dize a esta alma a quem atrais<br />Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!<br /><br />Disse o corvo, "Nunca mais".<br />"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!<br />Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais.<br />Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida<br />Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,<br />Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!"<br /><br />Disse o corvo, "Nunca mais".<br />"Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!", eu disse. "Parte!<br />Torna á noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!<br />Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!<br />Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!<br />Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!"<br /><br />Disse o corvo, "Nunca mais".<br />E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda<br />No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.<br />Seu olhar tem a medonha cor de um demônio que sonha,<br />E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão há mais e mais,<br /><br />Libertar-se-á... nunca mais!<br />(Tradução de Fernando Pessoa)<br /><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5275358242020464290" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 261px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDcgPl_6Ua5GO5VssKW3uLqUhSwoEmRatx-wYlUkyAT8uIzbGtkJ9Vf9DDOuN6-YwJPISz3MZqqYEnLfrEzhFqWmt5i1sCXGVGbiD7wkwUN3Girw_uoEcDfFcXapfMbD46ev7WehNacgQ2/s400/374447_f520.jpg" border="0" />O CORVO<br /><br />Em certo dia, à hora<br />Da meia-noite que apavora,<br />Eu, caindo de sono e exausto de fadiga,<br />Ao pé de muita lauda antiga,<br />De uma velha doutrina agora morta,<br />Ia pensando, quando ouvi à porta<br />Do meu quarto um soar devagarinho,<br />E disse estas palavras tais:<br />"É alguém que me bate à porta de mansinho;<br />Há de ser isso e nada mais".<br />Ah! bem me lembro! bem me lembro!<br />Era no glacial Dezembros;<br /><br />Cada brasa do lar sobre o colchão refletia<br />A sua última agonia.<br />Eu ansioso pelo Sol, buscava<br />Sacar daqueles livros que estudava<br />Repouso (em vão!) à dor esmagadora<br />Destas saudades imortais<br />Pela que ora nos céus anjos chamam Lenora,<br />E que ninguém chamará mais.<br /><br />E o rumor triste, vago, brando<br />Das cortinas ia acordando<br />Dentro em meu coração um rumor não sabido,<br />Nunca por ele padecido.<br />Enfim, por aplacá-lo aqui, no peito,<br />Levantei-me de pronto, e "Com efeito,<br />(Disse), é visita amiga e retardada<br />"Que bate a estas horas tais.<br />"É visita que pede à minha porta entrada:<br />"Há de ser isso e nada mais".<br /><br />Minh'alma então sentiu-se forte;<br />Não mais vacilo, e desta sorte<br />Falo: "Imploro de vós - ou senhor ou senhora,<br />Me desculpeis tanta demora.<br />"Mas como eu, precisando de descanso<br />"Já cochilava, e tão de manso e manso,<br />"Batestes, não fui logo, prestemente,<br />"Certificar-me que aí estais".<br />Disse; a porta escancar, acho a noite somente,<br />somente a noite, e nada mais.<br /><br />Com longo olhar escruto a sombra<br />Que me amedronta, que me assombra.<br />E sonho o que nenhum mortal há já sonhado,<br />Mas o silêncio amplo e calado,<br />Calado fica; a quietação quieta;<br />Só tu, palavra única e dilecta,<br />Lenora, tu, com um suspiro escasso,<br />Da minha triste boca sais;<br />E o eco, que te ouviu, murmurou-te no espaço;<br />Foi isso apenas, nada mais.<br /><br />Entro co'a alma incendiada.<br />Logo depois outra pancada<br />Soa um pouco mais forte; eu, voltando-me a ela:<br />"Seguramente, há na janela<br />Alguma coisa que sussurra. Abramos,<br />"Eia, fora o temor, eia, vejamos<br />"A explicação do caso misterioso<br />Dessas duas pancadas tais,<br />"Devolvamos a paz ao coração medroso,<br />"Obra do vento, e nada mais".<br /><br />Abro a janela, e de repente,<br />Vejo tumultuosamente<br />Um nobre corvo entrar, digno de antigos dias.<br />Não despendeu em cortesias<br />Um minuto, um instante. Tinha o aspecto<br />de um lord ou de uma lady. E pronto e reto,<br />Movendo no ar as suas negras alas,<br />Acima voa dos portais,<br />Trepa, no alto da porta em um busto de Palas:<br />Trepado fica, e nada mais.<br /><br />Diante da ave feia e escura,<br />Naquela rígida postura,<br />Com o gosto severo, - o triste pensamento<br />Sorriu-me ali por um momento,<br />E eu disse: "Ó tu que das nocturnas plagas<br />"Vens, embora a cabeça nua tragas,<br />"Sem topete, não és ave medrosa,<br />"Dize os teus nomes senhoriais;<br />"Como te chamas tu na grande noite umbrosa?"<br />E o corvo disse: "Nunca mais".<br /><br />Vendo que o pássaro entendia<br />A pergunta que eu lhe fazia,<br />Fico atônito, embora a resposta que dera<br />Dificilmente lha entendera.<br />Na verdade, jamais homem há visto<br />Coisa na terra semelhante a isto:<br />Uma ave negra, friamente posta<br />Num busto, acima dos portais,<br />Ouvir uma pergunta a dizer em resposta<br />Que este é seu nome: "Nunca mais".<br /><br />No entanto, o corvo solitário<br />Não teve outro vocabulário.<br />Como se essa palavra escassa que ali disse<br />Toda sua alma resumisse,<br />Nenhuma outra proferiu, nenhuma.<br />Não chegou a mexer uma só pluma,<br />Até que eu murmurei: "Perdi outrora<br />"Tantos amigos tão leais!<br />"Perderei também este em regressando a aurora".<br />E o corvo disse: "Nunca mais!"<br /><br />Estremeço. A resposta ouvida<br />É tão exata! é tão cabida!<br />"Certamente, digo eu, essa é toda a ciência<br />"Que ele trouxe da convivência<br />"De algum mestre infeliz e acabrunhado<br />"Que o implacável destino há castigado<br />"Tão tenaz, tão sem pausa, nem fadiga,<br />"Que dos seus cantos usuais<br />"Só lhe ficou, na amarga e última cantiga,<br />"Esse estribilho: "Nunca mais".<br /><br />Segunda vez nesse momento<br />Sorriu-me o triste pensamento;<br />Vou sentar-me defronte ao corvo magro e rudo;<br />E, mergulhando no veludo<br />Da poltrona que eu mesmo ali trouxera,<br />Achar procuro a lúgubre quimera,<br />A alma, o sentido, o pávido segredo<br />Daquelas sílabas fatais,<br />Entender o que quis dizer a ave do medo<br />Grasnando a frase: "Nunca mais".<br /><br />Assim posto, devaneando,<br />Meditando, conjecturando,<br />Não lhe falava mais; mas, se lhe não falava,<br />Sentia o olhar que me abrasava.<br />Conjecturando fui, tranquilo, a gosto,<br />Com a cabeça no macio encosto<br />Onde os raios da Lâmpada caíam,<br />Onde as tranças angelicais<br />De outra cabeça outrora ali se desparziam<br />E agora não se esparzem mais.<br /><br />Supus então que o ar, mais denso,<br />Todo se enchia de um incenso,<br />Obra de serafins que, pelo chão roçando<br />Do quarto, estavam meneando<br />Um ligeiro turíbulo invisível:<br />E eu exclamei então: "Um Deus sensível<br />"Manda repouso à dor que te devora<br />"Destas saudades imortais.<br />"Eia, esquece, eia, olvida essa extinta Lenora".<br />E o corvo disse: "Nunca mais".<br /><br />"Profeta, ou o que quer que sejas!<br />"Ave ou demónio que negrejas!<br />"Profeta sempre, escuta: Ou venhas tu do inferno<br />"Onde reside o mal eterno,<br />"Ou simplesmente náufrago escapado<br />"Venhas do temporal que te há lançado<br />"Nesta casa onde o Horror, o Horror profundo<br />"Tem os seus lares triunfais,<br />"Dize-me: existe acaso um bálsamo no mundo?"<br />E o corvo disse: "Nunca mais".<br /><br />"Profeta, ou o que quer que sejas!<br />"Ave ou demónio que negrejas!<br />"Profeta sempre, escuta, atende, escuta, atende!<br />"Por esse céu que além se estende,<br />"Pelo Deus que ambos adoramos, fala,<br />"Dize a esta alma se é dado inda escutá-la<br />"No Éden celeste a virgem que ela chora<br />"Nestes retiros sepulcrais,<br />"Essa que ora nos céus anjos chamam Lenora!"<br />E o corvo disse: "Nunca mais!"<br /><br />"Ave ou demónio que negrejas!<br />"Profeta, ou o que quer que sejas!<br />"Cessa, ai, cessa! (clamei, levantando-me) cessa!<br />"Regressando ao temporal, regressa<br />"À tua noite, deixa-me comigo...<br />"Vai-te, não fique no meu casto abrigo<br />"Pluma que lembre essa mentira tua.<br />"Tira-me ao peito essas fatais<br />"Garras que abrindo vão a minha dor já crua"<br />E o corvo disse: "Nunca mais".<br /><br />E o corvo aí fica; ei-lo trepado<br />No branco mármore lavrado<br />Da antiga Palas; ei-lo imutável, ferrenho.<br />Parece, ao ver-lhe o duro cenho,<br />Um demónio sonhando. A luz caída<br />Do lampião sobre a ave aborrecida<br />No chão espraia a triste sombra; e fora<br />Daquelas linhas funerais<br />Que flutuam no chão, a minha alma que chora<br />Não sai mais, nunca, nunca mais.<br /><br />(tradução de Machado de Assis) <img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5275358249432463986" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 394px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4NmjpfcbMoIy9dtGr6qu9O_AZBrLl-oRH3VC8JRXGslhXVhJEqm4WKkjRnCO3aV72uVF-6D1vbmi1XxpmFl-hb0-7VagxsZT_Yjf2hLwvbkoMbZFvz3m36D4ybteJ5iYvGmvQHb13gwOH/s400/Gustav+Dore.png" border="0" /></strong></span>Lauro Antóniohttp://www.blogger.com/profile/10809594794377056368noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3185806700083356646.post-34102789731142876392008-11-15T01:37:00.007+00:002009-01-08T15:33:41.271+00:00NOTAS SOBRE EDGAR ALLAN POE NO CINEMA IV<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirjWxRTtoGUt6D5LQfiVkSqLotyNOTVFfUiVL6wtRH4NecW2aAaHoQftav3zBRgcJl0KlMreJex0ypz6_jwglxWjcl6hmsjYPAiSsh3YA1R83c-UOcooHRrm0b8CCdx9cx8hyphenhyphenrnxiT0eL-/s1600-h/poe.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5268695201919997218" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 323px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirjWxRTtoGUt6D5LQfiVkSqLotyNOTVFfUiVL6wtRH4NecW2aAaHoQftav3zBRgcJl0KlMreJex0ypz6_jwglxWjcl6hmsjYPAiSsh3YA1R83c-UOcooHRrm0b8CCdx9cx8hyphenhyphenrnxiT0eL-/s400/poe.jpg" border="0" /></a> <strong><span style="font-family:trebuchet ms;"><div align="center"><span style="font-size:180%;"></span></div><div align="center"><span style="font-size:180%;">EDGAR ALLAN POE E O CINEMA</span></div><div align="justify">Ao analisar de forma muito rápida e sucinta a filmografia extraída de obras de Edgar Allan Poe, cumpre desde logo fazer ressaltar algumas ideias chaves. A primeira é a de que, apesar deste escritor ser um dos expoentes máximos da literatura fantástica e um dos mestres da literatura mundial, mais ainda um dos iniciadores da literatura moderna, um poeta admirável, um contista exemplar, um precursor do romance policial, poucos foram os grandes mestres da História do Cinema que dele se aproximaram buscando inspiração para obras suas. Há casos, certamente, Griffith e Fellini são dois exemplos possíveis, mas nem os filmes daí resultantes foram dos mais conseguidos, nem dois ou três títulos em mais de duas centenas de filmes são marca significativa.<br />Vejamos então quem se tem interessado pela obra de Edgar Allan Poe no campo do cinema. Não erraremos muito se os juntarmos em três grupos: alguns, não muitos, vanguardistas europeus e norte-americanos, ligados a escolas surrealistas ou expressionistas (Jean Epstein, Robert Florey, Edgar G. Ulmer, etc.), alguns mestres de série B, que representam o que de melhor a inspiração de Poe nos legou no cinema (nomeadamente Roger Corman, Gordon Hessler, ) e um grupo vasto de artesãos de série Z, mais interessados no negócio do que em arte, mas que não deixa de ser significativo preferirem Poe em tantas ocasiões, umas por oportunismo, servindo-se do nome e do prestígio do escritor, outras por sincero interesse literário, nem sempre devidamente vertido em imagens, é certo!.<br />Outro aspecto curioso a sublinhar: as obras de Edgar Allan Poe raras vezes são adaptadas de forma muito fiel à intriga e ao esquema dramático das mesmas, preferindo-se-lhes uma adaptação ao espírito, à atmosfera, às obsessões do escritor. Nem por isso, no entanto, muitas das adaptações não serão conseguidas, sobretudo na forma como continuam ou prolongam o clima gótico de uma indisfarçável estranheza e mistério.<br /></div><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5268693557646800882" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 267px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4e7dxnbCNvzO8zBmrQww5H-ieBYpQ1zJkrFhDsRmpZI9sZvfCPkJ9Xb_Z5iRMqmkDqGdoiVs-sH3aEYtPH6kvraWkD6mQKZBj43J5yag1Ba9_KcN1s5dm9cX3ECdez3fG3NBOnT7E_JXO/s400/Murders-in-The-Rue-Morgue-Print-C10.jpg" border="0" /> <span style="font-family:trebuchet ms;"><strong><span style="font-size:180%;">"MURDERS IN THE RUE MORGUE"</span></strong></span></span></strong></div><div align="justify"><strong><span style="font-family:trebuchet ms;"><span style="font-family:trebuchet ms;">No início da década de 30, nos EUA, uma produtora, a Universal, inspirando-se nas obras expressionistas que tinham feito o sucesso do cinema alemão nos anos 20, recorreu a um conjunto de clássicos da literatura fantástica que adaptou ao cinema, e lançou no mercado um grupo de filmes de terror que marcaram uma época. “Drácula”, “Frankenstein”, “O Homem Invisível”, “O Homem Lobo”, “A Múmia” foram alguns títulos dos mais recordados, onde se notabilizaram cineastas como Tod Browning ou James Whale, e actores como Boris Karloff e Bela Lugosi. Mas houve outros títulos igualmente notáveis, alguns retirados de obras de Edgar Allan Poe, como “O Crime da Rua Morgue”, “O Corvo” e “Magia Negra” (The Black Cat). São todas elas de princípios dos anos 30, assinadas por realizadores de prestígio, como Robert Florey ou Edgar G. Ulmer, todas interpretadas por Bela Lugosi, então no auge do seu fascínio, em duas delas ao lado de Boris Karloff, e que não ficam muito atrás dos clássicos sempre citados deste período.<br />“O Crime da Rua Morgue”, de 1932, parte do romance homónimo de Edgar Allan Poe, não se cingindo nem muito nem pouco à intriga original da obra literária, antes usando e abusando das liberdades criativas dos seus argumentistas, realizador e produtores. Desta adaptação consta, aliás, uma lista de participantes bem larga (Robert Florey, Tom Reed, Dale Van Every, John Huston e Ethel M. Kelly) que devem ter mexido e remexido o caldo até este conhecer a espessura que hoje lhe dá o sabor da época.<br />Consta que Bela Lugosi e Robert Florey, actor e realizador do elenco fixo da Universal e que estavam indigitados para representar e dirigir “Frankenstein” (substituídos, à ultima hora, respectivamente por Boris Karloff e James Whale), vieram parar a “Murders In The Rue Morgue” como compensação pela saída dessa outra obra que se tornaria um dos mais sólidos clássicos da história do fantástico no cinema. Mas, na verdade, tanto Bela Lugosi, que triunfara brilhantemente meses antes em “Drácula”, como Boris Karloff, que atingiria o estrelato com “Frankenstein”, se tornaram de um dia para o outro os símbolos máximos do terror em terras norte-americanas.<br /></div><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5268693564169072258" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 233px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhT3nIJmMcod2KHJc3YL6ooXlMBPKE3y51j3-1XuhTkay7GgORgpwPs3Wh4lK9DjOrZDD2flFsC3Tj0hsddAzCgyWAzk7XxVEz9ryPrCS9uf03YNHSpAYQfjdtzs0jA93Fogh-hMedbl1kb/s400/MurdersRueMorgueGemora.jpg" border="0" /> <p align="justify">Como se sabe, no original de 1841 de Edgar Allan Poe o essencial é o elogio de uma lógica dedutiva e analítica em que o protagonista, o jovem August Dupin, é pródigo. A novela vive muito do esclarecimento de um caso, de aparente impossível resolução, ocorrido na rua Morgue, de Paris. Duas mulheres, mãe e filha, são assassinadas barbaramente, mas o mais estranho de tudo, é a forma como os cadáveres de ambas aparecem, um escondido no interior de uma chaminé de lareira, o outro, degolado, nas traseiras do prédio. A multidão e a polícia que acorreram e subiram escadas acima, impediam a fuga de qualquer intruso por essa via, mas dentro de casa, num cenário de dantesca brutalidade, as janelas estavam fechadas e trancadas e não havia qualquer outra hipótese de fuga. Mas a multidão ouvira vozes masculinas, para lá dos gritos estridentes das mulheres assaltadas. Todo afirmam que uma das vozes era de um francês, mas a outra voz merece os mais desencontrados comentários. A polícia investiga, os poderes inquietam-se, os cidadãos vivem aterrorizados, mas ninguém parece acertar com a identidade do ou dos assassinos. Há mesmo um empregado de banco que é preso, suspeito de se ter servido de informações pessoais para certamente extorquir pesada soma às damas em questão, mas não há roubo, apesar de existirem quatrocentas moedas de ouro espalhadas pelo chão. Pierre Dupin necessita apenas de ler as notícias publicadas nos jornais locais e de uma sóbria peritagem no local do crime, para fazer publicar um anúncio num diário parisiense e esperar calmamente que o dono do chimpanzé apareça para o reclamar, levando-o depois a confessar como tudo se passou. “Elementar, meu caro Watson”, dirá, anos mais tarde, Conan Doyle, depois de ter lido e relido Poe, que lhe serviu obviamente de inspiração para conceber a sua fabulosa figura de Sherlock Holmes, com o mesmo tipo de faro intuitivo, a mesma dedução, o mesmo cariz analítico. Nada brota do zero, tudo se transforma, é conceito comummente sabido e aceite. <img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5268695194757076626" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 350px; CURSOR: hand; HEIGHT: 291px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0pqOiuEi6GVOukqfuxeVDASngpXkM1-1n2XaVv2_NbxMedPPtve1qu2NvO0tQ9QuAtf5S2RaMZWwKz9ffbCH47PA7dF9XNcUofBdADyt8G-SM5fGrNS1Koxxhj0jV3s2fcVCRAKRzlTHD/s400/rue_mo2.jpg" border="0" />Se a novela é deste tipo, esta versão de Robert Florey, de 1934, exagera nos floreados, ainda que se mantenha muito perto da atmosfera original, uma brumosa cidade de Paris, no ido ano de 1845, carregada de sombras ameaçadoras, de escadas de sinistro traçado, de contrastada iluminação de um claro-escuro de franco alento expressionista (podem referir-se como fontes de influência, mais ou menos directa, obras como “O Gabinete do Dr. Caligary” ou “Der Golem”, ambas de 1920, ou “Nosferatu”, de 1922, por exemplo), mas muito distante da intriga da novela. Pouco se fala de análise dedutiva, mas entra-se abertamente no campo dos sábios loucos e obstinados, das torturas e das experiências científicas, temas igualmente tão do agrado de Poe: Bela Lugosi, aqui na personagem do Dr. Mirakle, que não existe na novela, vive obcecado pela teoria darwineana da evolução, na qual o homem descende do macaco, e procura demonstra-la a todo o transe, utilizando um gorila como atracão de feira (muito na linha de um “O Gabinete do Dr. Caligary”), que atrai jovens donzelas, que o louco rapta para nelas injectar sangue do gorila e descobrir os resultados. Que não são brilhantes, nem para a ciência, nem para as incautas jovens que sucumbem a tantos maus-tratos. Até que um dia é Camille, a noiva do jovem médico Pierre Dupin (Leon Ames), a cair nos braços dos experimentalistas. Obviamente que a dedução de Dupin funciona a tempo de evitar maiores danos. A transferência do centro de interesse da novela para o filme é evidente. Na novela não se sabe, até perto do fim, quem assassina e como o crime é praticado e é nessa investigação puramente dedutiva que se materializa a inquietação. No filme, desde inicio que nós, espectadores, sabemos quem mata quem e como, resta saber apenas como se descobre o criminoso e se as forças do Bem chegam ao local do crime antes de se processar novo crime (agora com uma vítima que nós bem conhecemos e por quem nos batemos). Um novo tipo de suspense, é certo, introduzindo novas personagens, diferentes intrigas, multiplicidade de cenários e a personagem de um sábio louco que, não existindo na novela, não anda longe de outras personagens maléficas da corte de Edgar Allan Poe.<br />Mas o filme mostra-se particularmente curioso e interessante, em grande parte pela magnífica fotografia de Karl Freund, num preto e branco brumoso, conseguindo excelentes sequências, como as que mostram Paris à noite ou a cena passada na barraca do Dr. Mirakle. Há mesmo alguns momentos altíssimos de realização, como aquele em que Camille evolui num balouço, acompanhada pela câmara que oscila segundo os movimentos de um inquietante pêndulo, ou quando percorremos a câmara de horrores do malvado cientista. O clima é de série B, o orçamento não era certamente elástico (mas nesses anos de grande depressão os estúdios contiveram-se um pouco em todos os sentidos), mas o resultado não desmerece e Bela Lugosi brilha num tipo de representação amaneirada que o iria tornar célebre (durante uns anos, depois a queda foi mais ou menos vertiginosa, acabando nas mãos de Ed Wood!). Curiosamente, para se ver como tudo isto anda ligado, não foi só Conan Doyle que foi beber a Edgar Allan Poe, também Ernest B. Schoedsack e Merian C. Cooper foram buscar muitas ideias a esta obra de Florey para o seu clássico “King Kong” (toda a sequência final do gorila fugindo pelos telhado de Paris com a sua amada aos ombros nos faz recordar muito do que depois se veria em “King Kong”).<br />Esta não foi a primeira vez que "The Murders in the Rue Morgue" foi adaptado ao cinema. Tanto esta primeira aventura literária de Dupin, como as duas outras que se lhe seguiram ("The Mystery of Marie Roget" e "The Purloined Letter") conheceram várias adaptações. Mantendo-nos apenas no território de “Os Crimes da Rua Morgue” há logo a referir, ainda em 1908, uma primeira aproximação, muito curiosa. “Sherlock Holmes in the Great Murder Mystery” conta com argumento do próprio Arthur Conan Doyle, segundo a obra de Edgar Allan Poe, e é certamente lamentável não haver cópia disponível para se poder ver como ambos os mestres da literatura policial coexistiam numa mesma aventura. Outro filme mudo, este de 1914, é “Murders in the Rue Morgue”, de que não se possui nenhuma cópia igualmente, sendo portanto esta versão de Robert Florey de 1932 a primeira a poder ser vista presentemente. </span></span></strong><br /></p><div align="justify"><strong><span style="font-family:trebuchet ms;"><span style="font-family:trebuchet ms;"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5268693565654661650" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 239px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEica8KmrBsgC-Frl5R1jk9FstdY58FkfemIMHg-0ECIldc-e1xSMEi5ts4bhkg2YLsETZcLoveRNqR9UHbZikzn53cTVrtHeon7wgj5qfqdbPhWKfkADGn4kzzkT5KndaY3oxspw-qQmseE/s400/rue_mo6.jpg" border="0" />Outras se lhe seguiram, a mais famosa das quais (possivelmente) data de 1954. “O Fantasma da Rua Morgue” (Phantom of the Rue Morgue), de Roy Del Ruth, com Karl Malden (Dr. Marais), Claude Dauphin (Insp. Bonnard), Patricia Medina (Jeanette e Steve Forrest (Prof. Paul Dupin), uma produção da Warner que pretendia objectivamente repetir o êxito estrondoso de “Máscaras de Cera”, em 3D. O título de Roy del Ruth é uma recuperação do filme de Robert Florey, agora em voluptuoso e garrido Warnercolor, com um jovem médico acusado de um violento crime na Rue Morgue, em Paris, que não cometeu, e um obsessivo Dr. Marais (excelente Karl Malden), que aproveitando-se da sua permanência no zoo local, consegue treinar um gorila para efectuar em seu nome os crimes que imagina, sempre sobre mulheres indefesas que se encontram fechadas no interior de solitários apartamentos. Numa Paris sedutora, onde impera a loucura do Can Can, e simultaneamente sombria, como convém, o gorila (interpretado por Charles Gemora, um especialista que já interpretara a mesma personagem na versão de 1932, e se tornara numa espécie de “must” sempre que havia por essa altura gorila, orangotango ou chimpanzé a movimentar) vai estilhaçando corpos com inaudita violência, numa versão muito “gore” que, infelizmente, não se encontra disponível ainda em DVD. Mais um vez em lugar de um pobre marinheiro que traz de longe um gorila assassino, a loucura de um homem se sobrepõe à da besta inocente que utiliza a sua força bruta sob comando à distância. Em vez de um crime duplo cometido numa casa, várias sádicas investidas relembram um Jack, o Estripador, que troca Londres por Paris. Roy Del Ruth foi um divertido realizador de séries B, e o filme adquire essa atmosfera de folhetim popular contando crimes do século XIX. Vi esta fita há muitos anos, retenho boa recordação de adolescente traumatizado (!) pelo seu terror, mas precisaria de rever a obra para uma opinião mais segura. Fica a dica. <img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5268693575179154130" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 297px; CURSOR: hand; HEIGHT: 379px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcWRbtVT88sb_QoVuiKRgQSA6CZbKd1k8lKZC-a6qBHw453oV6XAnkXcfn8hVeee83Kv8hAVnSFfl-_SP9CwpitCfEMlnb6qPLZki2X6UySLNRlJhRzNmlPThN1NzV_CVhRrGYzywx7LjI/s400/rue_mo4.jpg" border="0" />Em 1968, surge um episódio de uma série de TV, "Detective", contando a história de“The Murders in the Rue Morgue”, numa realização de James Cellan Jones, com argumento de James MacTaggart. Não vi. </span></span></strong><strong><span style="font-family:trebuchet ms;"><span style="font-family:trebuchet ms;"><br /></div><div align="justify"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5268693572533591618" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 230px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikf6LOvpteGIxGP3RnFf-NBOWnZRMYTe_aEJ-zd_3awB8mPNohmhV2cXwiyv8FQD5aLxSbX27q-iRBlvqatFR6bb7Bu99iYaAJjynoWsw6zShNZXlDCfRoNvHt51ymyfSuT7ayYthBegOh/s400/rue_mo8.jpg" border="0" /></div><div align="justify">Há muito que não via “Murders in the Rue Morgue”, de Gordon Hessler, com Jason Robards (Cesar Charron), Herbert Lom (Rene Marot), Christine Kaufmann (Madeleine Charron), Adolfo Celi (Inspector Vidocq) e Maria Perschy (Genevre). Como o próprio Gordon Hessler afirmou, numa entrevista que o DVD recorda, “adaptar “Os Crimes da Rua Morgue” é difícil, pois já se lhe conhece o desfecho: foi o macaco que matou.” Este aspecto (que julgo um falso problema: quantos filmes adaptam obras e situações de que todos sabemos o desfecho, basta recordar “Titanic” ?) levou Hessler a imaginar algo mais complexo para esta sua versão: estamos em pleno século XIX, na Rue Morgue, em Paris (o filme foi, porém, integralmente rodado em Espanha), onde uma companhia de teatro, especializada em “Grand Guignol” sangrento e melodramático, dirigida por um espalhafatoso Cesar Charron (Jason Robards), leva a cena uma adaptação de "Murders in the Rue Morgue", segundo Edgar Allan Poe. Esta premissa serve às mil maravilhas para roubar o nome da obra de Poe, e depois associar-lhe uma intriga externa, que, muito embora tenha um pouco a ver com o universo Poe, não se lhe pode associar de imediato: René Marot, um louco mascarado, apaixonado por uma das actrizes da companhia, Madeleine (Christine Kaufmann), vai assassinando, por vingança, um a um, os membros do elenco desse teatro, onde se representa uma peça robustecida pela presença de um gorila que dá nome à obra, “Erik, o Macaco”. Todos julgavam René Marot morto, a quando de um acidente que vitimara a ex-mulher de Marot, mas afinal este salvara-se ainda que muito desfigurado. O filme joga com alguma perícia com estes ingredientes, com um colorido saturado de tons fortes e uma inquietante direcção artística, que sublinha bem algumas das virtudes da realização de Gordon Hessler, um experimentado artesão de série B, aqui mobilizando um orçamento favorecido pela sorte (que, todavia, lhe haveria de trazer contrariedades, pois a versão estreada era uma montagem do produtor e não a sua, que só muito recentemente foi restaurada, aquando do lançamento internacional do DVD). Um filme que se vê com muito agrado, integrado no seu contexto especifico. Estamos na verdade cada vez mais distantes de Poe e da sua história original e cada vez mais perto de “The Phantom of the Opera” (não é por acaso que o louco mascarado é interpretado por Herbert Lom que também aparecia na versão da década de 50 de “O Fantasma da Ópera”). Mas há indícios de Poe na loucura das personagens, nos sonhos perturbadores, nos assassinatos mórbidos (das gargantas friamente cortadas pela lâmina ao ácido vertido em inocentes rostos), nos sepultados vivos, numa certa atmosfera tenebrosa de horror psicológico. </div><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5268695201574753106" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 153px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZgQ5C6NuaEsL4tQ10Fo-zfZOtyMe1XKfcp2fDbcZalYwlPcJ0qZUwBXF8ldf1FFCBxaE1oW1P06vj9AwabUtkub1NsuONSMDoQMm1wJ5_4fXpIHwYht2Qluzos2eQxuvqXhMBIGAWba1T/s400/rue_mo11.jpg" border="0" /> <p align="justify">A versão francesa de Jacques Nahum, de “Le Double assassinat de la rue Morgue”, com Georges Descrières e Daniel Gélin (Dupin), emitida pela TV em 1973, também é do meu desconhecimento, mas revi com agrado uma outra versão televisiva, esta assinada por Jeannot Szwarc, e que se chamou “The Murders in the Rue Morgue” ou “Le Tueur de la Rue Morgue”, produção norte americana e francesa, rodada em Paris, com argumento de David Epstein, que se aproxima um pouco mais da dedução analítica da novela, ainda que transforme Dupin num velho polícia francês, reformado a contra gosto, por inimizades com o novo director da gendarmerie. Os crimes acontecem como Poe imaginou, as investigações fazem apelo amiúde a conjecturas de argúcia dedutiva, existe um marinheiro e um gorila que só aparecem no final da história, e as liberdades “poéticas” são aqui reduzidas. Procura-se respeitar o tom da obra donde se parte, a imaginação visual não é estonteante, tudo se cumpre dentro dos cânones do teledramático de sólida construção técnica, as representações são boas por parte de um elenco resistente (George C. Scott, Rebecca De Mornay, Ian McShane, Val Kilmer, …). Não é Poe de primeira colheita, falta-lhe fantasia e um pouco de fancaria popular, esta é uma versão para telespectador bem instalado na vida, que se vê como um entretenimento sem mácula. <img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5268696126633706178" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 285px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKITfXIOJziqznk8ByS_qIvsRdsNXfUKiV-3ExaumUHcAnJCWWhndnSgl2otUKwkuxPErr6F64Xk1hUygvN_dnI4ff0Chs7hHHZfVGrkrbdWBR00u64b6MTnsBLYrhGm_Tz6EFNCUx0uVY/s400/25799L.jpg" border="0" />De uma outra versão tenho conhecimento, russa, “Ubitye molniey”, de 2002, assinada por Yevgeny Yufit, com argumento de Vera Novikova. Apnas conhecimento, nada mais. Assim se completa o ciclo de “Os Crimes da Rua Morgue” no cinema. Mas muitas obras de Edgar Allan Poe requerem a nossa atenção.</span></strong> </span></p>Lauro Antóniohttp://www.blogger.com/profile/10809594794377056368noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3185806700083356646.post-63030882983546079872008-06-03T05:52:00.000+01:002008-06-03T05:53:10.798+01:00A QUEDA DA CASA USHER - THE ALAN PARSONS PROJECT - II<p align="center"><strong><span style="font-family:trebuchet ms;"><object height="355" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/65tVSUhYxgs&hl=en"><param name="wmode" value="transparent"><embed src="http://www.youtube.com/v/65tVSUhYxgs&hl=en" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object><br />The Fall of the House of Usher - The Alan Parsons Project Parte II</span></strong></p>Lauro Antóniohttp://www.blogger.com/profile/10809594794377056368noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3185806700083356646.post-45474649495373599042008-06-03T05:48:00.004+01:002008-06-03T05:51:01.441+01:00A QUEDA DA CASA USHER - THE ALAN PARSONS PROJECT<p align="center"><strong><span style="font-family:trebuchet ms;"><object height="355" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/h4RIIoZuBhU&hl=en"><param name="wmode" value="transparent"><embed src="http://www.youtube.com/v/h4RIIoZuBhU&hl=en" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object><br />The Fall of the House of Usher - The Alan Parsons Project</span></strong> </p>Lauro Antóniohttp://www.blogger.com/profile/10809594794377056368noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3185806700083356646.post-67795418101507190272008-06-03T03:38:00.001+01:002008-06-03T03:39:54.728+01:00A QUEDA DA CASA USHER - ROGER CORMAN<p align="center"><strong><span style="font-family:trebuchet ms;"><object height="355" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/gTGEtuzGiHc&hl=en"><param name="wmode" value="transparent"><embed src="http://www.youtube.com/v/gTGEtuzGiHc&hl=en" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object><br />Excerto do filme de Roger Corman II</span></strong> </p>Lauro Antóniohttp://www.blogger.com/profile/10809594794377056368noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3185806700083356646.post-28559768115173867242008-06-03T03:31:00.001+01:002008-06-03T03:35:43.211+01:00A QUEDA DA CASA USHER - Roger Corman I<p align="center"><span style="font-family:trebuchet ms;"><strong><object height="355" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/oJcl9szVrM4&hl=en"><param name="wmode" value="transparent"><embed src="http://www.youtube.com/v/oJcl9szVrM4&hl=en" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object><br />excerto da obra de Roger Corman I </strong></span></p>Lauro Antóniohttp://www.blogger.com/profile/10809594794377056368noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3185806700083356646.post-3570383424319319072008-06-03T03:25:00.001+01:002008-06-03T03:26:53.109+01:00A QUEDA DA CASA USHER (1928)<p align="center"><object height="355" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/UV4pho5SltU&hl=en"><param name="wmode" value="transparent"><embed src="http://www.youtube.com/v/UV4pho5SltU&hl=en" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object><br /><span style="font-family:trebuchet ms;"><strong>A versão de Jean Epstein, com argumento de Luis Buñuel</strong></span> </p>Lauro Antóniohttp://www.blogger.com/profile/10809594794377056368noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3185806700083356646.post-27677135422954056332008-06-03T03:07:00.002+01:002008-06-03T05:54:08.408+01:00A Queda da Casa Usher<p align="center"><a href="http://lh4.ggpht.com/laproducine/SESnS4hAVuI/AAAAAAAAD-s/_EfskLtZc4o/12674w_10gothic_tate%5B5%5D.jpg"><img style="BORDER-RIGHT: 0px; BORDER-TOP: 0px; BORDER-LEFT: 0px; BORDER-BOTTOM: 0px" height="484" alt="12674w_10gothic_tate" src="http://lh4.ggpht.com/laproducine/SESnU4hAVvI/AAAAAAAAD-w/ZknrrviCEPw/12674w_10gothic_tate_thumb%5B3%5D.jpg" width="556" border="0" /></a></p>Lauro Antóniohttp://www.blogger.com/profile/10809594794377056368noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3185806700083356646.post-63904666826703735862008-06-03T02:55:00.004+01:002008-06-03T03:02:32.567+01:00A Queda da Casa de Usher<div style="text-align: center;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimfapPS9xEyso_w3LWhp19bmORtodbcRJfmF0XUrXXbosRqqVlIOjzGo6iYfTczYZdZ0YuyYeXR8R29AEzNdsyo1NZZ0Z5c9Psp-ckKZagsJ4FvOhsNUIgQ0ca6XUTZaDvIMTafFVxezIC/s1600-h/002-corte-villa-giardino-5906-sepia.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimfapPS9xEyso_w3LWhp19bmORtodbcRJfmF0XUrXXbosRqqVlIOjzGo6iYfTczYZdZ0YuyYeXR8R29AEzNdsyo1NZZ0Z5c9Psp-ckKZagsJ4FvOhsNUIgQ0ca6XUTZaDvIMTafFVxezIC/s400/002-corte-villa-giardino-5906-sepia.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5207469556003526338" border="0" /></a><a style="font-weight: bold; font-family: trebuchet ms;" href="http://www.alfredo-braga.pro.br/biblioteca/usher.html">A Queda da Casa de Usher</a><br /><span style="font-weight: bold; font-family: trebuchet ms;">numa tradução portuguesa (Brasil)</span><br /></div>Lauro Antóniohttp://www.blogger.com/profile/10809594794377056368noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3185806700083356646.post-56288044730947763202008-05-26T03:26:00.008+01:002008-12-16T03:23:02.751+00:00NOTAS SOBRE EDGAR ALLAN POE NO CINEMA III<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgV41xSPzxSrCWdD75Mcpnmj2zRg8Jq9OhTy0rRjXyx2-fZFecfqwadER1tuZqXhLauZoBLJSAteV8IDfs1KdJk9KMYwFcoW7hU_qNLkGMWwWFnmhe46-yxFSDC695U9Uf_YgkIWMfzpsyG/s1600-h/51XV86CYSYL__SL500_AA240_.jpg"></a><br /></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmPH17K9qpyPXG9KiPA7Cb4sgCtWZUmpQrvcAMyr8MKnwkpAs4EQMVj9lAsJec_tMacIU2_oOw-WOgcoTTarFcVby1E26cQAzbUjsu7hq_uqGgjPH2QCB2pcAUEjZ7ZPjxan-EfLcbLZyr/s1600-h/Annex%2520-%2520Price,%2520Vincent_01.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5204515958533674402" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmPH17K9qpyPXG9KiPA7Cb4sgCtWZUmpQrvcAMyr8MKnwkpAs4EQMVj9lAsJec_tMacIU2_oOw-WOgcoTTarFcVby1E26cQAzbUjsu7hq_uqGgjPH2QCB2pcAUEjZ7ZPjxan-EfLcbLZyr/s400/Annex%2520-%2520Price,%2520Vincent_01.jpg" border="0" /> <p align="center"></a><span style="font-family:trebuchet ms;"><strong><span style="color:#c0c0c0;"><span style="font-size:180%;">ROGER CORMAN E O "CICLO POE" NA REVISTA FILME (1963)</span><br /></span></strong></span><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5204515125310018770" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBj7LWlhXjDphn-IUR1C5U5UtNrgH1Dqq6-od7oEAKeMey_QPQSdT2kBlIHvGiwV_tdxwiVQLNuOXltCYIjKvkC2h4DfnpOcU4ulJCZQU9rQM0dS3muZPHh40Ofz_ad2qNWBOxhw1_1lln/s400/roger_corman_372x280.jpg" border="0" /> </p><div align="justify"><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"><em>A recuperação deste texto meu, datado de 1963, e aparecido na revista “Filme”, dirigida por Luís de Pina, é uma curiosidade que não deixa de suscitar nostalgia e um irónico sorriso. Creio que foi o meu primeiro trabalho para essa revista, e motivou um dos primeiros encontros com Luís de Pina, de quem tive o privilégio de vir a ser amigo, até à sua morte permatura. Depois, nesse ano, muito poucos davam atenção a obras estreadas em cinemas populares como o Olympia, onde se lançaram em Portugal quase todos os filmes de Roger Corman. Na altura eram salas “inferiores”, onde raramente se estreavam obras de certa “dignidade” cinematográfica. Foi lá que descobri Roger Corman, foi nessa altura que o defendi com unhas e dentes, este um dos textos onde isso aconteceu. Mais tarde, tudo mudou e Corman tornou-se um “must” da “inteligência” internacional (logo da “inteligência” nacional). Ultimamente até com passagem na elitista Cinemateca Portuguesa. Mas no catálogo do Ciclo dedicado a Roger Corman não aparece uma única referência a estes textos, escritos por um crítico de 21 anos. Mas surgem muitas transcrições de textos estrangeiros, todos eles referentes a publicações posteriores a 1985. Curioso.</em><br /></div><strong><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5204515129604986082" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg64Yfbe78MbgoI1lziwtovJ9J56YFuQmB8frOtp6cY87c_NnFNgVDQ_m8CAazY2Q5xljse-XJvEUCd3Spg3tg14BBWWC_gm66jCh6z0YEcD291un3UcR4dwALAn5Rlh0-Wp0VPi9Zd7rtL/s400/vincent_price_1.jpg" border="0" />A recente exibição entre nós, com o curto intervalo de dois meses, de várias películas de Roger Corman – “A Queda da Caso Usher” (“The Fall of House of Usher”), “O Fosso e o Pêndulo” (“The Pit and the Pendulum”), A Maldita, o Gato e a Morte” (“Tales of Terror”) e “Armas em Fúria” (“The Gunlinger») (1), chamou a atenção do público e da crítica lisboeta para este jovem realizador que produziu já cerca de sessenta películas, tendo realizado, dentre estas, quarenta e tantas.<br />Roger Corman (2) nasceu em Michigan (Detroit), a 5 de Abril de 1926. Fez os estudos primários na Califórnia e frequentou a Universidade de Standford. Durante a 2ª Grande Guerra, encontramo-lo num curso preparatório para oficiais da Marinha, donde sai bacharelado em ciências marítimas. Quando a guerra terminou, Corman trabalhou como engenheiro, “durante quatro dias” (como ele próprio afirma), findos os quais se emprega na Twentieth Century Fox.<br />Tendo passado por quase todos os lugres que conduzem à criação cinematográfica, propriamente dita, Corman tornou-se, rapidamente, um “story analyst”, altura em que partiu para Inglaterra, a fim de apresentar uma tese na Universidade de Oxford, sobre literatura inglesa. Antes de regressar à América, viajou pela Europa, tendo-se fixado algum tempo em Paris. De volta à Califórnia dispersou colaboração literária por diversos revistas e escreveu alguns argumentos que mereceram a adaptação ao cinema. </strong></span><span style="font-family:trebuchet ms;"><strong><div align="justify"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5204515121015051458" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQ5KzGqZd1-laJgHNMYrgv0AlrCg8tnKa_bDaBBLF-ZAJFPm43tg0QmsVYxzVQ4kf29DxKqxY4OqDqYX73VAPuDVmfyBTFyZ_uA-Ft93lFQOU1Za2P2ALP3mTuXOXHim88lcyQEkH_iaDI/s400/Rger+Corman.jpg" border="0" />Finalmente, em 1954, produziu um filme sobre um “script” seu (“Monster from the Ocean Floor”) e nesse mesmo ano funda uma nova empresa produtora de filmes (a American-lnternational-Píctures) cuja primeira película foi “The Fast and the Furious”, com Dorothy Malone e John Ireland.<br />No ano seguinte (1955) realiza o seu primeiro filme (“Five Guns West”), um “western” que teve muito bom acolhimento e lhe abriu as portas a uma carreira fecunda e promissora.<br />Quase nunca a abundância reflecte qualidade ou, pelo menos, honestidade de processos e de fins. Poderá, portanto, começar por pensar-se que Roger Corman, realizando uma média de sete ou oito filmes anuais (quarenta e cinco, em sete anos), alcançando mesmo os dez, nalguns anos, é o género de realizador puramente comercial, sem pretensões de qualquer espécie, a não ser as sempre deploráveis intenções de mistificar, agradando ao público, servindo-o nos seus instintos mais primários. Ora tal não parece ter sido nunca o caso de Roger Corman, de quem conhecemos apenas três das obras atrás mencionadas, mas de quem colhemos excelentes referências de probidade profissional e cujas duas últimos obras conhecidas – “Young Racers” e “The Intruder” - reflectem preocupações de ordem social, bem definidas.<br />O caminho percorrido por este jovem - o inverso do de um Martin Ritt, de um Sidney Lumet ou de um Delbert Mann, que começaram as suas carreiras com obras que se recusavam moldar ao esquema comercial da máquina de Hollywood - parece igualmente assegurar um interessante futuro onde serão possíveis películas de grande qualidade.<br />É interessante referir o tipo de produção que Corman adoptou e que revela, apesar de ser genuinamente americano, uma certa originalidade de processos. Para conseguir um ritmo de produção que lhe permitisse alcançar a médio de sete a oito filmes por ano, Corman rodeou-se de uma equipa de colaboradores, que tem mantido, o mais que lhe é possível, de película em película, desde 1960.<br />Deste grupo homogéneo e seguro fazem parte o operador Floyd Crosby, o director artístico Daniel Haller, o escritor Richard Matheson (que, como veremos, foi o homem da ideia de um ciclo de adaptações cinematográficas de obras do grande escritor norte-americano Edgar Allan Poe), o músico Ronald Stein, o primeiro actor Vincent Price e mais alguns actores secundários. Uma equipa assim estruturada possibilita a realização duma película, num tempo de rodagem mínima e com um orçamento reduzido, em comparação com o que é normal e usual entre as empresas norte-americanas.<br />Assim, uma película para este jovem director demora, em regra, quinze dias em filmagens (Roger Corman conta que terminou uma das suas histórias em dois dias e uma noite!} e a orçamento nunca ultrapasso os 750.000 dólares, tendo até conseguido dirigir alguns com a importância de 15.000 dólares. No respeitante ao elenco, Corman chama, somente, para cada uma das suas obras, um actor de nomeada, a quem entrega o papel mais espinhoso (Boris Karloff, Peter Lorre, Ray Milland, Dorothy Malone ou Vincent Príce), trabalhando, nos restantes personagens, com actores desconhecidos.<br />A maioria das suas obras são de uma grande honestidade e as suas pretensões nunca vão além do que lhes é lícito pedir. Na sua filmografia encontramos filmes de “cow-boys”, musicais (de “rock-and-roll”), de ficção-cientifica, biografias de gangsters, reconstituições históricas, fantasias interplanetárias, filmes de terror, adaptastes shakespearianas e, por último, obras de pretensões sociais (como a luta anti-racista e anti-fascista em “The Intruder”). Em todos estes géneros, segundo o testemunho de críticos conhecedores de grande parte da sua filmografia, revela-se Corman um director que sabe enquadrar e se integra bem em qualquer espécie de conflito e dele extrair as necessárias ilações, que tornam as obras curiosas e interessantes. </div><div align="justify"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5204515486087271714" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6J0rD08Xw08QTqcGyj9hB90DCS6Ya6w7LpwgdYIfQZ-i8hVZPglT7Tis2gjvyj7JjdVa7vrZLnrE-Azj-PfnqOQzRyr_rYhJGHDomwFN88skTohPbmaH4ge9dTb-tNl0INUol1FPP_7Hc/s400/PitAndThePendulumBelgianPoster.jpg" border="0" />Autor extraordinariamente fecundo, Roger Corman, ao falar dos seus filmes, afirmou: “Os filmes de pequeno orçamento que fiz no passado foram para mim uma excelente ocasião de aprender o meu ofício e creio que divertiram muita gente.”<br />Noutra passagem, Corman diz: “Verdadeiramente não me lembro de todos os meus filmes, mas entre os mais importantes que produzi e realizei, posso citar, por ordem: “Five guns west”, “Apache Women”, “The day the word ended”, “Swamp women”, “Thunder over Hawaii”, “Rock all night”, “The undead”, “The gunshinger”, “Not of this earth”, “Machine gun Kelly”, “l mohster”, “Bucket of blood”, “War of the satellite”, “The wasp woman”, “Ski troop attack”, “The lost woman on earth”, “Little shop of horrors”, “The fall of the house Usher”, “The pit and the pendulum”, “The primature burial”, “The intruder”, “Tales of terror”, “The young racers”, “The Terror” e “The Raven”. </div><div align="justify">Roger Corman tornou-se conhecido e admirado sobretudo a partir de 1960, altura em que, como vimos, resolveu adaptar ao cinema um ciclo de obras de Edgar Allan Poe. Entregando o trabalho da adaptação ao argumentista Richard Matheson, que Iho havia sugerido, Corman rodou em três anos, cinco películas baseavas em histórias desse escritor (em 1960, “A Queda da Casa Usher”; em 1961, “O Fosso e o Pêndulo”, “The prematura burial”, “A Maldita, o Gato e o Morte” e 1962, “The Raven”. </div><div align="justify"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5204515129604986098" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdpo2xB07xJY9Z6tcJlpV-D5uWT3v2eCW61K8iJgbReUUDsWuq1XC1QWM4ucb_diDcTUQRPATEQE0Yqk4x8ePM9eayBEB6eBMMIodO4_PvWj3X5mC4XJjfzCNQqwFfEfVBmTyPJEqvcfPJ/s400/tomb_of_ligeia.jpg" border="0" />Na realização destas obras, importantíssimas numa futura história do fantástico no cinema, Corman conseguiu uma reconstituição felicíssima da ambiência fantasmagórica, característica de Poe, desse “universo necrófilo”, perfeitamente captado das obras literárias, que conferem a estas películas um lugar destacado, no que poderemos chamar, a tradição aristocrática, de fundo literário, do filme de terror.<br />Galeria de monstros psicológicos, de heróis dementes, de homens atacados pela loucura, de seres em cujo inconsciente se revelam os mais completas e profundas obsessões, eis o que se poderá generalizar, através duma visão rápida do ciclo dedicado a Poe. Convém aqui lembrar que Richard Matheson concebeu os argumentos mediante o estudo de Marie Bonaparte (discípula de Freud) das obras completos do desditoso escritor norte-americano. Assim compreenderemos melhor e mais facilmente aceitaremos este universo poético, é certo, mas psicologicamente doentio, patológico, atormentado pelos mais variados casos de demência, que vão desde a alucinação, ao sonambulismo, ao estado cataléptico, à hipersensibilidade, passando pelas heranças hereditárias, pela obsessão ou pelos espíritos visionários, onde o espectro da morte balança, constantemente, frente aos olhos aterrados das suas vítimas, em quem parece pesar um destino inalterável. </div><div align="justify"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5204515937058837874" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZlA92W65DuSSlgNEL00Ha-a4eo9rlW8MbhTfiGkTtK0aolqctrlWAqYFyjKbTE3g3skvsEbDiKVIhHpC099_s6CXzONshC3P3DTfvVo4amoTZ_n9QNsnNDFnHcJpob3EghYnyxMW65lbC/s400/12674w_10gothic_tate.jpg" border="0" />Em “A Queda da Casa Usher” encontramos Roderick Usher que, por herança familiar, é hipersensível, atormentado com um som mais agudo, numa luz mais forte, um odor mais penetrante. Esses sentidos haviam causado já a perdição dos seus ascendentes que degeneraram em loucos assassinos. A sombra da fatalidade, fazendo-se sentir ao longo de toda a película, predispunha os espectadores a aceitarem como única a destruição daquela casa, no interior da qual, em ambientes de requintado bom gosto, evoluíam os personagens. </div><div align="justify"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5204515941353805186" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsz4nXokQkAwcS665VQaTqcTpkQ26AbiRiFRZZ39ooyh8UHBS_RW_OARarr2ZiLUEt1TsbFLwlJwxoeL8sAJAHM35uCpK9tSGTMn-_6-QRFavMEOjjJYqIyJhgudSVBnX50awvMyYeCCZY/s400/144040The-Pit-and-the-Pendulum-Post.jpg" border="0" /></div><div align="justify">É, igualmente, um caso de hereditariedade o narrado em “O Fosso e o Pêndulo” (cuja sequência final, no fosso, é digna de uma antologia do simbolismo em cinema). Aqui, o protagonista é Nicholas Medino, que em criança vê o pai matar o tio e emparedar viva a mulher, que o atraiçoara, depois de a haver flagelado, selvaticamente. Esta visão gravou-se no espírito de Nicholas que, auto-sugestionando-se, pensa igualmente ter emparedado viva a mulher. Como por fatalidade as previsões confirmam-se e acaba por se repetir a história. </div><div align="justify"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5204515490382239058" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh015eNHC0GtOffnbu58X_uORUWr-KMqXXCJT8YntBXbYcF5poOZLV-I_X7DfOeEqJUiv2Qn4OlTcSJL0ecYLEsA-kzrtUFIRCNHDQr1SavZYW7VHQz2u03fRCxYKAGG0F9dD10TXgchYW5/s400/b70-15811.jpg" border="0" />Em “A Maldita, o Gato e a Morte” é a morte o elemento de ligação entre os três contos que constituem o filme. Se bem que não respeitando totalmente as intrigas engendrados pela prodigiosa imaginação de Poe, Corman capta, de modo feliz, este ambiente doentio, mórbido e fatalista do genial poeta. As três histórias são “Morella” (um caso de vingança, tendo por base a transmudação dos espíritos; “O Gato Preto” (onde Corman se compraz na descrição do emparedamento dum casal, levado o cabo por um marido atraiçoado e da sua consequente descoberta, tudo isto envolvido em momentos de espirituoso sadismo) e “O Estranho Caso do dr. Valdemar” (um problema de hipnotismo “in articulo mortis”). Dentre todas estas narrativas fantásticos, preferimos, sem dúvida “O Gato Preto” que é, estrutural e esteticamente, o melhor pedaço de cinema deste filme. “Morella”, aparte uns pequenos e dispersos apontamentos de bom efeito, não logra alcançar o nível a que Corman nos habituou já, o mesmo se podendo dizer de “O Estranho Caso do dr. Valdemar”, por demais estético para subjugar o espectador. </div><div align="justify">O mérito de Roger Corman, ao filmar as películas consagradas ao ciclo Põe, consiste na perfeita identificação conseguida com o universo do escritor, quer na ambiência escolhida (exteriores, decoração de interiores, guarda-roupa, etc.), quer na utilização frequente duma simbologia em que Poe se revelou um antecessor de Freud e da psicanálise, quer na composição de “flash–backs” ou na construção de sonhos (filmados por intermédio de lentes de uma só cor), quer ainda na escolha dos intérpretes, donde sobressai, de forma brilhante, o trabalho de Vincent Price, actor de extraordinários recursos histriónicos e vocais que conseguiu, tanto em “O Fosso e o Pêndulo” (onde, em sucessivas gradações, se vai observando a sua lenta evolução para a loucura), como em “A Queda da Casa Usher”, criações duma perfeita concepção. Neste particular, “A Maldita, o Gato e a Morte” é um filme decisivo: Vincent Price interpreta nele três figuras diferentes e em qualquer delas o seu trabalho é magnífico. Em “O Gato Preto”, encarnando num conhecido e enfático provador de vinhos, contracenando com esse, “arranca” um desempenho notável. Como afirmou Robert Benayoun, Roger Cormon, “nesta série incomparável, rende o mais bela homenagem do cinema o Edgar Poe.” </div><div align="justify"></div><div align="justify"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5204515481792304402" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEja3Cps1XIBtA_GWRJUjnX_F-rYdo-vONSmaVbLVtVvGpa8hR1ZMDWZOiSbsQYXvnsFbrXz91JtIa8mtRgReaYD3Z2DZISay37-0wPyTMi4iEsqsUxJMz_wCorQmOXFIGAlsRqezeHsYSKu/s400/the_haunted_palace.jpg" border="0" />“The Intruder” foi exibido, no ano passado, no Festival Internacional de Veneza, alcançando uma inegável corrente de simpatia por parte da crítica presente. Como esta obra nos não visitou ainda, vejamos o que dela disseram:<br />Roger Corman: “De todos os meus filmes o que prefiro é “The Intruder”. Quando o fiz estava para financiar qualquer filme de pequeno orçamento, mas incapaz de obter um financiamento qualquer para um filme mais caro ou um assunto mais sério. Comprei os direitos do romance por duas razões: primeiramente, acreditava no tema e estava seguro de poder extrair dele um bom filme, e em segundo lugar, estava um pouco fatigado com o género de filmes que rodava e queria ensaiar qualquer coisa de fundamentalmente diferente. Quando preparava o argumento apercebi-me com surpresa que ninguém me queria financiar o filme. Todos os grandes estúdios de Hollywood me desencorajaram e finalmente decidi jogar todas as minhas economias, que me vinham dos filmes de pequeno orçamento, e adiantar eu próprio os créditos.”<br />“O filme foi inteiramente rodado em exteriores no Sul e em três semanas, com todos os papéis (excepto os protagonistas) interpretados por pessoas da região. Até agora os críticos americanos têm-no elogiado bastante e espero que ele anunciará para mim uma série de filmes mais significativos”. </div><div align="justify"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5204515490382239042" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgX0YVlaH8adRTjq932o61VCJ2z56faKtU63xE5VJ3-OAkSm3wlzVEroD8Ovtuezie4hDybZnfgBKV1AUS2jgKM4MweN0CW3xTuQnYOhJub4Ybs_AnAeZ6zIfN1tpaDDn0YG8jP4lWRS3Eb/s400/C2E8B9CDD9.jpg" border="0" /></div><div align="justify">Roberto Benayoun (crítico de “Positiv”): “The Intruder” continua fiel à linha geral do seu autor. Corman descreve o fanático Adam Cramer, vindo para sabotar a integração numa pequena cidade do Sul, como um revolucionário, um visitante de um outro mundo. Cramer, de físico sedutor, apresenta-se a todos de uma gentileza extrema, com o frase-chave: “Vamos ser amigos, não é verdade?” Depois, com o nome de Patrick Henry Society, começa a semear a dúvida nos espírito, sobe a uma tribuna e lança mensagens inflamadas, onde sugere a invasão da Américo, pelos judeus e pelos comunistas: “Quereis dirigentes negros como em Chicago? Quereis que sejam médicos negros a trazerem os vossos filhos ao mundo?” Por fim, assegura a colaboração dos elementos turbulentos da cidade, blusões negros, políticos desonestos e linchadores em potencia, constrói com todas os peças um véu de licenciosidade que poderia lançar fogo à pólvora.”<br />“Mas como todos os heróis de Corman, Cramer tem lacunas características que o perderão. Pueril e galanteador, brinca com o revólver diante do espelho e ensaia os seus dotes juvenis de sedução nas mulheres alheias. É um marido enganado, inimigo subestimado, que o desmascarará finalmente e voltará contra ele a cidade revoltada.”<br />«Corman reuniu aqui um testemunho incisivo, um retrato inquietante sobre um aspecto contemporâneo do fascismo U. S. A. e sem qualquer apaziguamento específico ao género, nem atenuando a realidade. Seria muito fácil proclamar que Corman se entrega por fim a um assunto sério. “The Intruder” para mim não fez senão confirmar o génio dum realizador cujo obra, rica e diversa, sobe o declive.”<br />Júlio C. Acerete (crítico de “Nuestro Cine”): “Sem dúvida, “The Intruder” não chega aonde seria necessário, o que não impede que o filme tenha sofrido pressões para a sua distribuição nos Estados Unidos. De qualquer modo, fica claro que a prolixidade criadora de Corman não significa vulgaridade, já que os seus filmes possuem um certo interesse. Mas, como acontece com muitos realizadores, pode ser que Corman tenha mais importância em filmes como os pertencentes ao seu ciclo dedicado a Poe que em obras aparentemente mais importantes, como este “The Intruder”.<br />LAURO ANTÓNIO, in Revista “Filme” (1963)<br /></strong></span><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5204515133899953410" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMS9Q51g7U1k2NHwLwEbpNl92OJ-O5GnT8DTr3mfRG5YT0Ejj8uNZBulc8x9HgHNlzTs5U2FN2vULGrRKgrLchaSCMg4v6KejDfrPJHZY38hxg3hI_VaR4riLpArqoa9FZ4VwxlxPEZGg6/s400/The-Raven-Poster-C10129785.jpg" border="0" /><span style="font-family:trebuchet ms;"><strong><span style="font-size:85%;">(1) - Da lista de programoção da Sif para 1963-64, consta ainda uma película de Roger Corman, “The Prematore Bureal”, com o título, “Enterrado Vivo”, pelo que é natural que o vejamos brevemente.<br />(2) - Sobre Roger Corman, chamo a atenção dos leitores para o excelente estudo de Robert Benayoun, publicado no n.º 50-51-52, da revista “Positif”, e ainda para o artigo “Presentacón de Roger Corman”, de Júlio C. Acerete, vindo a público no n-° 20 de “Nuestro Cine”.</span></strong></span></div></div>Lauro Antóniohttp://www.blogger.com/profile/10809594794377056368noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3185806700083356646.post-62618055871674469862008-05-26T00:02:00.006+01:002008-05-26T00:28:03.478+01:00<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCcybyevbK94WvDaM9zRIML5BLWUkGczeTOZh5pRla1-6ZjZQUTp6HaGMmRPZ58OuywFa5PPNFyf6M1_Zk5iT7CAPpocGMMXkzzsNFgu_IzGRhboRuNO_QcDnh00P5rHCLrRD96Naj6NBc/s1600-h/Edgar_Allan_Poe_2.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5204456477531591810" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCcybyevbK94WvDaM9zRIML5BLWUkGczeTOZh5pRla1-6ZjZQUTp6HaGMmRPZ58OuywFa5PPNFyf6M1_Zk5iT7CAPpocGMMXkzzsNFgu_IzGRhboRuNO_QcDnh00P5rHCLrRD96Naj6NBc/s400/Edgar_Allan_Poe_2.jpg" border="0" /></a><br /><strong><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:180%;"></span></strong><div align="center"><strong><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:180%;"><span style="color:#ff99ff;">NOTAS SOBRE EDGAR ALLAN POE NO CINEMA I<br /></span>Edgar Allan Põe, a Vida</span></strong></div><div align="justify"><br /><strong><span style="font-family:trebuchet ms;">Em Janeiro do próximo ano comemoram-se dois séculos sobre o nascimento de Edgar Allan Poe, certamente um dos vultos maiores da literatura norte americana e um dos homens que mais influência exerceu sobre o imaginário (não só a literatura, mas também o cinema, o teatro, a música, as artes plásticas…) dos séculos XIX e XX.<br />Nascido em Boston, nos Estados Unidos da América, a 19 de Janeiro de 1809 e falecido a 7 de Outubro de 1849, em Baltimore, foi escritor, poeta, romancista, crítico literário e editor, cultivando (ou mesmo inventando) géneros como o policial, a ficção científica, o terror, o horror, o fantástico… Na verdade, ao lado de Jules Verne, ele é um dos precursores da literatura de ficção científica e fantástica modernas. Algumas das suas novelas, e lembramos “The Murders in the Rue Morgue” (Os Crimes da Rua Morgue), “The Purloined Letter” (A Carta Roubada) ou “The Mystery of Marie Roget” (O Mistério de Maria Roget), figuram entre as primeiras obras reconhecidas como policiais. Foi ainda o autêntico iniciador de uma moderna literatura norte-americana. Todos lhe devem muito.<br />Os pais de Edgar Allan Poe provinham de famílias irlandesas e escocesas. Era filho de um actor, David Poe Jr., que abandonou a família em 1810, e de uma actriz, Elizabeth Arnold Hopkins Poe, que morreu de tuberculose em 1811. Órfão aos dois anos de idade, Poe saltou para o colo de Francis Allan, que ao que tudo indica o idolatrava, e do marido John Allan, mercador de tabaco de Richmond, comerciante bem sucedido na vida que, todavia, nunca mostrou particular afeição pelo jovem. Nunca o adoptou legalmente, apesar de Edgar usar o sobrenome Allan. Viajaram até Londres, onde frequentou a escola de Misses Duborg, e a Manor School, em Stoke Newington, tendo depois a família regressado a Richmond em 1820. Em 1826, cursou durante um ano a Universidade da Virgínia, sendo expulso mercê do seu estilo aventureiro e boémio. Noitadas, jogo, mulheres, e álcool, a que tudo indica ela ultra susceptível: o que seria uma dose inofensiva para a maioria, nele revelava-se de efeito fulminante. Por tudo isto, e muitas dívidas ao jogo, desentende-se com o padrasto, e alista-se nas forças armadas, sob o nome Edgar A. Perry, em 1827. Nesse ano, Poe publicou o seu primeiro livro, “Tamerlane and Other Poems”. Depois de dois anos de serviço militar, foi dispensado. Em 1829, a madrasta morre, ele publicou o seu segundo livro, “Al Aaraf”, e reconciliou-se com o seu padrasto, que o auxilia a entrar para a Academia Militar de West Point. Desobediente e rebelde, acaba de novo expulso, em 1831. Foi a gota que transbordou e o padrasto repudiou-o definitivamente. Morreria em 1834, sem o considerar no seu testamento.<br />Edgar Allan Poe mudou-se, para Baltimore, para casa de uma sua tia viúva, Maria Clemm, e da filha, Virgínia Clemm. Durante esta época, Poe escreveu muita ficção que o ajudou a sobreviver. Em finais de 1835, tornou-se editor do jornal “Sothern Literary Messenger”, em Richmond, lugar que ocupou até 1837. Entretanto, casa, em segredo, em 1836, com a sua prima Virgínia, que contava na altura apenas treze anos.<br />Em 1837, Poe vai para Nova Iorque, onde passaria quinze meses aparentemente improdutivos, antes de se mudar para Filadélfia, e pouco depois publicar “The Narrative of Arthur Gordon Pym”. No verão de 1839, é editor assistente da “Burton's Gentleman's Magazine”, onde publicou um grande número de artigos, histórias e críticas. Nesse mesmo ano, foi publicada, em dois volumes, a sua colecção “Tales of the Grotesque and Arabesque” (traduzida para francês por Baudelaire como "Histoires Extraordinaires" e para português como Histórias Extraodinárias), que, apesar do fracasso de vendas, se torna rapidamente uma referência literatura norte-americana.<br />Pouco depois, Virgínia Clemm descobre que sofre de tuberculose, e o desenlace é rápido. A doença e a morte da mulher levam Poe ao consumo excessivo de álcool e, algum tempo depois, este deixou a “Burton's Gentleman's Magazine” para procurar um novo emprego. Regressa a Nova Iorque, onde trabalhou brevemente no “Evening Mirror”, antes de se tornar editor do “Brodway Journal”. No início de 1845, foi publicado, no jornal “Evening Mirror”, o seu popular poema “The Raven” ("O Corvo"). Em 1846, o “Brodway Journal” faliu, e Poe mudou-se para uma casa no Bronx, hoje conhecida como “Poe Cottage”, casa museu aberta ao público, onde Virgínia viria a morrer no ano seguinte. Cada vez mais instável, Poe tenta seduzir a poeta Sarah Helen Whitman, noivado que acabaria por falhar, alegadamente em virtude do comportamento errático e alcoólico de Poe, mas provavelmente também devido à intromissão da mãe da noiva. Nesta época, segundo relatos próprios, Poe tenta o suicídio, encharcando-se em láudano. Acaba por regressar a Richmond, onde retoma a relação com uma paixão de infância, Sarah Elmira Royster, nessa altura viúva.<br />A 3 de Outubro de 1849, Poe foi encontrado nas ruas de Baltimore, com roupas que não eram as suas, em estado de “delirium tremens”. É levado para o Washington College Hospital, onde veio a morrer quatro dias depois. Nos derradeiros dias nunca conseguiu estabelecer um discurso coerente, de modo a explicar como tinha chegado à situação na qual foi encontrado. As suas últimas palavras teriam sido, de acordo com determinadas fontes, “It's all over now: write Eddy is no more” (“Está tudo acabado: escrevam Eddy já não existe”). De acordo com outras fontes, as últimas palavras teriam sido “Lord, help my poor soul" (Senhor, ajuda a minha pobre alma!”). Se a vida de Edgar Allan Põe nunca foi linear e clara, a sua morte transformá-lo-á num mito, tal a invulgar dificuldade em ser esclarecida. As causas nunca foram apuradas, sendo vulgar, atribui-la a embriaguez comatosa. Mas surgem outras explicações ao longo dos anos, como diabetes, sífilis, raiva, e doenças cerebrais não especificadas.<br />Todo este universo de extrema lucidez e/ou profunda loucura acaba por ser usado/aproveitado/ transfigurado de forma brilhante e genial pelo autor na escrita da sua obra literária, muito mais propensa a um terror psicológico, à criação de uma ambiência fantástica, do que comprazer-se na descrição de actos de terror gratuito. A loucura e a doença dos seus protagonistas (todas as suas obras se mostram, não diremos autobiográficas, mas assumidamente pessoais, porque escritas na primeira pessoa) leva-os a actos estranhos, delírios, pesadelos, odientos crimes. </span></strong></div><br /><div align="center"><strong><span style="font-family:trebuchet ms;"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5204456486121526418" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6DpfKHuACmyNqW0AP0aBkCLKu1JSacLVwPh_PQFFvRRfnAZtU9GlqK1RZDlLxSLrDaGV7qzAsdwR_IkrYSUQCVe0K6MX3PNQBi-JPGxB9pZmy8RpYvMH-9UEMYq4e2gbnIhGE21kn8ckM/s400/viggo_poe.jpg" border="0" /><span style="font-size:180%;color:#ff99ff;">NOTAS SOBRE EDGAR ALLAN POE NO CINEMA II<br /></span><span style="font-size:130%;">A vida de Edgar Allan Poe no cinema<br />Sylvester Stallone realiza, Viggo Mortensen interpreta</span></span></strong></div><br /><div align="justify"><strong><span style="font-family:trebuchet ms;">Para assinalar o duplo centenário do nascimento de Edgar Allan Poe vai ver a sua vida adaptada ao cinema. O filme anunciado será dirigido por Sylvester Stallone (“Rocky Balboa”) e os rumores apontavam Robert Downey Jr para o papel do escritor, mas de acordo com novas informações, Põe poderá vir a ser interpretado pelo actor nova-iorquino Viggo Mortensen (“O Senhor dos Anéis” e “Promessas Perigosas”).<br />Nada se sabe ainda oficialmente, mas a obra poderá intitular-se “Poe” e contará a vida do lendário escritor, poeta, romancista e crítico literário americano que é considerado um dos precursores da literatura de ficção científica e fantástica modernas. A história não deixará de por em relevo alguns dos seus mais famosos trabalhos e sua misteriosa morte em 1849. A má sina de Põe vai continuar, com Stallone a dirigir?</span></strong></div></div>Lauro Antóniohttp://www.blogger.com/profile/10809594794377056368noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3185806700083356646.post-54256895400756482972008-02-14T02:05:00.008+00:002008-02-18T10:14:22.296+00:00SWEENEY TODD, 1<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjupKchBFGfebCwdufIWntuwNkQcY6Rw7ujO74Nfer9HK6NjKh8IR2hzXWMkYUYFSBp8gGYQoPP0arJLfFVh3Ab-5MAN1a2WKzZqgs6svgk99aWMgB8OUpYUDhxaRMKwLGbqLouUDOOdn-Z/s1600-h/08.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5166653172063745810" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjupKchBFGfebCwdufIWntuwNkQcY6Rw7ujO74Nfer9HK6NjKh8IR2hzXWMkYUYFSBp8gGYQoPP0arJLfFVh3Ab-5MAN1a2WKzZqgs6svgk99aWMgB8OUpYUDhxaRMKwLGbqLouUDOOdn-Z/s400/08.jpg" border="0" /></a> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirmuK7xewkbGc_BQ1wlOjoZRxL2QbarTQk6PZTT2HnrKSZ0SbOqlrVQ-oRn7bcN27QKWD5Ta6sUBU64vqKiJDZFei2dKJLT7dQFNxP1Ftom5Se6ws22JdBiYT7qGi7K0sS2NyL9RteQK9R/s1600-h/10.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5166652609423029954" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirmuK7xewkbGc_BQ1wlOjoZRxL2QbarTQk6PZTT2HnrKSZ0SbOqlrVQ-oRn7bcN27QKWD5Ta6sUBU64vqKiJDZFei2dKJLT7dQFNxP1Ftom5Se6ws22JdBiYT7qGi7K0sS2NyL9RteQK9R/s400/10.jpg" border="0" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmDJFY1BBBrh3olvHyjTnoWtnUWL_krbPWOin92JEYh9tK2RrhjdZaEvSKwn224m3XFEFz1xHVBqgoloSkyNY85Cdt-bi9aTdfymzmBiRqzTR4i1P54YeV6tU9MjhOAcEmVW-xGTUXf27q/s1600-h/11.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5166652609423029970" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmDJFY1BBBrh3olvHyjTnoWtnUWL_krbPWOin92JEYh9tK2RrhjdZaEvSKwn224m3XFEFz1xHVBqgoloSkyNY85Cdt-bi9aTdfymzmBiRqzTR4i1P54YeV6tU9MjhOAcEmVW-xGTUXf27q/s400/11.jpg" border="0" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaCbrogcwkJFa3hhICjPRNldPNKzDfmfqmO01plBtGijYP3KrsldE5L7h3CDu9SOwDKlG0Fgp3AzoeQtfXtzsoOpCHn092eTbfBckVgMKixbhmTFghNtcR20lMMSDVqmSjMJW_tDgQxId-/s1600-h/01.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5166652613717997282" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaCbrogcwkJFa3hhICjPRNldPNKzDfmfqmO01plBtGijYP3KrsldE5L7h3CDu9SOwDKlG0Fgp3AzoeQtfXtzsoOpCHn092eTbfBckVgMKixbhmTFghNtcR20lMMSDVqmSjMJW_tDgQxId-/s400/01.jpg" border="0" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIfkvOk405XvNQvTxOlZiovVqzwR1ZG0oDJy6GiWIdvrWaewcfuKx4_9dGwqX_Bl6eGrb3l0mhKkOcHv54FFEUwe6AU9GYbWpjWUxzRTueoBPAhyphenhyphen3ykLsf6q59wIbQPeByjKhpteZPES2j/s1600-h/1496417238_5c4cdaff3f_o.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5166652618012964594" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIfkvOk405XvNQvTxOlZiovVqzwR1ZG0oDJy6GiWIdvrWaewcfuKx4_9dGwqX_Bl6eGrb3l0mhKkOcHv54FFEUwe6AU9GYbWpjWUxzRTueoBPAhyphenhyphen3ykLsf6q59wIbQPeByjKhpteZPES2j/s400/1496417238_5c4cdaff3f_o.jpg" border="0" /></a> <span style="font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:180%;"><strong>SWEENEY TODD: </strong></span></span><div align="center"><span style="font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:180%;"><strong>O TERRÍVEL BARBEIRO DE FLEET STREET</strong></span></span></div><span style="font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:180%;"></span><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5166652948725446402" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEho0H8xPNgbyoxBm-W4poCxYntUfq04zYXWavYgvNwHpORxa3BMUKenDmL1FBxIr1x0hU3EsU1oWzLJfjit2SqUJXKZDTPeVyLxmwIuXjlyr3Mftxmfl4CPPZZ0UnPHpSGncDPpf6s_vQr-/s400/Sweeney-Todd3.jpg" border="0" /></span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"><strong>Há um aspecto em “Sweeney Todd: O Terrível Barbeiro de Fleet Street” que dá que pensar desde a hora que se larga a visão do filme. Sabe-se que Tim Burton é um cineasta cerebral, que deve pensar muito bem todas as implicações dos gestos, das palavras, dos enquadramentos, dos sons que habitam as suas obras. Por que será então que Sweeney Todd (Johnny Deep) e a sua macabra parceira, a Srª Lovett (Helena Bonham Carter) habitam numa casa de dois andares, sendo que a loja do barbeiro fica nas águas furtadas, cortada do espaço exterior por enormes janelas que permitem que quem está dentro veja para fora, mas sobretudo que quem está fora espreite para o seu interior, criando-se assim, e desde logo, um espaço claustrofóbico que convida a variadas interpretações.<br />Sabe-se ao que vamos: Tim Burton adapta o musical da Broadway, magistralmente concebido por Stephen Sondheim e Hugh Wheeler, partindo de uma adaptação assinada por Christopher Bond de um mito popular, da literatura urbana britânica (em Portugal conhecida como “de cordel”, em Inglaterra como "penny dreadfuls"), que um tal Thomas Peckett Prest vulgarizou em dezoito fascículos, saídos em outras tantas semanas, entre 1846 e 47. A história original tem muito pouco a ver com a que corre hoje nas salas de cinema, a não ser na prática de horríveis crimes cometidos por Sweeney Todd, na solidão da sua barbearia, enviando os cadáveres das vítimas directamente para a cozinha da sua colaboradora dilecta, que transformava as febras humanas em saborosas empadas. Mas na história original não se fala do que hoje faz o slogan do filme: “nunca esquecer, nunca perdoar” (“Never Forget. Never Forgive.”). Até à versão de Christopher Bond nunca fora mencionado o facto do barbeiro exercer assim a sua profissão para se vingar de um passado de injustiça. Mas agora esse é o móbil de toda a trama.<br />Casado com uma bela loura e pai de uma linda menina, o jovem Benjamin Barker, barbeiro bem instalado em Londres, é subitamente preso, condenado e exilado na Austrália, numa tramóia urdida pelo despótico juiz Turpin (Alain Rickman) e o seu não mais escrupuloso auxiliar e cão de mão Beadle Bamford (Timothy Spall). A pretensão de Turpin é ficar com a esposa e mais tarde com a filha do casal, e delas se servir a seu belo prazer. Parte, portanto, para a Austrália um jovem Benjamin Barker que, num ápice, perde a felicidade, a esperança e a confiança nos homens e na justiça, regressa, quinze anos depois, um vingativo Sweeney Todd que, mal desce do navio e pisa terras londrinas, não descansa enquanto não executa a sua vingança até ao fim. Pelo caminho dezenas e dezenas de vítimas e milhares de suculentas empadas. Enquanto vão desaparecendo muitos homens que, em lugar de saírem da loja bem escanhoados, descem degolados por um alçapão às caves do inferno, por outro lado a freguesia do rés-do-chão vai-se multiplicando pelas redondezas, bem alimentada por “carne da sua carne”, sem que nada o faça supor.<br />Ao lado desta história sinistramente sangrenta, uma outra vai evoluindo paralelamente, mostrando que a pureza dos sentimentos se mantém intacta na Humanidade. Como sempre entre jovens, ardendo em fogosidade, mas colhendo os primeiros e bem dolorosos desencantos. Um jovem companheiro de Sweeney Todd, Anthony Hope (Jamie Campbell Bower), que partilhou com ele a viagem de regresso a Londres, apaixona-se pela loura Johanna (uma não muito brilhante Jayne Wisener, diga-se de passagem, o mais fraco elo deste filme memorável) que não é outra senão a crescidinha filha de Benjamin Baker, agora a contas com o assédio do velhaco lúbrico que mantém cativa a sua favorita, num jaula de ouro, idêntica àquela que a jovem olha, dependurada num canto da sua janela, aprisionando um pássaro. Ela própria o recorda: “Eu nunca tive sonhos, só pesadelos.” (I've never had dreams, only nightmares.”).<br />Gaiolas, quartos, jaulas, cozinhas fechadas a sete chaves, deportações, clarabóias… Cenários que se sucedem e se evocam. Um filme sobre a prisão em que todos parecemos viver, sob a ameaça de pesados e funestos tiranetes que sobrevivem na impunidade, apesar do horror das suas artimanhas. O que nos recoloca no ponto inicial desta demanda. Porquê aquelas janelas rasgadas sobre a cidade, sempre plúmbea e suja, decrépita e nauseabunda? Nas ruas medra a injustiça e a impunidade do temível Juiz e dos seus sequazes, no interior da gaiola onde a vingança e o ódio aprisionaram Sweeney Todd germina a violência mais brutal e os horrores inauditos. Venha o diabo e escolha, e se não se sabe o passado do “Juiz”, descortina-se o do barbeiro para justificar tão funesta senha assassina. Portanto justificações psicológicas que vamos encontrar para perceber a mudança de comportamento do diurno Benjamin Baker, agora nocturno Sweeney Todd. Olhos cavados, escondidos no negrume da paixão mais funesta, cabelos cortados por uma madeixa de branco terror, e nas mãos a navalha que o completa e o identifica, qual “Eduardo Mãos de Tesoura”, sem a inocência deste (ou com a inocência deste vilipendiada pelo Mal do mundo). Digamos que Sweeney Todd é o prolongamento, sob a forma de vingança, de “Edward Scissorhands”). O que nos leva a pensar se aquela gaiola, donde espreita um pássaro aprisionado na dor, apontando aos céus a sua navalha, e que nós, espectadores privilegiados, espiamos do céu (ou do alto de uma grua, para se ser mais prosaico!) a cada novo movimento da lâmina ou a cada novo pensamento do executor, não será o Íntimo de cada ser possuído pela destemperança da violência e pelo gosto mórbido de olhar o gotejar do sangue (fabulosamente descrito nesse genérico inicial que desde logo define o cenário e o pulsar desta obra). Aquela barbearia será pois o coração de um ser destruído pela sociedade que o rodeia (e que, posteriormente, ele próprio irá destruir, num movimento mimético, repetido até à saciedade). Será o inconsciente mais secreto que se revela na sua brutalidade mais terrível. Será o que dentro de cada um de nós jaz adormecido e uma injustiça feroz pode acordar e despoletar para o horror. Será o que transforma uns olhos puros nuns outros raiados de cólera.<br />Sem dúvida que este é um dos melhores filmes fantásticos dos últimos anos, um dos mais conseguidos de Tim Burton (que os “consegue” todos, apenas uns mais do que outros), e um dos mais inquietantes deste período particularmente negro da história da Humanidade (de que a obra se faz testemunho e manifesto). Falar do musical (ou da ópera, porque não?) é simplesmente repetir que se trata de um dos mais brilhantes trabalhos de um mestre exigente e pouco dado a concessões, Stephen Sondheim. Mas Tim Burton acrescenta-lhe um universo plástico arrebatador. A Londres vitoriana idealizada pelo italiano Dante Ferretti é impressionante no seu realismo estilizado (o que pode parecer contraditório, e não é: por vezes o mais construído pode ser o mais real). A fotografia de Dariusz Wolski é igualmente poderosa no predomínio de tons soturnos, mas de um requintado gosto (relembra as inspiradoras tartes que, ao que se julga, sabem tão bem, mas encobrem ignominias inconfessáveis). Entre os intérpretes, que são também cantores (com maior ou menor vocação, mas com igual vontade de acertar em registos muito pessoais, que conferem uma curiosidade especial), há um fabuloso Johnny Depp, uma desconcertante Helena Bonham Carter, um majestoso e pérfido Alan Rickman, um mesquinho e rasteiro Timothy Spall, um surpreendente Sacha Baron Cohen. Todos magníficos.<br />Tim Burton executa, com rápidos e certeiros movimentos, uma realização brilhante, uma montagem galvanizante, uma narrativa galopante de abominação e tingida de sangue, um golpe de mestre. Uma navalhada que corta a história do fantástico num ante e num depois de “Sweeney Todd”. O fantástico cinematográfico tem, felizmente, muitas navalhadas destas ao longo da história, mas é sempre agradável acrescentar mais uma.<br /><br /><span style="font-size:78%;">SWEENEY TODD: O TERRÍVEL BARBEIRO DE FLEET STREET<br />Titulo original: Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street<br />Director: Tim Burton (Inglaterra, EUA, 2007); Argumento: John Logan, segundo musical de Stephen Sondheim e Hugh Wheeler, e adapatção musical de Christopher Bond; Música: Stephen Sondheim (do musical "Sweeney Todd"); Maestro: Paul Gemignani; Música adicional: Alex Heffes; Supervisor de montagem musical: Michael Higham; Orquestrador: Jonathan Tunick; Fotografia (cor): Dariusz Wolski; Montagem: Chris Lebenzon; Casting: Susie Figgis; Design de produção: Dante Ferretti; Decoração: Francesca Lo Schiavo; Guarda-roupa: Colleen Atwood; Maquilhagem: Nana Fischer, Paul Gooch, Claire Green, Ve Neill, Peter Owen, Neal Scanlan, Olivier Seyfrid, Tristan Versluis; Direcção de produção: Nikki Penny; Assistentes de realização: Katterli Frauenfelder, Toby Hefferman, Bryn Lawrence; Departamento de arte: Gary Freeman, Sally Ross, Dominic Sikking; Som: Steve Boeddeker; Efeitos especiais: Jody Eltham, Jason Leinster; Efeitos visuais: Nikki Penny, Paul Alexiou, Daniel Barrow, Graham Cristie, Paul Driver, Chas Jarrett, Drew Jones, Jamshed Soori, Gemma Thompson; Produção: John Logan, Laurie MacDonald, Walter F. Parkes, Richard D. Zanuck, Katterli Frauenfelder, Derek Frey, Patrick McCormick; Companhias de produção DreamWorks SKG, Film IT, Parkes/MacDonald Productions, Warner Bros. Pictures., The Zanuck Company.<br />Intérpretes: Johnny Depp (Sweeney Todd), Helena Bonham Carter (Mrs. Lovett), Alan Rickman (Juiz Turpin), Timothy Spall (Beadle Bamford), Sacha Baron Cohen (Signor Adolfo Pirelli), Jamie Campbell Bower (Anthony Hope), Laura Michelle Kelly (mulher), Jayne Wisener (Johanna), Ed Sanders (Toby), Gracie May, Ava May, Gabriella Freeman, Jody Halse, Aron Paramor, Lee Whitlock, Nick Haverson, Mandy Holliday, Colin Higgins, John Paton, Graham Bohea, Daniel Lusardi, Ian McLarnon, Phill Woodfine, Toby Hefferman, Charlotte Child, Kira Woolman, Helen Slaymaker, Jess Murphy, Nicholas Hewetson, Adam Roach, Marcus Cunningham, David McKail, Philip Philmar, Gemma Grey, Sue Maund, Emma Hewitt, Buck Holland, Peter Mountain, Harry Taylor, Stephen Ashfield, Jerry Judge, Norman Campbell Rees, Jonathan Williams, William Oxborrow, Tom Pleydell-Pearce, Laura Sanchez, Johnson Willis, Jon-Paul Hevey, Liza Sadovy, Jane Fowler, Gaye Brown, Anthony Head, etc.<br />Duração: 116 minutos; Classificação etária: M/ 16 anos; Distribuição em Portugal: Columbia TriStar Warner; Locais de filmagem: Pinewood Studios, Iver Heath, Buckinghamshire, Inglaterra; Data de estreia: 31de Janeiro de 2008 (Portugal).</span></strong></span><strong><span style="font-size:78%;"> </span></strong></div>Lauro Antóniohttp://www.blogger.com/profile/10809594794377056368noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-3185806700083356646.post-88104398001234266752008-02-14T01:40:00.001+00:002008-02-14T02:22:09.869+00:00SWEENEY TODD, 2<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirKMx6D62c6mGyE5jBdB4RT1vTcXhJd2VGxVZAkzR048GmycFAre-vvxAtyXEXEg46TlISE6UxBJkPMYYRBiYp0NMkrysyNOyfb7vuV2VgUiaTq2ybA7oyOUvrfieKoTp1WCle373c6VM/s1600-h/Geary_Theatre-1.jpg"></a></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6d9lTVtgpS-ltJBA2PM-oNKdR-TA56ZxaW6zRo0LScT2QewS5WQDyruf_YSyDGSVFAHrsThUT89RU2e5rp9SaphyphenhyphenB4XwZcNxDxjy7ndqkZ3pOaUz1lTnSpHIw5EF7SSqNs4RbJ4gTmPI/s1600-h/cover.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5163682186616408194" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6d9lTVtgpS-ltJBA2PM-oNKdR-TA56ZxaW6zRo0LScT2QewS5WQDyruf_YSyDGSVFAHrsThUT89RU2e5rp9SaphyphenhyphenB4XwZcNxDxjy7ndqkZ3pOaUz1lTnSpHIw5EF7SSqNs4RbJ4gTmPI/s400/cover.jpg" border="0" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiC2M2IjyvDYQJoRJFy1w26d8mYf7WlHaQTdr-9VNZ01iTBXsYxR6jxqcWP8wrRHoAqp-hTs4VnoRVliQiJaZalBr2eu2CYN0eZNv7vS1bggr-j4H15xZJT36mVL3FJe8IK5AySG10S1lc/s1600-h/f03.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5163682186616408210" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiC2M2IjyvDYQJoRJFy1w26d8mYf7WlHaQTdr-9VNZ01iTBXsYxR6jxqcWP8wrRHoAqp-hTs4VnoRVliQiJaZalBr2eu2CYN0eZNv7vS1bggr-j4H15xZJT36mVL3FJe8IK5AySG10S1lc/s400/f03.jpg" border="0" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6OASsnhGuYNQVFk86H4-BZ2q1xkw4YUYJsbJroEam-ezv9Rqhur3jYwuImLgFXj0J4xxP3dLcNiIiFkt-l-Fo-DokmBUY-z3LiaIqhSf-bsvSg1pFDqUZS9OUeUKL3BtQY-wmhY0D-nI/s1600-h/jpg00023.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5163682195206342818" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6OASsnhGuYNQVFk86H4-BZ2q1xkw4YUYJsbJroEam-ezv9Rqhur3jYwuImLgFXj0J4xxP3dLcNiIiFkt-l-Fo-DokmBUY-z3LiaIqhSf-bsvSg1pFDqUZS9OUeUKL3BtQY-wmhY0D-nI/s400/jpg00023.jpg" border="0" /></a><br /><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5163682178026473570" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFU85nMWgMusdlMrUtGf-v92o1bE0tRAuAQ4D1RL9KQ9iccnxDF5HchHi3iPLhZeH5Itcysv_pqPzy3kSWew0_shebp09bY0NjFBfcuE0zW20zoSDnoXRideyNS1d_ZxrlOksTW5fI8rI/s400/51K14u7dC9L__SS500_.jpg" border="0" /> <p align="center"><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:180%;color:#999999;"><strong>“SWEENEY TODD” </strong></span></p><p align="center"><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:180%;color:#999999;"><strong>NA LITERATURA E NO TEATRO</strong></span></p><p align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"><strong>“Sweeney Todd or The String of Pearls” aparece entre 1846 e 1847, como romance de cordel, distribuído ao longo de dezoito semanas, nas ruas de Londres. Fala da história macabra de um barbeiro de nome Sweeney Todd, que assassinava as suas vítimas à navalhada, sendo a carne das mesmas aproveitada para saborosas empadas. A tradução deste romance popular apareceu agora numa colecção de “Clássicos” da Europa América e é absolutamente excessivo classificar de “clássica” esta historieta não muito bem escrita nem sequer muito desenvolvida. Nada a ver com os grandes “clássicos” do terror gótico, do melhor policial inglês, sequer aproximar-se da melhor literatura vitoriana inglesa. De resto, “Sweeney Todd, o Terrível Barbeiro de Fleet Street” surge como sendo de autor anónimo, quando na contra capa da edição portuguesa se anuncia que o seu autor foi um tal Edward Lloyd, “o rei dos folhetins “penny dreadful”. Ora tudo indica que, no máximo, Edward Lloyd tenha sido apenas o editor. </p><div align="justify">Veja-se a referência biográfica: Edward Lloyd nasceu Thornton Heath, Surrey a 16 de Fevereiro de 1815. Ainda jovem, abriu uma loja em Shoreditch onde vendia jornais e livros, começando pouco depois a editar as suas próprias publicações, como “Pickwickian Songster” ou “Ethiopian Song Book”. Em 1842 começou lançou “Lloyd's Penny Weekly Miscellany”, e mais tarde “Lloyd's Illustrated London Newspaper”, que rivalizava com o popular “Illustrated London News”. Juntou-se ao jornalista Douglas Jerrold em 1852, e, pouco depois, a Blanchard Jerrold, o filho, criando o “Lloyd's Weekly”. Em 1876 Lloyd comprava o “Daily Chronicle” por 30,000 libras e tornou-o o primeiro diário londrino. Morreu a 8 de Abril de 1890. </div><div align="justify"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5163682792206797026" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDnRtdctGGOXCAUL62_u93NAIvzTK3as7Wu2BhbKxLUj-nL4gmH82LTdpmlrrUyfX16K-KEcEetx-DgoxG0TqBeuXx-qbQ1Kah-6GbK6-Y3_9gjbTPGwrbEr50_fyQJyLhXEps92i3ChA/s400/Sweeney2.jpg" border="0" />Não consta que tenha escrito “Sweeney Todd”, mas poderá tê-lo publicado. O autor, no entanto, foi Thomas Peckett Prest (1810-1859), escritor de "penny dreadfuls", termo que já aqui surge pela segunda vez e que convém saber do que se trata. “Penny Dreadful” foi a designação por que ficaram conhecidas as publicações inglesas de século XIX, editadas em série, normalmente em semanas sucessivas, cada folhetim custando um “penny”, e contando uma mesma história sensacionalista, de suspense, terror ou policial que iam procurando manter o leitor interessado de episódio para episódio. Conta-se que estas revistas de papel barato e preço módico interessavam às classes trabalhadoras e aos jovens, particularmente aos rapazes (há evidência, diz a fonte donde recolhemos as informações, que as raparigas também as consumiam). A "penny dreadfuls" que tinha por título "The String of Pearls: A Romance", terá, no entanto, sido publicada pela primeira vez no “The People's Periodical”, número 7, de 21 de Novembro 21 de 1846.<br />Voltando a Thomas Peckett Prest, este não é nome a desprezar. É conhecido por uma obra que dizem estar na base do “Drácula”, de Bram Stocker, “Varney, the Vampire”, e por ter criado "Sweeney Todd," o diabólico barbeiro, que mais tarde Stephen Sondheim iria popularizar num musical. Mas este musical não iria beber directamente a Prest, já que o folhetim deste daria origem a um melodrama teatral em 1847, da autoria de George Dibden Pitt, que, por sua vez, estaria na base de uma peça de teatro de Christopher Bond, que serviria de base ao libreto de Hugh Wheeler, que inspirou música e letra de canções de Stephen Sondheim. </div><div align="justify"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5163682783616862402" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrsTtBC19bHMgnISUKEt4Qdb2nwGt8nzJ7TCNcGRLH2WbZuNq5X-Y_pkXpTbvZRW6sFI0zpl4BkfzBao_DCSOjxJcEMkixgbaAvESbADRGW85ONowJxT6B_YbGELlDuJdq1_6v3Do0MFA/s400/Matheson%2520Bayley%2520as%2520Pirelli%2520in%2520Sweeney%2520Todd.jpg" border="0" />George Dibden Pitt, dramaturgo de sucesso, re-intitulou o estranho caso de Sweeney Todd: “The String of Pearls: The Fiend of Fleet Street” (mas há quem afirme que o novo título foi logo “Sweeney Todd the Demon Barber of Fleet Street”), anuncia-o "Founded on Fact", ambienta-o no reinado de Jorge II (fim do século XVIII) e estreia a peça no dia 1 de Março de 1847, no Britannia Theatre, em Hoxton, uma sala de teatro que era carinhosamente chamada "bloodbath" por se ter especializado em melodramas sensacionalistas, com muito sangue a correr do palco para a plateia. Numa Inglaterra vitoriana, “Sweeney Todd” encaixava a matar.<br />Quanto à peça de 1973, da autoria do dramaturgo inglês Christopher Bond e intitulada unicamente “Sweeney Todd”, merece um comentário extra, pois foi nela que pela primeira vez Sweeney Todd era um pseudónimo para um barbeiro de nome Benjamin Barker que, pela primeira vez também, não executava os seus clientes por pura maldade, mas por vingança, pois tinha sido injustamente condenado a quinze anos de degredo na Austrália, por crimes que não cometera. Afastado da mulher e da filha, Benjamin Barker não pensa em mais nada senão na vingança, sobretudo no momento em que terá à sua mercê a garganta do juiz que o enviou para tão longo e pesado exílio. A personagem ganha uma nova complexidade psicológica e o “mito urbano” actualiza-se. Não esquecer que 1973 vem pouco depois da explosão justicialista de 1968. </div><div align="justify"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5163682783616862418" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwJ3ae9Fiy1elmK42gR_KUMCWEeX8N3wQfo7347-2JBz-Tp1ZLRGmjMXs0EIwkIamH5pNxOpxwiLwBshgQMylPDEJ74B-3IPAKTWFMHKaBT4_jcVmInzKNVwZml67RzPXHRMXYsMFk6Ng/s400/pre_swt_014.jpg" border="0" />Toda a genealogia literária de “Sweeny Todd” fica assim explicada? Nem por isso. Muito fica na sombra. Foi Sweeney Todd uma invenção de inspirados escritores ingleses de textos góticos? No século XIV em França já se falava de um temível barbeiro que golpeava com mão de mestre os pescoços dos seus clientes e envia a carne dos cadáveres para enchido de iguarias sob a forma de empadas. Diz um texto de Vladimiro Nunes (semanário “Sol”, 2.2.2008) que “nessa época as mães francesas cantavam aos filhos indisciplinados uma balada que descrevia os crimes macabros do inquilino do número 24 da Rue des Marmouzets, em Paris. Quase 400 anos depois, em 1825, a revista “The Tell-Tall Magazine” publicou uma história em tudo semelhante, alegadamente recolhida nos arquivos da Polícia Francesa.”<br />Deixando de lado a propriedade pedagógica das mães francesas, assalta-nos a dúvida: terá existido em França ou Inglaterra, na Rue des Marmouzets (ou terá sido na Rue de la Harpe, como a Wikipedia assinala?) ou em Fleet Street, um “serial killer” barbeiro que não deixaria tranquilos os seus estimados clientes no acto de aplanar a barba e/ou o cabelo, preferindo-lhe a remoção integral do pescoço? No mesmo artigo do semanário “Sol” afirma-se que, numa obra de 1993, “o historiador de crimes Peter Haining defende que Todd matou mesmo 160 pessoas ao longo de 17anos e que acabou enforcado em 1802, aos 45 anos.” Peter Haining escreveu mesmo duas obras sobre a personagem: “The Mystery and Horrible Murders of Sweeney Todd, The Demon Barber of Fleet Street”. Ed. F. Muller (1979), e “Sweeney Todd: The Real Story of the Demon Barber of Fleet Street”, ed. Boxtree. BBC Press Office (1993). Outras obras a ter em conta serão as de Robert L. Mack, “Sweeney Todd”, Ed. Oxford University Press (2007) ou “The Wonderful and Surprising History of Sweeney Todd”, Ed. Continuum International Publishing Group (2008). </div><div align="justify"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5163682792206797042" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgo1Upm5DXs0VMBG_Oyf6VZPMkIjn40hU8s5JNBKXAXAmysJRBz_oY5keEnk_obG6ovGlXmwXix7KNWanI6uYoUY5c9Hoxln3KMveU9PLrPg1-NDsa2ir3ikqQp2Nql6ubPR08q4E53hV4/s400/SWEENEY_TODD_9810D.jpg" border="0" />Voltando ao teatro, diga-se que Portugal (melhor dizendo, Lisboa) teve direito a duas versões deste musical, ambas da responsabilidade de João Lourenço, encenação, e João Paulo Santos, condução de orquestra. “Sweeney Todd, o Terrível Barbeiro de Fleet Street” teve uma primeira montagem no Teatro Nacional de S. Maria II, em 1997, com Jorge Vaz de Carvalho como Sweeney Todd e Helena Afonso como Mrs. Lovett, além de Pedro Cheves, Helena Vieira, António Wagner Diniz, Carlos Guilherme, Anãs Ferraz, Henrique Feist, Luís Castanheira, Roberto Candeias, etc. Magnifica versão, diga-se, vi e posso comprovar. Uma das grandes noites de teatro em Portugal. </div><br /><br /><div align="justify"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5163682182321440882" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjv_u26f3J08XhKi8wi9Ey_9BzcemMNIvfPS6VH3DLMTgztyfOb8P5AkLtAKk9gPhBWhCiDJK2DvbgxrC-u5AoOfc6fczs-aWK-91fQ85X2i0Ug7mY4qfNDomdfjO94Lyy5LFQD7jUELCI/s400/Cartaz_Sweeney_Todd.jpg" border="0" />A segunda versão nacional apareceu em finais de 2007, no Teatro Aberto, interpretada desta feita por Mário Redondo, na personagem de Sweeney Todd, e Ana Ester Neves, na de Mrs. Lovett. Infelizmente não vi, mas calculo que tenha tido qualidade idêntica à anterior. Não seria de reprisar, agora que surgiu o filme, e muitos gostriam certamente de comparar?<br />Para mais informação sobre o musical, as diferentes representações e a obra de Shondeim, veja o site </strong></span><a href="http://www.sondheimguide.com/"><span style="font-family:trebuchet ms;"><strong>www.sondheimguide.com</strong></span></a></div>Lauro Antóniohttp://www.blogger.com/profile/10809594794377056368noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3185806700083356646.post-75971071442495846492008-02-14T01:17:00.001+00:002008-02-14T02:22:18.524+00:00SWEENEY TODD, 3<div align="center"><strong><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:180%;color:#990000;">"SWEENEY TODD":</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:180%;color:#990000;">CARTAZES À ALTURA DO FILME</span></strong><br /></div><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5163369869479544866" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhztjt-NqiWn2-N-KNK9qdOBe51WB6yIqneJYrM9mtaOxuo6t5_LNHMn9ihXzIBtbKXD_KdvTHOEuJzgPhIxZNpfQdB_xWgYzoxc_PiCbZn6I1Qkbafu9bpEmiqX9D6vLQhDu6VwSHRvpE/s400/poster6.jpg" border="0" /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjS8Y53jzoemSs404P02-h4PbA01-FUPn4JywXYfE6znZFdkjiNsSBTMFQXl8QBmaIQ3cI5VrwXzNLzHqRvu8d0aUiIOi2t1dDX6DcW3VkXvo-QLYdUHfPFgAwhRmFE95vBP7ACz_CAgkk/s1600-h/poster7.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5163369869479544882" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjS8Y53jzoemSs404P02-h4PbA01-FUPn4JywXYfE6znZFdkjiNsSBTMFQXl8QBmaIQ3cI5VrwXzNLzHqRvu8d0aUiIOi2t1dDX6DcW3VkXvo-QLYdUHfPFgAwhRmFE95vBP7ACz_CAgkk/s400/poster7.jpg" border="0" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlRjl7XGqtTtPSzKIpRFtdMlJSv49b0O_C6Cnip1TRikmdU0mMaBXllx9ZwqkQ-O_uSgVYgCx1AF0-tOJnSjuF6mrCrDNtO0m-XYVb0XEYLiLsAtzn4waD9m7flx8jxZ591wmZLIHFLEA/s1600-h/poster9.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5163369873774512194" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlRjl7XGqtTtPSzKIpRFtdMlJSv49b0O_C6Cnip1TRikmdU0mMaBXllx9ZwqkQ-O_uSgVYgCx1AF0-tOJnSjuF6mrCrDNtO0m-XYVb0XEYLiLsAtzn4waD9m7flx8jxZ591wmZLIHFLEA/s400/poster9.jpg" border="0" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-gLwvznH_xfPD6_DfnXbeZJFoacBkNGA04U0nL8RNJIQXM24NX5d3TNMdr-b_Yf3xZN_LVu6tJktfgtsnKOC9ak4Gno8W4vR6VQxFgKrHq-rvM_9hKBk2JyRh4_cBA-u-cwvPfvXQ8x8/s1600-h/poster8.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5163369882364446802" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-gLwvznH_xfPD6_DfnXbeZJFoacBkNGA04U0nL8RNJIQXM24NX5d3TNMdr-b_Yf3xZN_LVu6tJktfgtsnKOC9ak4Gno8W4vR6VQxFgKrHq-rvM_9hKBk2JyRh4_cBA-u-cwvPfvXQ8x8/s400/poster8.jpg" border="0" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEim1F2SHpVL7vsRdV7WDwcyZv25zteJEkeaLmsl6ne0t57A1IjaVOzGnOcLeAtrqGgYvPT6iGQs4fTyodCYLlE1JtB35A_3l6gybeTqHVY30FADir6IzMGGUYPXmuyIh-ODj7KF2-7dMwg/s1600-h/poster1.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5163369182284777426" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEim1F2SHpVL7vsRdV7WDwcyZv25zteJEkeaLmsl6ne0t57A1IjaVOzGnOcLeAtrqGgYvPT6iGQs4fTyodCYLlE1JtB35A_3l6gybeTqHVY30FADir6IzMGGUYPXmuyIh-ODj7KF2-7dMwg/s400/poster1.jpg" border="0" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMX8hAS0paEFd_B1Yor_FTLlErsfTE2tVWw6x-hT36Jdl6VTuLmoleQqMkIInj1ubX_4CbSfrsRDYFTVlCd9jzbWlwP8WR86gIwtX5BKoKPuz_ICWethc4KcMeJ1VgXEMvweFiCyIfCPs/s1600-h/poster2.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5163369195169679330" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMX8hAS0paEFd_B1Yor_FTLlErsfTE2tVWw6x-hT36Jdl6VTuLmoleQqMkIInj1ubX_4CbSfrsRDYFTVlCd9jzbWlwP8WR86gIwtX5BKoKPuz_ICWethc4KcMeJ1VgXEMvweFiCyIfCPs/s400/poster2.jpg" border="0" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2l27WYr0_OCeGiZs2G8Q2cRrGgzpqM4gXsudLkcrFufpGHSrbPqq_oVUb37cuyxkZJd4VAM6CIDOwzE9zf0HJyMFtkKgmwp9-xch-L7osm4qqe7eZyxl_ZOqj8HFZTeSsdZC1i9oTVyQ/s1600-h/poster3.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5163369195169679346" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2l27WYr0_OCeGiZs2G8Q2cRrGgzpqM4gXsudLkcrFufpGHSrbPqq_oVUb37cuyxkZJd4VAM6CIDOwzE9zf0HJyMFtkKgmwp9-xch-L7osm4qqe7eZyxl_ZOqj8HFZTeSsdZC1i9oTVyQ/s400/poster3.jpg" border="0" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKhnWIf6mZ7TrHklZxfgvQyOtm72lZBUD-6AZ8MJt_SpHY6BhIpCkIxENyXf-AfwBXq6umc2UDhHKUKaJhYuLD3qhfCep9JAv8J6Rs4IWltscqmxfKm_3yS56N9R-xsrn28-KmyqkqfPs/s1600-h/poster5.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5163369199464646658" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKhnWIf6mZ7TrHklZxfgvQyOtm72lZBUD-6AZ8MJt_SpHY6BhIpCkIxENyXf-AfwBXq6umc2UDhHKUKaJhYuLD3qhfCep9JAv8J6Rs4IWltscqmxfKm_3yS56N9R-xsrn28-KmyqkqfPs/s400/poster5.jpg" border="0" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFBPq15U94uD_qqfwjqfODllc2hjR3ftFLgFM_ovZ0uxIqFrHX8ipEd6RcJNNzMDpZI-Q21QRAL8TwZ3ZQW7h5KzEwTObSzzd5Wsw-9XxCFMIVW2M8AOGhBn_1cUQsRnGi-fJA5rcEmiE/s1600-h/poster4.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5163369225234450450" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFBPq15U94uD_qqfwjqfODllc2hjR3ftFLgFM_ovZ0uxIqFrHX8ipEd6RcJNNzMDpZI-Q21QRAL8TwZ3ZQW7h5KzEwTObSzzd5Wsw-9XxCFMIVW2M8AOGhBn_1cUQsRnGi-fJA5rcEmiE/s400/poster4.jpg" border="0" /></a>Lauro Antóniohttp://www.blogger.com/profile/10809594794377056368noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3185806700083356646.post-84005901577388377082008-02-11T03:11:00.001+00:002008-02-11T03:14:38.041+00:00EM HOMENAGEM<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLHL3dmk1Cl8w0f58UsvIA28NegaHKLE4WtHNATbqo_2PZdba8jwCvMYOqLC_RUkNEjhJiSr7HeJ0FT6EYcVw1tqHGTDY9d3PnZ31lakMv2Bbf4WyGTh9cLEWdlJ8gO5hP84PaRTBqJZof/s1600-h/nosferatu2.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5165555554516547122" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLHL3dmk1Cl8w0f58UsvIA28NegaHKLE4WtHNATbqo_2PZdba8jwCvMYOqLC_RUkNEjhJiSr7HeJ0FT6EYcVw1tqHGTDY9d3PnZ31lakMv2Bbf4WyGTh9cLEWdlJ8gO5hP84PaRTBqJZof/s400/nosferatu2.jpg" border="0" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNYXdC9IlbcxVy-sJljcIqrNxSpqYh0VLE_-hU1UDkar42S-t25eRmnQjrsbFmIeE_Mo4TL-I-zfx1UdaIEUCuE0o-6iactvPo1QjS3fbh-iGagSKE126gIwwZzZSRkSaBlBMJrqDPLipU/s1600-h/Frankenstein-vi.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5165555558811514434" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNYXdC9IlbcxVy-sJljcIqrNxSpqYh0VLE_-hU1UDkar42S-t25eRmnQjrsbFmIeE_Mo4TL-I-zfx1UdaIEUCuE0o-6iactvPo1QjS3fbh-iGagSKE126gIwwZzZSRkSaBlBMJrqDPLipU/s400/Frankenstein-vi.jpg" border="0" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjirt7zn_cXSWl9spO9j2J30VWSlpHo-0HCF33GKSediAW0Qmw8EQBjcxsy8dShuUlfuwk4gi8NxVmB2J5SyLgdo0YJhcQ64U0GQBHJSn5AkHsgn-n87Umhq-3Zryo_2DCj5_s2b5vs7zmd/s1600-h/draculprid.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5165555567401449042" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjirt7zn_cXSWl9spO9j2J30VWSlpHo-0HCF33GKSediAW0Qmw8EQBjcxsy8dShuUlfuwk4gi8NxVmB2J5SyLgdo0YJhcQ64U0GQBHJSn5AkHsgn-n87Umhq-3Zryo_2DCj5_s2b5vs7zmd/s400/draculprid.jpg" border="0" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuejB1G9XknTPMoPAWKVh8Uyy4bzKmxJwoobfTdZQuDdXSu4h9NVdE-QJG6Exq0VwCtkUsPxN9eDcSRNT0OWjDnq_O3d8umLEDWjDZROVkTDWrCTCBZp3g3fCQbt9UIbtV28EAp3mm6W_9/s1600-h/dracula-1958.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5165555567401449058" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuejB1G9XknTPMoPAWKVh8Uyy4bzKmxJwoobfTdZQuDdXSu4h9NVdE-QJG6Exq0VwCtkUsPxN9eDcSRNT0OWjDnq_O3d8umLEDWjDZROVkTDWrCTCBZp3g3fCQbt9UIbtV28EAp3mm6W_9/s400/dracula-1958.jpg" border="0" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiE5Kt8YYus69tQTFz1LMNQ4tuujyJKlcFxoGcYjMwrYxODhyEk_dhbC8vWJmq7jzjwtoODhdcE1Z9XUItMslVa64fL-F_Eii-fI9NENAAdqKGXjFoCjdcSG3Kchgpfa_Ii5-v2AABV9gDD/s1600-h/mr+hide.bmp"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5165555571696416370" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiE5Kt8YYus69tQTFz1LMNQ4tuujyJKlcFxoGcYjMwrYxODhyEk_dhbC8vWJmq7jzjwtoODhdcE1Z9XUItMslVa64fL-F_Eii-fI9NENAAdqKGXjFoCjdcSG3Kchgpfa_Ii5-v2AABV9gDD/s400/mr+hide.bmp" border="0" /></a><br /><div align="center"><span style="font-family:verdana;"><strong>Em jeito de homenagem e de declaração de principios</strong></span></div>Lauro Antóniohttp://www.blogger.com/profile/10809594794377056368noreply@blogger.com2